(22) Entre razões e emoções

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- Diego está te esperando no estúdio. Mas antes, quero te mostrar uma coisa - disse Carmen, com uma expressão preocupada.

- O que foi, Carmen? - perguntei, sentindo meu coração acelerar.

Carmen começou a mexer nas minhas coisas e tirou um papel da minha agenda com um número. Ela me mostrou um cartão com o telefone de um paparazzi. - Colocaram isso nas suas coisas de propósito. Tenho provas.

- Jura, Carmen? - perguntei, incrédula, enquanto minhas mãos tremiam de raiva.

Carmen me mostrou o notebook dela com uma filmagem. - Sim. Coloquei uma câmera na nossa sala exatamente por causa de mal-entendidos anteriores. Nem o Sr. Rodrigo sabe disso. Veja - disse ela, mostrando as gravações.

Nas imagens, Drika aparecia colocando o cartão nas minhas coisas e, em seguida, fazendo uma ligação. Tudo indicava que era para o paparazzi, tudo de propósito para me prejudicar com o Diego.

Meu rosto ficou vermelho de fúria. - Você já mostrou isso para ele? - perguntei, com a voz tremendo de raiva contida.

- Sim, Mayla. Ele está no estúdio te esperando - respondeu Carmen, com um olhar solidário.

Quando entrei no estúdio, vi Diego ao lado de um piano, com um violão em mãos. O lugar estava decorado com luzes suaves e flores, criando um ambiente acolhedor e romântico.

- O que é isso tudo? - perguntei, encantada mas ainda um pouco irritada.

- Eu escrevi uma música para você. Quero que ouça - disse ele, começando a tocar, seus olhos fixos nos meus, cheios de arrependimento.

A música era linda, uma mistura de funk e melodia suave, e falava sobre o quanto eu era linda e forte e o quanto ele estava apaixonado. As palavras tocavam fundo no meu coração, e não consegui conter as lágrimas.

- Diego, isso é maravilhoso. Obrigada - disse, emocionada, mas minha voz ainda carregava um tom de mágoa.

Diego parou de tocar e se aproximou, segurando minhas mãos. - Desculpe, Mayla. Você é minha inspiração. Quero que saiba que estou aqui, para o que precisar. Vamos enfrentar tudo juntos, ok? - disse ele, com os olhos cheios de sinceridade. - Eu fiz você mentir, dizendo que não temos nada. Eu realmente gosto de você, mas fui um babaca. Vou cuidar de você.

- É lindo ouvir isso, Diego, mas por que não confiou em mim desde o início? - perguntei, soltando suas mãos e dando um passo para trás. - Eu nunca chamei aquele paparazzi, e você deveria saber disso. A falta de confiança dói mais do que qualquer boato.

Diego abaixou a cabeça, envergonhado. - Eu sei, Mayla. Errei feio. Fiquei cego pela minha insegurança. Não vou pedir que me perdoe imediatamente, mas quero te provar que posso mudar.

- Obrigada, Diego. Mas é melhor darmos um passo de cada vez. Minha cabeça está cheia e preciso cuidar dos meus problemas. Quero continuar no emprego, minha vida está um turbilhão, fiquei com imagem de uma mulher interesseira - respondi, tentando ser sensata enquanto sentia uma mistura de alívio e frustração.

- Pode falar comigo, Mayla. Todos esses paparazzi, esses rumores... Sei que é difícil, eu não queria te expor assim - disse Diego, com uma expressão de culpa.

- Não é só isso, Diego - comecei a chorar, sentindo a pressão de tudo o que estava acontecendo. Desabafei sobre a doença do meu pai e sobre as dívidas, e Diego me abraçou, tentando me consolar.

Enquanto estávamos nos conectando, a porta do estúdio se abriu bruscamente. Rodrigo, o pai de Diego, entrou na sala com uma expressão fechada, seus olhos cheios de desconfiança e irritação. O ambiente antes acolhedor e romântico se transformou em um cenário tenso.

- O que está acontecendo aqui? - perguntou Rodrigo, com a voz ríspida.

- Pai, nós estávamos conversando - respondeu Diego, soltando minhas mãos e dando um passo para o lado, visivelmente desconfortável.

Rodrigo me olhou de cima a baixo, seu olhar era frio e julgador. - Mayla, você deveria ir para casa. Temos assuntos importantes a tratar.

Senti meu coração apertar. Saí rapidamente do estúdio, sentindo o peso da desaprovação de Rodrigo. Fui para casa, só queria paz.

Ao chegar, encontrei minha mãe e meu pai conversando na sala. Eles pararam ao me ver entrar e ficaram surpresos com o lindo bouquet de rosas que eu estava segurando.

- Mayla, precisamos conversar - disse minha mãe, com um tom sério e um olhar preocupado.

- Sei que está sendo difícil para você, tudo isso. Mas estamos aqui para te apoiar - completou meu pai, tentando parecer forte, mas com tristeza nos olhos.

Sentei-me ao lado deles, pronta para enfrentar essa nova fase com minha família ao meu lado.

- Filha, sei que está passando por um momento difícil, mas temos que compartilhar uma coisa com você. Seu pai está fazendo quimioterapia. Ele está bem fraco, essa doença é muito triste. As contas estão chegando e vamos passar por uma fase complicada financeiramente. Mas acredito que juntos vamos conseguir. O tratamento do seu pai está muito caro, mas temos fé que vamos conseguir - disse minha mãe, com lágrimas nos olhos.

Meu pai saiu da sala triste e se sentindo culpado. Minha mãe e eu nos abraçamos, tentando encontrar forças uma na outra.

- Mãe, vamos conseguir superar isso - disse, tentando ser forte, mesmo com a voz embargada pela emoção.

Fui dormir com a cabeça a mil, realmente tudo isso é muito difícil para uma adolescente só.

Entre Funk e EspinhasOnde histórias criam vida. Descubra agora