Cap. 15

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Cap. 15

-NÃO! - Grito e coloco a mão no ombro de Victor. - PARA ESSE CARRO! - Ele não se move. Daniel e Julie parecem que estão em choque. - PARA A MERDA DESSE CARRO! AGORA! - Sacudo-o de novo. - PORRA! - soluço.

-Nós não podemos. - Diz Victor, enquanto vemos uma horda de zumbis uns 200 metro mais a frente.

-PARA ESSE CARRO! - Grito novamente e vejo pelo retrovisor que Jack piscou a lanterna do carro. - O JACK ESTÁ MANDANDO O SINAL PARA PARAR MERDA DESSE CARRO! - Lágrimas jorram dos meus olhos. Eu estava quase pulando para o banco do motorista.

-PORRA, CHLOE! Senta! Ele mandou esse sinal foi para nós continuarmos. - Ele fala.

-NÃO FOI! PARA ESSE CARRO! POR FAVOR. - Grito desesperada.

-Chloe, nós não p-podemos voltar. - Diz Julie em prantos.

-Então destranca esse carro que eu pulo. - Tento desesperadamente abrir a porta, mas está trancada.

-Você está maluca? - Pergunta Victor. - Quer se matar também?! - Essas palavras ecoam em minha cabeça.

Quero.

-Eles não estão mortos! E-Eles precisam de ajuda! Da minha ajuda! Para o CARRO! - Falo.

-Querida, eles estão mortos. - Diz Julie.

-EU NÃO SOU SUA QUERIDA. PARA O CARRO, PORRA!

Nesse meio tempo, nós já havíamos passador por cima da horda de zumbis. Nessa hora, já tínhamos o carro coberto de sangue.

-Julie, acho que dentro do porta luvas tem uma seringa com calmante.- Fala Victor.

-Eu não preciso de calmante!- Falo irritada. - Eu preciso que você pare esse carro!

-Você está nervosa. - Ele fala e vejo Julie pegando algo no porta luvas.

-Você ainda não me viu nervosa. PARA esse carro! - Grito e assim que a Julie vem em minha direção com a agulha, eu recuo. Seu rosto está vermelho, ela também estava chorando. - Julie, fala para ele que eles não morreram,que a gente tem que voltar. - Lágrimas voltam a saltar dos meus olhos. - Por favor. - Soluço.

-Querida, eles morreram. - Ela fala com dificuldade. - Me deixa aplicar em você, vai melhorar a sua dor.

-N-não pode. E-eles não podem ter morrido. Ele me prometeu que na primeira parada que iria me ver. E-ele me prometeu. Eles s-são as pessoas mais importantes na minha vida. Me diz que isso não é verdade, por favor! - Eu suplicava.

A dor me invadia. Eu não conseguia acreditar. Era como se uma mochila de 30 kg estivesse em meus ombros. Eu não conseguia respirar. Sentia a minha garganta sendo rasgada. Eu estava gelada, me sentia fria.

Era como se eu estive sem alma.

Porque eu não estava junto com eles? Mais lágrimas caem. Eu vou sentir tanta falta deles. Eles não podiam ter me deixado! Não podiam. Fecho os meus olhos. Eu só queria abri-los e ver que nada disso era real. Conto de dez a zero. Eu vou abrir os meus olhos, vai estar tudo bem, tudo normal, o meu pai vai estar com aqueles olhos azuis felizes, Matt vai estar com aquele lindo sorriso. Nós, vamos superar todo essa epidemia, vamos fazer faculdade, casaremos, teremos uns dois filhos. Vamos passar os fins de semana na casa dos nossos pais. Sempre que ele chegar do trabalho, eu vou perguntar se está tudo bem, e ele vai dar aquele lindo sorriso, vai me beijar e dar os detalhes.

Abri os meus olhos.

Isso não vai acontecer.

A única coisa que vejo é desesperança, nessa noite sombria. Sinto como se estivesse afundando em um precipício sem fim. Fecho novamente os olhos e caio em um sono profundo. Embarco em um sonho onde só tem escuridão, talvez seja só isso o que eu tenha. Não entendia porque aquele carro explodiu. Ele estava todo correto. Ao certo, não sei se ele capotou e explodiu, ou o contrário. Foi tudo tão rápido e tão doloroso.

Passaram-se três horas de viagem, que pareceram séculos. Ainda sentia os meus olhos arderem. O número de ambulantes que passamos por cima, não está no gibi.

O resto da viagem, eu não consigo fechar os olhos, eles ardem imensamente. Só de pensar neles, sinto-os ficar marejados. Perdi a conta de quantas vezes olhei para o vidro traseiro com a esperança de ver a caminhonete do meu pai, e acabo vendo só o carro de Jack e zumbis.

Estava amanhecendo quando chegamos em Helena. Daniel já tinha capotado. Victor dirigia atento, e percebia que ele estava tenso. Passamos por um bairro onde a rua tinha alguns zumbis, e as casas eram sem muros. Eles andavam atrás dos nossos carros, e horas nós passávamos por cima deles. Teve uma hora em que um agarrou no carro, mas nada que atrapalhasse. Victor parou enfrente a uma casa bem grande e bonita.

Eles saíram para fazer a "limpa". Não me dei o trabalho de ajudar. Eu só queria acordar de um sonho. Logo eles saem e dizem que está tudo limpo, eles não se dão o trabalho de tirar os corpos podres de dentro, estão todos cansados.

Julie pega Daniel, e leva-o para casa. Assim que saio do carro, eu vejo que Jack também está saindo. Pelo visto ele também não ajudou. Nós nos encaramos por uma boa distancia. Ele veio na minha direção, seu rosto tinha uma expressão dura e que veio se tornando em tristeza quando me viu. Ele suspirou e me abraçou. Sentíamos a mesma dor. Mesmo que não falássemos nada, o silêncio gritava.

Naquela madrugada, eu demorei a dormir, as sessões de choros me impossibilitavam. Os meus sonhos eram sempre relacionados à morte deles, até que no último, eu vi um caixão. Era eu. Quando acordei, percebi, que naquele dia, Chloe tinha morrido.

Como sobreviver?Onde histórias criam vida. Descubra agora