Entre Funk e Espinhas

(21) Revelações e Reconciliações

Acordei com o despertador, me sentindo como se estivesse presa em um pesadelo interminável. O caos dos últimos dias parecia não ter fim. Quando desci as escadas, me surpreendi ao ver minha mãe na cozinha com tia Adriana. Minha mãe estava linda, com um salto alto e um vestido longo que destacava sua elegância. Seu cabelo estava preso de maneira sofisticada, e ela exalava uma aura de poder e graça. Meu pai não disfarçava o olhar de desejo que lançava para ela.

- Mãe! Que maravilha! - exclamei, correndo para lhe dar um abraço. Ela me envolveu com seus braços, me dando presentes e explicando que decidiu antecipar a visita depois de ver os boatos sobre meu "namoro" com MC Diego nos sites de fofoca.

- Mãe, eu não estou namorando. Desculpe por não ter te contado sobre esse caos na minha vida, mas preferi deixar isso em off para não te incomodar - expliquei, tentando justificar minha omissão enquanto sentava-me à mesa.

Minha mãe me deu um abraço apertado, seus olhos brilhando com um misto de preocupação e amor. - Você pode confiar em mim, Mayla. Eu e seu pai somos cheios de segredos, mas estamos aqui para você. E não tinha como esconder já que no país não se fala de outra coisa.

Meu pai estava na varanda, visivelmente incomodado. Seus olhos se fixavam no chão, e a tensão em seus ombros era palpável. Eu sabia que ele ainda tinha sentimentos pela minha mãe, mas não queria que ela sofresse devido à sua doença. Tia Adriana, percebendo o clima pesado, tentou quebrar o gelo ao chamar todos para tomar café. Meu pai mal conseguia encarar minha mãe, e a atmosfera estava carregada de uma tristeza não dita. Ele havia decidido pela separação, e ela ainda sofria por isso.

Minha mãe, Lívia, era uma mulher poderosa e elegante. Ela estava claramente frustrada com a separação, pois amava muito o meu pai, mas não demonstrava fraqueza. Durante o café, conversamos sobre vários assuntos, com minha tia se gabando de suas viagens e romances, como sempre. De repente, ela se assustou ao olhar o relógio e exclamou:

- Márcio, vamos nos atrasar para a quimio - disse ela, com um olhar de preocupação.

Meu pai tentou desconversar, mas minha mãe e eu entendemos o recado. Então, meu pai estava com câncer e não queria que ninguém soubesse. Tentei entender mais sobre a gravidade da situação, e tia Adriana acabou abrindo o jogo.

- Vou falar a verdade para vocês, estou cansada de guardar esse segredo. É ótimo que a Lívia esteja aqui. Márcio está muito doente. Ele precisa de cirurgia e os remédios são caros. A quimioterapia é dura - disse ela, com tristeza evidente em seus olhos.

Minha mãe, com uma expressão de determinação, olhou para meu pai. - Por isso você quis a separação, não é? Eu sabia que estava escondendo algo.

- Lívia, entenda, eu não quero ser um fardo para você.

- Márcio, você sabe que eu nunca te abandonaria. Eu largaria tudo por você, você nunca será um fardo.

- Lívia, eu não suportaria te ver sofrer.

- Márcio, chega disso. Vou me mudar para cá e cuidar de você, cuidar da minha família.

Meu pai, sempre teimoso, tentou resistir, dizendo que não precisava, mas minha mãe já havia decidido. Ela estava disposta a desistir de sua carreira para cuidar dele. O amor e a determinação em seus olhos deixaram claro que ela estava disposta a tudo por ele.

Minha mãe e minha tia me levaram ao colégio antes de seguir com meu pai para o hospital. Peguei meu telefone, esperando talvez uma mensagem de Diego. Nada. Suspirei, tentando não deixar a decepção tomar conta de mim.

No colégio, ignorei os rumores e me concentrei em estudar. Tinha prova na sexta-feira e precisava focar. Durante o intervalo, Mary me puxou para um canto mais tranquilo do pátio, com uma expressão de preocupação no rosto.

- Mayla, bem que você disse da paixão sua pelo Diego.

- Mary, eu quero esquecer o Diego. Ele me decepcionou - respondi, sentindo uma pontada de tristeza.

- Não sei o que aconteceu, mas você precisa falar com o Diego. Resolver isso de uma vez por todas - disse ela, com uma expressão determinada.

- Eu sei, Mary, mas ele não me mandou nenhuma mensagem desde que eu saí nas mídias. Talvez ele realmente acredite que eu chamei o paparazzi e que eu sou a causa de tudo isso - respondi, com uma tristeza que não conseguia esconder.

- Não custa tentar. Se ele gosta de você, ele tem que acreditar em você. Você precisa dizer a ele a verdade. Vamos lá, mande uma mensagem agora - insistiu Mary.

Peguei meu telefone, hesitante, mas finalmente mandei uma mensagem para Diego: "Oi, Diego. Precisamos conversar. Eu não chamei o paparazzi, quero esclarecer tudo. Podemos nos encontrar?"

Passei o resto do dia ansiosa, esperando uma resposta. Quando a aula finalmente acabou, vi que Diego tinha respondido: "Claro, podemos nos encontrar na produtora."

Fui para a produtora, ignorando mais rumores. Carmen me recebeu correndo, com um olhar de preocupação e um abraço acolhedor.