Paredes têm ouvidos

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Capítulo Dezoito
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ㅤㅤOs olhos esverdeados brilhavam ainda mais por conta das lágrimas que agora insistiam em cair e deslizar sobre as bochechas do garoto. As mãos tremiam enquanto segurava o corpo maior e frio sobre seus braços. O peito do lufano estava impregnado pelo suor e lágrimas salgadas.

"Ele voltou! Voldemort voltou!", gritava o grifinório entre soluços, sua voz carregada de tristeza e desespero, recusava-se a largar Cedric mesmo com as ordens do diretor de Hogwarts, até que em um momento Moody conseguiu arrancar o garoto de cima do lufano e arrastar-lo para longe.

Malfoy não conseguia tirar aquela cena de sua mente. Repetia aquela imagem de Potter aos prantos todos os dias, durante um mês que havia se passado desde a terceira prova e a morte de Diggory. Tudo aconteceu muito rápido. Em um momento estavam todos ansiosos para saber quem era o vencedor do Tribruxo, no outro, já estavam preparando o corpo de Diggory para o sepultamento. O clima do castelo era lúgubre desde então.

Malfoy também não havia visto Potter desde aquela noite. No dia, tomado pelo pavor, ele correu em direção ao garoto para socorrer-lo, mas quando estava perto de alcança-lo já dentro do castelo, professor Moody disfarçadamente conjurou um feitiço para fechar as portas atrás de si e impedir que Malfoy conseguisse chegar perto.

Descobriu-se que Alastor Moody era na verdade o filho de Bartemius Crouch, o Barty Jr, um dos adeptos do Lorde das Trevas que usava a poção polissuco para se manter na escola se passando por professor e foi ele quem colocou o nome de Potter no cálice de fogo, tudo parte de um plano para trazer Voldemort de volta.

Potter durante um mês não foi visto por quase ninguém além dos professores e dos seus dois amigos, Hermione e Ron. Ele esteve durante todo o tempo na ala hospitalar para se recuperar de seus ferimentos e do trauma, embora Draco pensasse agora que nunca alguém poderia ser capaz de se curar de presenciar a cena de um companheiro morrer por sua causa.

"Parece que falta alguma coisa", pensou Malfoy soltando um suspiro profundo. "Sinto o meu coração despedaçado, mas ainda não sei o porquê, acho que essa é mais uma daquelas vezes em que eu deveria fazer algo a respeito, mas não faço."

O loiro pensava enquanto observava atentamente o fogo crepitante dançar sobre a lareira. Ele estava sentado no sofá aconchegante da sala comunal da sonserina, sozinho, enquanto todos os outros alunos estavam no salão principal para o jantar. Malfoy não sentia fome hoje. Na verdade, durante todo o mês raramente descia para o salão principal para se alimentar, ele preferia comer no quarto ou morder no máximo uma maçã verde com suco de abóbora e sair apressadamente para ficar na biblioteca ou jardim.

Ninguém questionava isso, já que vários outros alunos passavam pelo mesmo também. Professores acreditavam que os alunos mal comiam por causa do clima sortuno do castelo com à morte de um aluno. Não estavam enganados, era óbvio que era por isso. Embora para Draco fosse um pouco diferente. Ele não era próximo de Cedric, só tinha torcido antes pelo lufano porque este era um dos campeões do Tribruxo, e o loiro só fez isso porque queria chatear os grifinórios, e principalmente, Potter. Fora isso, ele nunca se incomodou ou se importou com o lufano antes.

Agora, Draco até sentia empatia pelo garoto falecido e pelos Diggorys que perderam seu amado filho. Porém, era muito mais do que só o luto que o atormentava. Sua angústia estava direcionada no outro garoto.

O loiro somente saiu de sua elucubração e solitude quando ouviu uma voz, assustando-o.

─ Eu já sei de tudo! ─ exclamou Pansy ao entrar na comunal. ─ Seu beijo com Potter!

O loiro não respondeu, mas arregalou os olhos azuis, bastante surpreso. Ele olhou de um lado para o outro, certificando-se que realmente estavam sozinhos e engoliu um seco ao observar Pansy de cima a baixo.

November Rain • DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora