Cap. 14

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Cap. 14

 Até hoje não se sabe ao certo o como surgiu esse “vírus”, bom, é pelo menos o que acreditamos. Inicialmente era um desastre, para não dizer desgraça. Em um dos primeiros dias desse “apocalipse” – Prefiro chamar de Inferno Particular- a minha prima se transformou, Sophie, ela era uma pessoa que você sempre espera uma loucura. Todos estavam preocupados com esses ataques estranhos das pessoas, meus tios haviam dito para ela ficar em casa, mas a mesma tinha saído escondida.

   No dia seguinte, chega bêbada chorando, mas desmaia, e quando acordou não se lembrou de nada. Achávamos que ela tinha pegado uma gripe muito forte, por causa do sereno. E durou um dia e meio até a sua transformação. Meus tios tinham ido para o mercado e iam passar na farmácia para comprar remédios para Sophie. Resumindo, quando chegaram a casa, acharam que a filha estava cambaleando porque estava tonta, e nisso são mordidos.

  Horas mais tarde, meus pais visitam, estranharam o silêncio. Resultado, são obrigados a “matar” sua sobrinha, já que os pais, estavam desacordados. Só que era frustrante, porque nada parecia doer e nada os impedia, nem tentar conversar. Sim, no início você só acha que a pessoa surta. Naquela tarde, eles tiveram que matar as pessoas que eles viam todos os dias, que causavam brigas matinais. E é ai que você não sabe quem você é.

   Contei isso, porque, ontem, fomos obrigados a sair de casa, obrigados. Sei que não são casos iguais, mas independente disso, o fim é o mesmo: Você não sabe quem você é.

  Depois de tudo, a casa iria ficar infestada de zumbis, pegamos o necessário e o mais rápido possível. Fizemos  uma homenagem rápida. Passamos a noite na estrada. Cada um, vivo, saia com o coração ardendo nas mãos. Julie explicava amargurada que os vários homens chegaram a mando de Dylan, e a única coisa que conseguiu foi proteger as crianças.

  Durante a estrada, passamos por ambulantes, mas nada que nos impedisse de passar. Iríamos para uma cidade pequena. Paramos em um ginásio escolar, costumam ter comida, e como esse era pequeno, conseguiram fazer uma limpa, que demorou cerca de 2 horas. Taylor e eu ficamos com as crianças dentro do carro. Elas dormiam e nós não trocamos palavras. Sabia que ela estava magoada. Todos estavam. Mas... Ela é um caso pior.

  Deixar aquela casa, foi como deixar o resto do que tinha para trás. As próximas 3 semanas, foram as piores das nossas vidas. As crianças acordavam de noite com pesadelos. Sem contar que estamos sem alimento. Estamos em um ponto em que deixamos de comer para deixar para os pequenos.

  No fim da tarde, Jack aparece com um sorriso no rosto, coisa que não se via muito em sua cara.

-Levantem, seus putos, nós conseguimos gasolina e uns esquilos, podemos fazer uma refeição decente e irmos. – Diz todo orgulhoso.

  Todos foram abraçar o Jack, menos eu, mesmo ele nos ajudando como cada um aqui, não fazemos questão de agradar ninguém, então, não fingimos gostar um do outro para que  se sintam bem.

 Fizemos uma fogueira no próprio ginásio, aproveitamos os tacos que estavam soltos e tiramos alguns, e como embaixo o chão era cimento, não tinha problema ficar lá por muito tempo, já que iríamos sair. Comemos, ou melhor, devoramos! Todos ficaram em silêncio. A ferida ainda estava aberta, e a única coisa que se ouvia era o de dentes batendo por causa da carne dura. Victor pega uma garrafa e vira de uma vez só.

-Ei! Vocês vão dirigir! – Resmungo.

-Nós não vamos nos embebedar. Aliás, o que é um pouco de felicidade no meio de só tristeza?! – Victor me encara com aqueles olhos azuis.

-Verdade, Chloe, é só para uma pequena diversão. Nós precisamos aliviar. – Diz Matthew e pega a garrafa e vira, logo, ele me oferece, mas eu nego. Ele se senta ao meu lado e coloca o braço envolta de mim, e me beija. Estamos um pouco afastados de todos. Com a outra mão ele segura o meu rosto, e acaricia o meu rosto, fecho o meus olhos apreciando, ele logo começa a me beijar novamente.

