XII - Cara ou Coroa

8 2 2
                                    

— Requisitada? — Eden deixou escapar uma risada.

— Andou chamando muita atenção ultimamente, Eden? — Perguntou Griffyn, voltando-se novamente para ela. Eden suspirou.

— Se é sobre o que houve na cidade...

— O que houve na cidade? — Griffyn arqueou uma sobrancelha, observando-a atentamente. — O que Finn me contou é verdade?

— Depende de que parte está falando.

— Céus, Eden. O que estava pensando ao arrumar confusão com Antares?

— Está me culpando? — Eden deu um passo para trás e cruzou os braços irritada. — Finn começou, puxando brigas e abrindo a boca enquanto devia mantê-la fechada. Sabe que ele me odeia.

— Ele não é o único. Se batesse em todos que pensam assim, estaria morta antes do amanhecer. — Griffyn inspirou profundamente. Seus ombros se tencionaram antes de cairem relaxados. — Agora não importa mais. O estrago está feito. Apenas... tente não se envolver em mais problemas.

Eden bufou e desviou o rosto para o salão agitado. Observou a falsidade nos lábios curvados e nas palavras de agrado cochichadas entre os convidados. O ar carregado começava a lhe causar náuseas.

Elora acreditava que os medos de Eden eram originados no que os outros pensavam ou diziam a respeito dela, quando a verdade era mais egocêntrica da parte de Eden. Ela odiava se sentir impotente. Odiava precisar se ajustar às condições e não ter controle sobre elas como tinha sobre suas adagas. Durante anos não passou de uma aprendiz rejeitada. Agora estava dentro de um vestido digno de uma princesa e com a pele cheirando a jasmim.

Seus lábios franziram em desgosto enquanto deixava transparecer o desprezo pelo ambiente ao redor, ansiando por um refúgio longe dali. Mordendo o interior da bochecha, virou-se de costas para a multidão e colocou-se de frente para Griffyn.

Requisitada por quem? — perguntou, sustentando o olhar de Griffyn.

— Por mim — respondeu alguém às suas costas. Eden girou sobre os calcanhares, deparando-se com um rosto familiar.

Vestido em trajes escuros e impecáveis, o homem mantinha os ombros largos para trás e a cabeça erguida, ressaltando sua figura alta e atlética. Seus cabelos, agora meticulosamente penteados para trás, brilhavam no tom castanho que Eden lembrava bem. Os gélidos olhos azuis e o pequeno corte no queixo não negavam seu dono. O desejo que Eden notou dias antes ainda se refletia no rosto dele, mas a risada que tanto gostou antes de descobrir a quem pertencia estava reprimida, disfarçada por um simples sorriso de cortesia. Os primeiros três botões da camisa estavam abertos, deixando parte de seu peito à mostra. Fios dourados bordavam a gola e as mangas e as botas de couro pretas brilhavam mais do que o chão.

— Majestade — cumprimentou Griffyn, inclinando-se em uma ampla reverência enquanto pousava a mão sobre o ombro de Eden. O aperto firme de seus dedos seria o primeiro e único aviso que ela receberia.

"Comporte-se!"

— Capitão Deviers — retribuiu ele, mais formal do que Eden imaginou que seria capaz de soar. Dois homens altos e de ombros largos, bem vestidos para a ocasião formal o acompanhavam. Ainda assim, carregavam espadas presas aos cintos quando até mesmo Griffyn havia se desfeito de sua armadura habitual para estar presente.

Griffyn intercalou o olhar entre os homens à sua frente antes de se dirigir a Eden.

— Eden, este é o filho do Rei Archer, Kain Belliari. Príncipe de Theriakin.

Eden trincou os dentes com tanta força que os ouviu ranger. Lutando para manter a expressão neutra, sua mente girou em confusão enquanto era medida de cima a baixo por três pares de olhos.

Solstícios de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora