Falha no plano

3 1 0
                                    

O tempo passava e Harry Carpenter não chegava, o que estava assustando um pouco eles.

Uma ou duas vezes, Samuel foi até Jennifer e Jack e lhes entregaram chocolates — que pegara do supermercado, para tirar a fome deles enquanto Harry não chegava.

Vinte minutos depois de terem chegado no shopping ainda construído, um vulto passou pela porta e andava lentamente. Era Harry, com o peito subindo e descendo por conta do cansaço de andar demasiado.

Samuel respirou fundo enquanto via Harry se aproximando lentamente. Samuel queria ver o Harry de antes de mil e novecentos e sessenta e cinco. Jennifer semicerrou os olhos ao ver Harry ali. Jack fez o mesmo.

Harry estava com a faca na mão, mas segurando-a frouxamente. Samuel ficava parado sem se mexer um músculo. O mascarado parou quase dois metros de distância de Samuel.

Nada ocorrera. Estava dando certo. Harry estava parado apenas respirando e olhando para Samuel, cujos olhos se encheram de lágrimas. Samuel não sabia o que estava fazendo, mas sua mão direita foi lentamente para o rosto coberto do outro, agarrou a tela juta e, com muito cuidado e leveza, retirou o saco da cabeça de Harry Carpenter.

Este Harry Carpenter possuía uma pele repleta de rugas e sua barba ainda estava crescendo. Seus cabelos estavam rebeldes e horrivelmente sujos e louros. Seu olhar era frio e sem expressão, mas sua expressão mudava aos poucos ao decorrer dos segundos longos que ficaram se olhando.

Lágrimas escorriam dos olhos de Samuel e rolavam por sua bochecha lentamente, fazendo um pouco de cócegas no local. Jennifer viu algum sorriso fino e frio na boca de Harry de longe.

– Samuel?

– Harry – assentiu Samuel sorrindo e ele passou e mão pela bochecha de Harry. Jennifer chorava junto e Jack provavelmente também estava.

"Cadê eles?" pensou Samuel com o coração pulando.

Jennifer e Jack estava achando aquilo tudo muito lindo para conseguirem fazer alguma coisa. Jennifer estava com os olhos repletos de água que escorriam pelo rosto e Jack estava se identificando com ele e Charles.

Harry segurou mais forte a faca, Samuel percebera aquilo, mas a faca já tinha penetrado no abdômen de Samuel. Jennifer e Jack se assustaram com o grito pavoroso de Samuel, que tornaram a correr atrás deles.

Mais passos tornaram a aparecer na porta do shopping. Eram Hannah, Michael e Brad. Hannah, ao ver uma madeira apoiada na parede, apanhou-na e acertou sua ponta na cabeça de Harry. Que caiu com um baque forte no chão, deixando a faca parada no abdômen de Samuel.

Harry não parara. Ele estava realmente louco e precisava ser morto. Samuel caíra para trás com a faca ainda dentro de si. Jennifer foi até o homem que ofegava demasiado. Olhou-o com um olhar culpado. 

– Me desculpe, Samuel, sério, é que... – sussurrou ela e então ela se virou para Jack – PREPARE O CARRO, VAMOS PRO HOSPITAL!

Jack girou os calcanhares e correu em direção ao estacionamento. Jennifer voltou a olhar para Samuel, que estava começando a ficar fraco. Seu sangue derramava pelas vestes e, pela primeira vez, Samuel estava sendo machucado e, lentamente, Jennifer retirava a faca de seu abdômen e em resposta Samuel ficava aos berros de dor. Michael retirou sua blusa xadrez esverdeada e entregou à Wilson para parar o sangramento.

– Hannah... Brad e Michael... – sussurrou a garota enquanto amarrava a blusa no local da facada em um Samuel fraco e com gemidos de dor – Levem ele para o hospital junto com Jack. Eu vou matar esse filha da mãe.

Hannah e Michael, em cada braço de Samuel, levou ele para fora do shopping enquanto Jennifer fitava Harry, irmão de sua mãe, com o olhar mais frio que Brad já vira. O garoto tornou a seguir o casal a sua frente.

