A carta

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Capítulo Dezenove


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ㅤㅤDraco jamais imaginara que sentiria tamanha falta de alguém como naquele momento. Às vezes, sentia saudades de sua mãe Narcisa, quando ele estava em Hogwarts, mas não era algo frequente. Sentia falta apenas dos dias em que ela lhe acariciava os cabelos ou ambos compartilhavam um chá da tarde.

Raramente sentia falta de seu pai Lucius, pois ele sempre atribuía a Draco afazeres rigorosos e, raramente saíam juntos, exceto para reuniões tediosas com bruxos abastados, com o dobro da idade de Draco. Na infância, o loiro detestava esses compromissos, agora até conseguia suportá-los, embora ainda achasse tudo um tanto monótono.

Seus avós maternos também pouco despertavam-lhe saudades profundas. Sua avó Druella, uma mulher de cabelos loiros e sangue puro, reconhecida por seu semblante sempre carrancudo, era a própria definição de crueldade. Infernizava a vida de seus empregados e de todos que considerava inferiores a ela.

Draco a temia, respondendo-lhe apenas quando era estritamente necessário. No entanto, ela demonstrava um amor distorcido pelo neto, paparicando-o sempre que o mesmo visitava-a, enchendo o pequeno Malfoy de presentes. Draco adorava o tratamento que recebia, embora soubesse que para ela, era mais como um sentimento de orgulho do que amor Storge. Como se Draco fosse um diamante cintilante exposto em uma vitrine, um mero objeto para exibir poder e orgulho diante dos outros na sociedade bruxa. O rapaz era constantemente lembrado de seu status e prestígio, um herdeiro dos Malfoy, e essa reverência se traduzia em uma adulação incessante.

A maneira como sua avó Druella o mimava era um reflexo claro desse sentimento. Não só o cercava de presentes luxuosos, roupas de alta-costura e joias raras tentando compensar sua frieza, como também impunhava diversas regras de etiqueta. Para ela, Draco era um símbolo de seu legado, algo a ser venerado e exibido. Então, o rapaz tinha que se impecável em todos os aspectos possíveis.

Draco nem sequer tinha uma conexão com ela. Também não gostasse muito da maneira como sua avó tratava os outros. Várias vezes enquanto a via torturar um empregado, tentava justificar para si mesmo que era uma questão de sangue, e que, aquilo era o certo a se fazer. No entanto, não aguentava ver a cena por longos minutos e sempre tinha que desviar o olhar ou fingir um sorriso sórdido quando sua avó o observava.

Já os avós paternos, esses eram ainda piores. Draco quando criança frequentemente inventava desculpas para evitar encontrá-los. Os avós pareciam saber que não era tão bem-vindos mas, não faziam tanta questão do neto de qualquer forma.

Agora, Draco sentia realmente uma falta avassaladora, um vazio constante que tornava sua existência insuportável. Tudo o que conseguira pensar era: "Como seria divertido implicar com Potter". Ou: "Como seria incrível beijá-lo". Ou até mesmo: "Será que Potter sente minha falta também, nem que seja um pouco?"

Nem ele mesmo conseguia entender porque sua vida parecia sempre girar em torno do grifinório. O maldito Potter era como a droga do seu próprio sol, iluminando tudo em Draco, com aquele sorriso insuportavelmente heroico.

Draco bufou, aconchegando-se ainda mais nos lençóis macios de seda, em seu quarto na mansão Malfoy. Seus dedos estavam cruzados atrás da cabeça enquanto murmurava um insulto para Potter e pensava na última conversa que tiveram. Passara todo o verão com uma expressão fechada, inquieto. Também observava atentamente seu pai Lucius. Queria interrogá-lo sobre o que Potter dissera da última vez que se viram, mas não se permitia fazê-lo.

November Rain • DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora