Confronto Provisório -

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Continuando aquela tarde complicada após o término de seu primeiro trabalho na zona de quarentena, Bryel seguia com Dalton em direção ao Centro de Distribuição de Mantimentos do exército, onde costumava ser um supermercado até poucos dias atrás. Chegando no local, os dois seguiram para a praça de alimentação, em uma pequena fila, e foram em busca de uma refeição e bebidas geladas.

- Bom, o que será que vamos beber? - Questionou Bryel, ao ver toda a opção do balcão.

- No painel da lanchonete tem um papel escrito dizendo: "Todos os itens alcoólicos deste mercado estão em posse do exército para redestilação e uso do álcool purificado para combater acidentes biológicos." - Lia Dalton.

- Então sem cerveja. Bom, ainda tem refrigerante e sucos! - Apontou Bryel.

- Vou pegar um suco de laranja desses de garrafa! Sei que depois que eles vencerem, será algo que não irá existir mais na Terra. - Disse Dalton, com a fila avançando.

- Fato! Vai fazer falta o suco da Dourad. - Concordou Bryel, chegando no primeiro lugar da fila.

- Bom dia senhores, vocês tem direito a um item comestível e a uma bebida. O que vão querer? - Questionou o militar de, expressão leve, olhos castanhos e cabelo preto escondido por uma touca de cozinha, cuidando daquele balcão.

- Dois sucos Dourad Laranja, e para mim comer vou querer uma torta de banoffee! - Disse Bryel, vendo um dos últimos pedaços daquele doce na vitrine.

- Certo, e você rapaz? Vai querer o outro pedaço da torta? - Questionou o militar.

- Não, não curto esse negócio de canela que vai nessas tortas. Vou ficar com... Aquele sanduíche prensado e torrado de baquete! - Apontou Dalton, fazendo sua escolha.

- Aqui está. Deu cinco cartões! - Disse o soldado, entregando os pratos para ambos.

- Aqui está. - Disse Bryel, entregando a quantia dita ao militar, pegando seu prato e suco em mãos logo em seguida.

- Vamos se sentar naquela mesa na janela. - Disse Dalton, fazendo a frente com seu prato de comida.

- Você que manda. - Concordou Bryel, seguindo o amigo.

Se sentando na mesa escolhida, Dalton e Bryel trocavam vários assuntos aleatórios, enquanto degustavam a refeição. Após alguns minutos, um anúncio chamou a atenção de todos na tv do local, com o soldado da bancada de comida aumentando o volume.

- Uma transmissão da I.C.U? - Perguntou Bryel, ao ver na tela do aparelho o símbolo da International Country Union aparecer no fundo azul da tela.

- Começa agora o Plantão da International Country Union, na CHN News. - Anunciou o jornalista da televisão.

- Ao menos ainda temos a televisão! - Observou Dalton, com ele e Bryel voltando suas atenções para a transmissão.

- Devido ao desaparecendo de muitos políticos e líderes mundiais ao redor do mundo, e as condições trazidas pela Hiperpandemia do Vírus Progenitor a humanidade, a I.C.U declara que escolheu a dedo representantes de todas as nações para estipularam um governo provisório em suas devidas nações. Essa foi a forma encontrada para manter a sociedade intacta durante os eventos dessa hiperpandemia em que nos encontramos, evitando que mais países caiam em anarquia, como vários exemplos já mencionados nos noticiários. O governo provisório não é só a garantia da democracia no mundo atual, como também a de que nossos mantimentos irão chegar a seus destinos e serão distribuídos corretamente nas linhas militares espalhadas pelas nações, garantindo alimentação, medicamentos e água potável a todos os sobreviventes! - Anunciou o líder da I.C.U, o mesmo que havia sido controlado por Arthur Relifisher anteriormente.

- Governo Provisório? Que baboseira é essa? - Indagou Dalton, não muito convicto do que estava vendo na tv.

- Vi que alguns países adotaram isso pelo celular durante a evacuação. Parece que a I.C.U decidiu tornar isso obrigatório a todas nações! Que lástima, soa como uma tentativa de controle populacional! - Comentou Bryel.

- Obrigatório? No mundo de agora? Ah vai a merda! Isso é uma tremenda putaria desses engomadinhos que nem sequer viram um zumbi de perto! - Protestou Dalton.

