Ei! Eu sou a Mayla, tenho 16 anos e estou passando por todos aqueles problemas clássicos da adolescência: espinhas, vida social abalada e por aí vai. Eu morava no litoral de São Paulo, mas aí meus pais se separaram e agora estou morando com meu pai em Belo Horizonte. Nova vida, nova cidade e, até agora, nada de interessante.
Decidi morar com o meu pai porque ele tem uma vida mais tranquila. Minha mãe é gerente de uma loja no shopping e não tem muito tempo para a família. Já meu pai é autônomo e leva uma vida bem mais calma. Ele é super culto e sempre tem algo interessante pra falar, mesmo que eu não peça.
Então, sobre mim: sou magra e alta, com cabelo preto. Gosto de usar capuz e sou considerada meio esquisita. Não sei se é por causa das minhas roupas ou dos meus gostos meio "de velha". Eu adoro música antiga e detesto funk. Conversar com gente da minha idade? Nem pensar! Pra mim, eles são todos um bando de mentes vazias. Ah, e tenho espinhas. Já mencionei isso?
Bom, sou filha única, e felizmente, porque lidar com tudo isso já é bastante complicado.
Na manhã seguinte, acordei com o som insistente do despertador. O sol já iluminava meu quarto, projetando sombras das árvores pela janela. Eu me espreguicei e levantei, sentindo o chão de madeira antiga rangendo sob meus pés. A casa era velha, uma herança que minha avó deixou para meu pai. O lugar tinha um charme antigo, com seus móveis de madeira escura e o cheiro de café fresco que sempre vinha da cozinha no primeiro andar.
— E aí, dragãozinho, você está gostando da cidade? — Meu pai gritou do corredor, provavelmente no caminho para descer as escadas.
Ah, o apelido. Quando eu era pequena, tinha uma fase em que adorava desenhar dragões. Tinha dragões em todos os meus cadernos, nas paredes do meu quarto e até na capa do meu tablet. Meu pai achava engraçado e começou a me chamar de "dragãozinho". O apelido pegou e ficou.
— Sim, pai, estou gostando. E você, como está? — Eu sabia que ele ainda estava tentando disfarçar o quanto a separação era difícil para ele.
Desci as escadas e o encontrei na cozinha, onde ele preparava o café. O aroma delicioso enchia a casa.
— Está tudo bem, minha filha — ele respondeu, com um sorriso meio forçado enquanto mexia na cafeteira.
— Amanhã é seu primeiro dia de aula. Quer ir a uma loja comprar roupas novas?
— Não, pai. As que eu tenho são ótimas.
— Filha, iniciar no meio do ano em uma escola nova é bem complicado. Estou aqui para te ajudar.
— Pai, não se preocupe. Vai dar tudo certo — eu disse, tentando parecer confiante, mas cheia de receio do que poderia vir nessa nova escola.
Depois do café, voltei ao meu quarto e olhei pela janela. A vista era diferente, sem o mar ao fundo, mas com um horizonte de montanhas que era bonito à sua maneira. Belo Horizonte não era tão ruim assim, só precisava me acostumar.
E assim, meu primeiro dia de aula em Belo Horizonte estava prestes a começar. Uma nova escola, novas pessoas e, provavelmente, novos desafios. Mas uma coisa era certa: eu estava pronta para enfrentar tudo isso, ou pelo menos, era o que eu esperava.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre Funk e Espinhas
RomanceMayla acaba de se mudar para Belo Horizonte após a separação dos pais, e a nova vida na escola é um desafio. Ela nunca imaginou que a música funk, que sempre desprezou, pudesse mudar sua perspectiva. Mas quando conhece Diego, um cantor de funk com u...