-Essas coisas que tem acontecido essas últimas semanas, tem me deixado louco! Porém, me fez perceber que você é tudo o que eu tenho. – Ele fala isso baixinho enquanto deixa a sua testa colada na minha.

-Amo muito você, sabe disso, não é? – Digo e ele sorri e volta a me beijar.

   Depois de vinte minutos de conversa e beijos...

 -Reúnam todas as suas coisas. – Disse o meu pai.

-Michael, nós não temos mais nada. – Fala Victor.

-Bom, todos vão para os seus respectivos carros. Agora. – Falou meu pai.

-Vamos para onde? Porque o que nós sabemos é que o senhor não tem uma rota. – Diz Isaac.

-Vamos para Montana. Para a cidade de Helena. – Meu pai responde claramente.

-Mas lá é muito frio. – Diz Lindsay.

-Por isso mesmo. Lá provavelmente tem aquecedor. – Dessa vez quem diz é Jack.

-Que me lembre, nós não temos eletricidade. – Fala Logan.

-A maioria das casas tem gerador. – Diz meu pai.

-Mas Michael... – Julie ia argumentar.

-Sem mais. Serão só oito horas de carro.  – Fala o líder. - Vamos.

  São três carros, meu pai vai dirigindo a caminhonete. Junto com ele vão: Lindsay, Pietro, Matt e Isaac. No Ecosport quem dirige é o Jack. Junto com ele vão: Logan, Taylor. No Tucson, quem dirige é Victor. Junto com ele vão: Julie, Daniel (Que não parece querer desgrudar de mim) e eu.

  Pela primeira vez, Matt e eu não vamos juntos. Meu pai fez questão de que ele fosse junto com ele. Ciumento. Sempre foi assim. Aliás, esses dias ele estava mais desconfiado.  

   Cada um entrou no seu devido carro, mas antes disso, Matt veio no carro aonde eu vou. Eu estava na porta, e o Daniel no meio.

-Prometo que vejo você na primeira parada. – Eu sorrio e ele me dá um beijo.

-Eca! – Disse Daniel.

-Toma conta da nossa, garota. – Matt diz isso bagunçando o cabelo do Daniel.

-Chega dessa diabete toda! Vem logo seu viado! – Jack gritou do carro e buzinando. Reviro os olhos e Matt manda o dedo do meio para Jack.

-Boa viagem, amor. – Matt diz e me dá um selinho. – Amo você.

-Eu também. – Nós colamos as testas por um tempo, ele me rouba um beijo e vai.

  Fico sorrindo igual uma boba. Matt é o melhor namorado que alguma garota gostaria de ter. Tem horas, que fico imaginando como seria a nossa vida agora, se fosse tudo normal.

  Eu fico no banco de trás, junto com o Daniel, e na frente Julie vai no banco de carona e Victor no do motorista. Não demora muito, o pequeno dorme com a cabeça no meu colo. Julie e Victor conversam planos para a nova cidade, criando expectativas, mesmo sendo quase impossível. Basicamente, o que nos mantém com a nossa sanidade, são as pessoas que nos rodeiam, porque, passar por tudo isso sozinho, é o primeiro passo para a depressão e enlouquecimento.  

  Passa-se uma hora de viagem, estamos em uma estrada cheias de curvas, tem alguns carros parados, muitos deles podres e com monstros famintos dentro. Nosso carro está na frente, o segundo é o de Jack e terceiro é o do meu pai. Passamos lado de uma cascata, a água é cristalina. De repente eu percebo que é uma gruta, fico perdida em pensamentos olhando para ela, mesmo que sejam por poucos segundos. Até que, inesperavelmente sai um zumbi de lá. Eu dou um pulo, pelo susto. Mas mal sabia, que algo pior iria me assustar.

BUM!!!!!!!!!

  Arregalo os olhos, e viro, pelo vidro traseiro do carro. O terceiro carro explodiu, e o mesmo capota. Ele está em chamas. Meu pai estava lá. Meu namorado estava lá. Solto um grito de choro.
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#luto

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