Jennifer pegou a faca suja de sangue de Harry e ajeitou ele para que seu corpo ficasse reto. Ela ergueu a faca e começou a chorar e a ofegar. Ela iria matar o homem que tentou matar sua melhor amiga e que matou sua mãe. O homem enlouquecido que tentou matar a única pessoa que lhe amou verdadeiramente e que matou o cara que fez ele sofrer. Jennifer Wilson iria fazer isso para que nenhum Sunfielder pudesse sofrer. Nem Jack, nem Hannah, nem Brad, Michael tampouco. Nem... Chuck, nem as sras. Houston e Ballard. Nem aos Springvillers e tampouco os Newitzcounters. Nem ela mesma.

Ela sentiu a mão de Harry acertar seu rosto inesperadamente com demasiada força que fez ela cair para o lado e a faca cair no chão ao lado do assassino. Ele se desvencilhou do corpo da garota e apanhou a faca. A garota se arrastou para fugir dele e depois se levantou, com uma dor latejante do lado do rosto. 

Ela começou a correr para longe do homem que corria atrás dela e tornou a ficar gritando para ver se alguma ajuda à recorria. Uma outra figura entrava em cena e corria mais rápido que Jennifer e Harry. A figura ofegava enquanto corria e, quando Harry conseguiu uma boa distância para esfaquear as costas da garota, a figura pôs-se contra a garota e foi esfaqueado no peito, dando um último suspiro antes de cair no chão.

Jennifer berrou ao ver que Brad se sacrificara por ela. Em choque, ela assistiu Harry retirar a faca do peito do garoto e, por último, chutar com força sua cabeça. O assassino se virou para a mesma, que se libertou do choque e começou a correr. Jack apareceu através das portas duplas e agarrou a mão da irmã antes de levá-la para dentro de seu carro vazio ­— Hannah e Michael já tinham levado Samuel para o hospital.

Harry bateu com força no carro antes de Jack dar partido em alta velocidade. Jennifer chorava baixo ao perceber que abandonou o rapaz que se acabara de sacrificar por ela. Jack estava respirando pesado e muito rápido. Olhava entre Jennifer e em sua frente várias vezes.

– Ele deve imaginar que estamos indo para o hospital, o que será benefício para nós podermos preparar as armadilhas em casa – explicava-se Jack depressa – e o prejuízo para Hannah e Michael que realmente estão lá.

– Foi uma falha no plano horrenda – afirmou Jennifer em voz baixa e Jack assentiu fazendo barulho com a boca – Precisamos avisar à polícia.

Jack, de súbito, freiou o carro, fazendo a cabeça de Jennifer ir para frente e para trás, batendo nas costas do banco do carro. Jack colocou a mão para trás e agarrou algo e trouxe para perto de seu peito. Era seu rádio walkie-talkie. Jennifer não viu o que fazia, só que ele dizia no rádio para que a polícia fosse até a construção do Shooting Star Mall, sem se identificar, e então voltou a dirigir.

Eles pararam o carro no gramado da casa, ao invés de estacionar na rua, e saiu depressa do carro junto a Jennifer. Eles subiram rapidamente o primeiro andar da casa e, em seguida, eles entraram para dentro da casa. Eles iluminaram toda a casa e então foram à cozinha.

– Poderíamos atirar fogo na casa – solicitou Jack.

– Não temos outra casa.

– Então usamos um machado nele assim que ele en...

– Onde você deixou a chave do carro? – escapuliu Jennifer. Ela colocou a mão na boca e então arregalou os olhos.

– Na ignição – respondeu Jack confuso – Por quê?

Jennifer não entendera porque ela fez aquela pergunta. Literalmente escapuliu de sua boca. Ela tirou a mão próximo a boca lentamente e Jack franziu o cenho. Mas depois arregalou os olhos e então berrou:

– MEU CARRO!

Eles correram até o hall de entrada e depois abriram a porta principal para ver se tinha alguém no carro. Bem, dentro do carro, não, mas ao lado estava. A figura familiar, Harry Carpenter, olhou para os garotos e então entrou para dentro do carro e Jack correu até o automóvel, mas Harry já havia dado ré e ido embora, junto com o rádio e os armamentos.


A Noite MortalOnde histórias criam vida. Descubra agora