Inquérito

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O departamento de polícia da cidade de Sunfield era uma construção que ficava até o primeiro andar com janelas cujas guarnições eram brancas e a laje era de madeira escura.

Ao lado da construção havia um estacionamento que só cabia um carro a cada fileira. Era uma bela construção, mas no interior era bem mais moderno do que no exterior.

Jennifer estava ao lado de Jack em uma fileira de bancos bege que ficavam num corredor próximo à entrada do departamento. Ambos os irmãos estavam quietos olhando para o chão e com as mãos dadas.

- Sr. John Wilson - chamou uma mulher baixa de cabelos castanhos começando a ficar grisalhos, rugas no rosto e olhos castanho-acinzentado. Ela possuía uma expressão de uma carinhosa mulher e acabara de sair de uma sala - O delegado está chamando pelo senhor.

- Já volto - disse Jack depois de se virar para a irmã e ele acariciou a mão da mesma. Ela deu um sorriso leve e em seguida, Jack se levantou e foi até a sala.

A experiência de ver a mãe ser morta, Jennifer não desejava para ninguém, apenas para o homem que lhe matou; se é que ele tinha coração. Jennifer passara pela experiência de escutar seu irmão dizer que estava namorando um garoto e não uma garota. Mesmo que ela não tivesse nada contra, ainda era meio estranho e uma baita surpresa para ela.

Jennifer também não entendia o fato do assassino ter tentado matar Hannah e em seguida matar a sra. Wilson. Simplesmente nada de encaixava na narrativa. Era como se ele fosse apenas um psicopata? Não. Mas ambas estão conectadas com Jennifer. Será que o assassino está a tentar matar a garota? Mas por quê?

Um dos policiais que levaram Brad para o carro da polícia estava passando o corredor com um jornal na mão. A manchete era sobre a tentativa de assassino de Hannah.

O policial parou, girou os calcanhares e em seguida olhou para Jennifer, consultando-a lentamente e depois balançou a cabeça.

- Quer ler essa edição do Three Sisters? - perguntou o homem educadamente à Jennifer. Ele era careca e tinha a pele negra e possuía olhos castanhos e nariz achatado. Ele começou a andar lentamente em direção à garota - Tem a sua amiga nele.

Ele parou defronte a garota, que estava com o pescoço levantado e viu ele oferecendo o jornal estendido bem próximo à face da garota. Ela pegou no jornal e deu um sorriso. Em seguida, começou a se afastar.

Ela deu uma olhada na manchete que havia lido no dia anterior no colégio. Ela passou a página, entediada. Ela passou mais uma página e mais outra. Ela parou numa página onde havia uma notícia de um fugitivo do Manicômio de Aliquippa.

Ela se interessou pelo assunto e começou a dar uma olhada na imagem do Manicômio, um prédio de paredes de tijolos de pedra pintados de cor-de-palha e um grande gramado defronte a construção.

Jennifer não leu muito sobre, já que havia escutado no telejornal parte do que aconteceu. Ela largou o jornal na cadeira ao lado e ela cobriu o rosto com as mãos e deu um longo suspiro.

- Srta. Wilson - chamou a voz feminina que havia chamado Jack minutos atrás e ela se virou para a mulher baixinha e Jennifer sorriu e se levantou.

Jack saiu da porta ao lado da mulher baixa e sorriu para a irmã e a mesma sorriu fraca para o irmão e atravessou o portal que levava ao escritório do delegado Johnson.

Era um escritório de paredes de madeira e algumas persianas acinzentadas na parede da porta; havia a mesa de escritório na outra extremidade, com um delegado Johnson sentado encima de uma cadeira. Havia aparadores pretos abaixo das persianas e retratos nas paredes do escritório. Defronte a mesa, havia duas cadeiras e Jennifer se sentou em uma delas.

O delegado ligou o gravador de voz parado na mesa e deu uma olhada grave em Jennifer. Ela deu um sorriso forçado e respirou fundo.

- Bem, se identifique. Nome completo, idade e rua - pediu o delegado Johnson lançando um sorriso desagradável e Jennifer engoliu em seco.

- Jennifer Wilson. Dezesseis anos. 1204, Einstein Street.

- Estuda? Se sim, qual sua série? E se trabalha, no que?

- Estudo no Colégio Sunfield e estou na décima-primeira série, ensino médio. E não, não trabalho.

- Certo, agora me explique o que aconteceu nesta noite?

Jennifer respirou fundo novamente. Sua respiração às vezes ficava falha. Ela balançou a cabeça e então se virou para o delegado.

- O mesmo cara que tentou matar a minha amiga Hannah, tentou matar a minha mãe e conseguiu - resumiu basicamente. Não suportaria ter que explicar detalhe por detalhe.

- Explique mais...

- Não...!

Ela estava tremendo um pouco e isso fazia um barulho chato para os ouvidos do delegado, que deu um suspiro e disse.

- Segundo o que parece, você estava em seu quarto e escutou gritos no andar de baixo e foi ver o que era. Ao ver sua mãe quase sendo morta, foi ajudar ela e seu irmão foi junto. O cara acabou conseguindo matar sua mãe na varanda de trás e vocês fugiram, é isso?

- Basicamente - respondeu Jennifer uns momentos depois, digerindo o que acabara de escutar e depois assentiu - Mas quando eu ajudei a mamãe, eu usei um vaso de flores e conseguimos abrir a porta e fugir. Ela foi esfaqueada nas costas e Jack chutou ele. Quando estávamos descendo para correr, o assassino finalizou... finalizou a mamãe.

Houve um silêncio perturbador enquanto Jennifer chorava silenciosamente na cadeira. As lágrimas que escorriam faziam cócegas por onde passavam e na maioria passava pelos lábios da garota e ela sequer deu o trabalho de enxugar.

- Sinto muito, srta. Wilson, mas tenho que fazê-la outra pergunta: onde acha que o sr. Bradley Craven estaria no momento do assassinato de sua mãe? - indagou o delegado com a voz fria, mas seus sentimentos não era frieza.

- Acho que estava indo me ver e acabou se dando mal com a polícia - respondeu Jennifer com frieza e arrogância na voz - Eu confio plenamente em Brad, delegado. Vocês estão só prendendo as pessoas que aparece na cena do crime e depois as soltam. Foi assim com o Mike Gardner e é assim com o Brad. Vocês não tentam investigar mais, não?

- Obrigado pela opinião, srta. Wilson, também confio no seu irmão e gosto de como ele nos ajudou nos últimos dois anos - disse o delegado Johnson.

- É, né, o futuro delegado da cidade de Sunfield - disse Jennifer revirando os olhos e depois coçando-os - Posso me retirar?

- Claro...

Jennifer não esperou ele completar de falar para se levantar da cadeira e dar uma última olhada sombria no delegado antes de se virar e ir embora da sala do delegado.

A garota estava exausta e precisava de uma cama para dormir e descansar para o próximo dia. Ela pretendia investigar tudo no lugar dos polícias que pareciam não estar se importando.

A Noite MortalOnde histórias criam vida. Descubra agora