Duplo assassinato

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Eles chegaram na Biblioteca Pública de Sunfield depois de vinte minutos. O carro de Jack, que foi dirigido por Jennifer, parou no estacionamento da biblioteca e depois os três saíram.

Eles subiram os degraus de pedra da escada da Biblioteca, uma construção com quatro torrinhas de teto azul-turquesa nas quatro pontas de uma estrutura quadrada com o teto em formato de pirâmide também de cor azul-turquesa.

Eles entraram na Biblioteca e agora estavam na recepção, um local de paredes amareladas com alguns quadros de pessoas importantes da literatura mundial. Jennifer viu William Shakespare, Machado de Assis — que ela nunca ouvira falar, Virginia Woolf, Stephen King, entre vários outros nomes; havia uma bancada de madeira e vidro onde ficava a recepcionista da biblioteca e ao redor das paredes havia bancos longos de madeira e vasos de altas plantas. Na parede de trás da bancada, havia dois portais (na extrema esquerda e na extrema direita) que levavam as prateleiras e mesas redondas repletas de livros antigos ou recentes, livros que existem desde o século dezenove até o século vinte.

A recepcionista era uma mulher de cabelos bem penteados e loiros quase grisalhos, possuía óculos redondos e rugas eram apresentadas em seu rosto. Ela sorriu bondosa para os garotos.

– Como vai, sra. Ballard? – cumprimentou Jennifer sorrindo para a mulher e a sra. Ballard ficou contente de vê-la.

– Olá, srta. Jennifer – cumprimentou a bondosa mulher e ela se virou para Jack – Bom dia, sr. Jack – Ela se virou para Charles – Bom dia, sr..?

– Chuck. Charles Moody – respondeu Charles sorrindo educado para a mulher e ela assentiu.

– Prazer em conhecê-lo, sr. Charles – disse a mulher sorridente e depois ela se virou para Jennifer novamente – O que gostaria de consultar, srta. Jennifer?

– Eu queria a chave da sala de microfilmes – pediu Jennifer de uma forma mais educada que o habitual, para persuadir a mulher.

– Oh, sim, srta. Jennifer, o garoto Gardner já está lá – disse a sra. Ballard – Ele veio procurar algumas coisas sobre o cara que fugiu do Manicômio de Aliquippa.

– A senhora sabe quem é? – perguntou Jennifer curiosa, colocando os braços no balcão e a sra. Ballard olhou para os lados antes de aproximar a face da de Jennifer.

– Arrisco dizer que fora o rapaz que matou os pais há dezenove anos atrás – respondeu a sra. Ballard em voz baixa – Entre lá e descubra se estou certa...

– Acabei de lembrar! – exclamou Charles em voz alta, sem querer, e depois todos se viraram para ele – O último caso antes do que está acontecendo agora foi em Springville. Um cara chamado Bob Hopper disse ter visto um esqueleto humano no sul. Quatro dias depois ele estava morto.

– Deus o abençoe. Eu lembro daquele rapaz – disse a sra. Ballard e todos se viraram para ela – Foi em 1978 o que aconteceu com ele. Tinha vinte e dois anos na época. Agora vão.

Os três assentiram e foram embora da recepção, deixando a sra. Ballard cabisbaixa ao lembrar do rapaz assassinado. Quem sabe ela tinha afeição pelo mesmo, pensou Jennifer.

Eles atravessaram a sala das prateleiras, onde o teto era abobado havia vários livros espalhados e empilhados, pessoas de lá pra cá, mesas ocupadas e um cheiro suave de lavanda pairava sobre o ar.

Eles passaram por uma porta e entraram numa sala onde havia uma escada em espiral de pedra que subia para o andar de cima e os três subiram-na.

Agora estavam numa sala do tamanho da recepção, com prateleiras de metal com várias fitas de microfilmagem e gavetas com categorias de microfilmes.

No centro da sala, havia um espaço para as máquinas leitoras de microfilmagem. As prateleiras eram organizadas por décadas. Os três entraram na área de prateleiras de microfilmagens da década de 1960.

– Procurem pelo jornal do estado, do condado, das cidades próximas, principalmente de Aliquippa e Sunfield – disse Jennifer num tom mandão e os garotos assentiram.

– Jennifer? – chamou uma voz conhecida num canto da sala. Michael Gardner apareceu com roupas amarrotadas. – O que está fazendo aqui?

– O mesmo que você – respondeu Jennifer – Soube que Brad foi levado pra delegacia?

– Ainda acha que foi eu que tentei matar a Hannah? – perguntou Michael num tom ameaçador natural do garoto.

– Não. Sei que não foi.

– Eu descobri algo.

Michael levou a garota para uma das máquinas de microfilmes e deixou ela se sentar na cadeira defronte a máquina ligada numa edição antiga do The Three Sisters Herald.

– Aqui, está vendo? É do Three Sisters – ele disse apontando para a tela, na parte que mostrava THE THREE SISTERS HERALD – Agora leia.

THE THREE SISTERS HERALD
– 19 de Agosto de 1966 –

ASSASSINATO EM MASSA NA CASA DOS CARPENTER

Ontem à noite, flagrado com uma faca de açougueiro na mão, estava Harry Carpenter, estudante do Colégio Sunfield. O garoto estava defronte a sua casa na 1201, Streamside Road — ele havia matado seus pais e quase matou sua irmã, Britney Carpenter...

Jennifer parou de ler ao ver uma imagem de uma família bem-sucedida da cidade na época. Havia um homem alto e calvo de cabelos castanhos e alguns fios grisalhos, uma mulher de cabelos longos e louros — bem bonita por sinal; uma garota de cabelos castanhos e encaracolados com os mesmos olhos de Jennifer e Jack e um garoto de cabelos louro-sujo e bem elegante.

– Essa garota, Jennifer... tá vendo os olhos dela? – perguntou Michael parecendo um tanto desesperado para saberem o que ele havia descoberto.

Jennifer novamente viu a imagem. A família estava no gramado de uma casa. A casa de Hannah. Jennifer observou os olhos idênticos ao dela da garota da imagem. Jack apareceu ao lado de Charles com algumas fitas de microfilmagem nas mãos.

– Como vai, Michael?

– E aí, Jack!

Jack ficou ao lado de Jennifer e olhou para a reportagem do jornal por cima do ombro da garota. Ele deu uma olhada na imagem e depois arregalou os olhos.

– Não é a casa da Hannah? – perguntou Jack colocando as fitas na mesinha ao lado da máquina e depois apontou para a casa na imagem. Ele girou o olhar para as pessoas da foto – Não é a..?

– Mamãe...

Jennifer estava incrédula do que acabara de ver. Britney Carpenter era a mãe de Jennifer. Não podia ser. Sua mãe se chamava Tiffany, não Britney. Mas elas eram tão parecidas que Jennifer não queria acreditar nisto. O assassino, o garoto louro e bonito, na verdade era o tio de Jennifer e Jack e ele matara os pais em 1966 e a irmã em 1985.

Mas por que ela disse que amava o irmão? O que ele havia feito para acontecer isto? A mente da garota estava toda embaçada.

– E não é só isso – disse Michael e todos se viraram para ele, exceto Jennifer, que estava vidrada na imagem da mãe sorrindo para a foto – O cara que fugiu do Manicômio de Aliquippa é ele.

– Já imaginávamos – disse Jack em voz baixa e ele deu um longo suspiro.

A Noite MortalOnde histórias criam vida. Descubra agora