06. Fora do gelo

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Pov Kageyama.

Quando puxei Hinata para o abraço, eu não acreditei na velocidade que levou para que eu melhorasse. Senti a tremedeira parar levemente, mas tê-lo em minhas mãos era estranhamente confortável.

─ Kageyama, está me escutando? ─ sigo o som da sua vez à medida que tenta me tirar daquela crise péssima.

Balancei a cabeça concordando, então ouvi um suspiro de Hinata. Eu sou muito mais alto que ele, então tenho que abaixar a cabeça para chegar até seu ombro e encostar.

Ele afasta meu rosto levemente com o toque suave em minha testa. Observo seu rosto por alguns segundos, tentando esconder minha tristeza e cara de cachorro sem dono.

─ Certo. Agora me diga com muita calma. ─ ele levanta minhas mãos de sua cintura, revelando às feridas que eu fiz enquanto socava a parede pela crise. ─ O que é isso aqui?

Olhei para o lado pensando em alguma desculpa convincente, mas percebo que Shoyo me encarava lendo meus pensamentos.

─ Entrei em raiva e acabei espancando a parede do meu quarto. ─ disse bem baixo aproveitando que estávamos perto um do outro.

Ela solta a preocupação para fora do pulmão e então segura minhas mãos tocando, parecia sentir a dor de cada ferida em minhas mãos. Me pergunto se já teria passado por isso...

Com seus dedos miúdos ele faz carinhosamente uma massagem por entre meus dedos, com a esperança de finalizar a dor de muito tempo instalada.

─ Diga alguma coisa Kageyama. ─ ele resmunga me encarando.

─ O que? Ah...alguma coisa? ─ apenas repeti suas palavras, estava parecendo um completo idiota daquele jeito.

─ Nossa, que engraçado. ─ ele solta minhas mãos e solta um murmuro por isso.

─ Obrigado. ─ digo, dessa vez, com mais calma em relação ao meu estado anterior. ─ É madrugada e você veio correndo até aqui.

Ele parece ter ficado um pouco sem graça, pois estava encarando a rua deserta ao nosso lado direito. Então me encara de novo. Ele estava tão fofo com um casaco de frio.

Seu rosto vermelho, pelo frio, me fazia querer beijar ele novamente. Mas a lembrança do beijo estranho pela manhã me fez recuar imediatamente.

─ Eu disse que sei pelo o que você está passando, então vim mesmo assim, esse é o meu jeito. ─ Hinata vira o rosto de lado como se tivesse dito algo que lhe machucou, então percebi que ele estava excitando. ─ Mas como patinador de gelo, você ainda é meu inimigo.

Suas palavras me apertam o coração tão bruscamente, que esqueço como se respira por alguns segundos. Tomo fôlego para aguentar aquela reclusa tão forte.

─ Mas, e fora do gelo? ─ ele ficou confuso e surpreso. ─ Digo, fora da pista de gelo. Você não me odeia, não é? ─ De repente meus sentimentos me tomam. ─ Por favor diga que não. Eu não fiz nada de errado, certo?

Porque, porque eu queria tanto uma validação de Hinata, o sentimento que eu tanto venho a temer, é oque tanto virá a me tomar? Eu só quero chegar perto dele, mais ainda.

─ Não, eu não odeio. ─ Respirei aliviado após sua resposta. ─ Mas também não é como se você fosse meu melhor amigo. ─ Tomei um ar desesperado novamente.

Aquelas palavras, feriram o vazio que havia em mim. Feriram o meu "nada".

─ Me desculpa ligar para você. Até mais tarde, Shoyo. ─ disse um pouco seco. Então me viro para finalmente sair daquele lugar.

Coração de gelo - KagehinaOnde histórias criam vida. Descubra agora