(8) Um Acidente Inesperado

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Diego

“Minha nossa, eu atropelei uma moça. Estou ferrado, o que vou fazer? Não posso me envolver em polêmica,” pensei, o coração acelerado enquanto corria para ajudar a garota caída no chão. O som dos pneus derrapando ainda ecoava em minha mente, misturado com o rugido do motor do carro que acabara de parar.

Quando ela acordou, parecia confusa e atordoada. Seus olhos castanhos profundos estavam arregalados, e seu olhar penetrante parecia atravessar minha alma, como se eu fosse um alienígena. Seu cabelo escuro estava espalhado pelo chão, e uma gota de sangue escorria de um corte em sua testa.

“Oi! Calma, moça. Eu te atropelei, vou te levar para o hospital,” falei rapidamente, tentando soar mais calmo do que me sentia. Minha voz tremia um pouco, e eu tentava disfarçar o pânico que sentia ao ver sua expressão de medo.

“Quem é você? O que está fazendo? Não vou entrar no seu carro!” ela gritou, tentando se afastar de mim com movimentos bruscos, mas ainda claramente atordoada.

“Relaxa! Não vou te sequestrar. Vou te levar para o hospital,” repeti, tentando parecer confiável, embora soubesse que a situação era tudo, menos tranquila. Meus olhos procuravam por um sinal de confiança, mas tudo que vi foi uma expressão de desconfiança e medo.                

                          (Mayla)                                                                                 

Minha cabeça estava latejando, e a confusão era tanta que eu mal conseguia pensar claramente. “Olha, não precisa me levar ao hospital. Meu pai está por perto, ele me leva,” tentei argumentar, mas ele já estava me carregando para o carro. O interior do veículo era moderno, com bancos de couro e um cheiro forte de perfume masculino, misturado com o aroma do couro.

“Vou avisar seu pai qual o número dele, só fica calma,” ele disse, enquanto digitava o número no telefone com uma expressão de preocupação. Eu estava tão atordoada que apenas passei o número da minha tia, não querendo alarmar meu pai mais do que o necessário.

Chegando ao hospital, o ambiente era movimentado e as luzes brilhavam intensamente. O cheiro de desinfetante era penetrante, e o som constante de passos e conversas preenchia o ar. Fui rapidamente atendida. Felizmente, nada sério, apenas alguns pontos na cabeça. Enquanto esperava no quarto, uma enfermeira entrou com um brilho de entusiasmo no rosto.

“Garota de sorte você, hein? MC Diego quer te ver,” disse ela, com um tom de voz que parecia mais um sussurro de empolgação do que uma simples informação.

“MC quem?” perguntei, completamente perdida, a minha mente ainda confusa e o corpo cansado.

E então ele entrou no quarto, o mesmo garoto moreno que me atropelou, agora com um olhar de preocupação e um sorriso forçado.

“Oi, moça. Consegui contato com sua tia. Ela está a caminho. Por favor, não conte para a imprensa. Não posso me envolver em polêmica. Se quiser, te sigo no Instagram, tiro uma foto com você ou te dou uma boa indenização,” ele disse, tentando suavizar a situação com uma oferta que parecia mais uma tentativa desesperada de escapar do problema.

“Olha, Diego, MC Diego ou sei lá o que, eu não quero nada. Só aprenda a dirigir direito para não fazer isso com mais ninguém,” respondi, irritada, o tom da minha voz carregado de frustração.

“Olha, garota, na verdade foi você que não olhou por onde andava. Estava no meio da rua,” ele rebateu, a defensiva em seus olhos.

Antes que eu pudesse responder, minha tia Adriana entrou no quarto em um turbilhão de emoções. Seus olhos estavam vermelhos e cheios de lágrimas, e sua voz era um misto de raiva e preocupação.

“Minha sobrinha querida, não acredito que foi atropelada. Que horror!” Ela exclamou, o drama em suas palavras preenchendo o quarto.

“Tia, eu estou bem.” tentei acalmar a situação, mas ela já estava se voltando para Diego com um olhar de fúria.

“MC Diego, você atropelou minha sobrinha? Vou chamar a imprensa e contar sobre seu ato irresponsável.”

“Não, por favor, não faça isso. Eu pago uma indenização,” Diego implorou, com um tom desesperado e uma expressão de preocupação genuína.

Adriana, sempre rápida para agir, respondeu com uma determinação implacável: “Ótimo, quero 20 mil reais.”

“Tia, eu não quero nada disso. Não tem necessidade,” cortei, tentando manter a situação sob controle.

Diego, então, conversou mais calmamente com Adriana e sugeriu uma alternativa.

“Que tal se ela trabalhar para mim enquanto eu estiver em BH? Ela pode ganhar um dinheiro de forma honesta.”

No meio de todo o caos, lembrei-me da doença do meu pai e percebi que precisaríamos de dinheiro. Relutantemente, aceitei a oferta. “Tudo bem, eu aceito trabalhar para você. Mas só porque eu realmente preciso de dinheiro.”

Diego sorriu, aliviado. “Ótimo, vamos resolver isso então. E, por favor, me perdoe pelo acidente.”

Antes de sairmos do hospital, Diego e eu trocamos nossos números de telefone.

"Vou te manter informada sobre os detalhes do trabalho e qualquer outra coisa que precisar," ele disse, passando seu número para mim. Eu fiz o mesmo,  para garantir que pudéssemos manter contato. Afinal realmente preciso do trabalho.
De volta à casa, não conseguia parar de pensar em tudo que havia acontecido. A vida havia virado de cabeça para baixo em um piscar de olhos, e agora eu ia trabalhar para o MC Diego.

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