- O que muda para nós? Tipo, além da parte dos mantimentos que serão enviados mesmo? - Questionou Bryel, tomando um gole de seu suco.

- Acho que najs nada. Agora para os militares... Bom, eles ganharam mais um trabalho administrativo! - Apontou Dalton para o balconista.

- Por falar em trabalho... Que tal a gente pegar mais um agora para descontar a raiva dessa noticia tosca? - Sugeriu Bryel.

- Boa ideia! O que almeja Bryel?

- Dalton, chega mais... - Disse Bryel, com Dalton se aproximando mais perto dele. - Será que tem algum serviço que envolva zumbis? - Inclinou o jovem.

- Está louco Bryel! Perdeu o juízo! - Gritou Dalton, assustado com o que Bryel havia dito

- Shhh. Fala mais baixo. - Pediu Bryel, puxando Dalton para perto dele novamente. - É necessário que haja zumbis no serviço, apenas isso. - Cochichou Bryel.

-Para que correr risco? A vida nessas muralhas só é boa por envolve não chegarmos perto de zumbis. Deixe isso para os militares. - Cochichou Dalton, não gostando nem um pouco da ideia de Bryel.

- Não é risco, mas eles pagam mais, e bem, a tendência é começar a faltar comida boa daqui alguns dias. Vamos juntar fichas, gastamos alguma com coisas boas e se preparamos para o pior quando só sobrarem bolachas duras e pães de farinha vencida. Ou no pior, algo grave aconteça com a zona de quarentena! - Explicou Bryel.

- Por pior, você diz, cair a zona de quarentena ou todas as tropas militares morrerem em combate?

- Tipo isso. Agora, que tal por as nossas mãos na obra? Vai servir de treinamento de resistência e músculo igual! - Disse Bryel, terminando sua refeição.

- Cada vez mais essa hiperpandemia está parecendo com aquela série The Running Corpses!

- Essa é boa! Gostava de assistir com minha esposa. Bons tempos! - Recordou Bryel, mordendo o último pedaço de sua torta.

- Bom, então vamos picar a mula e achar um serviço que pague bem logo. No mundo antigo era sorte para se ter as coisas, nesse é mérito, então faremos nosso melhor! - Disse Dalton, se levantando da cadeira mais animado.

- É isso aí que estou falando. Vamos atrás dessa droga de trabalho! - Disse Bryel, se levantando e seguindo junto a Dalton até a saída, visivelmente animados.

- Se todos os sobreviventes tivessem entendido a mensagem do general como esses dois, teríamos uma zona de quarentena erguida em poucos dias! - Disse o balconista do CDM a uma bela militar de cabelos negros amarrados, olhos verdes e pele branca levemente bronzeada.

- Difícil! Muitos estão assustados, sem esperanças e de luto. Esses dois tem cara de terem sido escravos do sistema a vida inteira, se matando na maldita escala 6x1 e em lugares de grande fluxo de pessoas! Eu chuto que estão distraindo a própria cabeça de suas perdas ou tentando preencher o vazio deles com isso. - Sugeriu a militar, saindo do balcão e indo buscar as louças sujas deixadas por Bryel e Dalton.

- Pode ser. Me pergunto o que eles estavam cochichando Rachel? - Questionou o balconistas.

- Vai saber, Tenente Hermes! Provavelmente é qualquer baboseira contra essa ideia imbecil da I.C.U! - Disse a moça, entrando com as louças sujas na salinha atrás do balcão.

- Tenho um péssimo pressentimento sobre essa decisão. - Sussurrou para si mesmo o militar.

Com o anúncio do governo provisório sendo liberado, não havia mais opositores contra o plano maligno de Arthur para a humanidade. Tendo a I.C.U sobre seu controle, ele havia conseguido germinar o medo e a desconfiança nos seres humanos sobreviventes, abalando aos poucos a estrutura das medidas de emergência estipuladas pelos militares de das nações globo afora. Vendo que não havia outra forma de lutar contra o novo mundo, Bryel e Dalton decidiram aproveitar o resto de civilização o máximo possível, indo atrás de serviços rentáveis para continuarem a se alimentar bem, antes que as ações do tempo extinguissem muitos dos alimentos que um dia já foram produzidos por humanos e máquinas antes de ocorrer a Hiperpandemia do Vírus Progenitor.

Carnaged Almas ContaminadasOnde histórias criam vida. Descubra agora