Capítulo 1- A Cortina Constelada

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Central ao nada, onde a noite cerra,

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Central ao nada, onde a noite cerra,

Fica o eterno Ateliê de Rascunhos,

Alheio ao tempo, alheio à terra.

Lá jaz Ela e, de seu próprio punho,

Pinta a arte, pinta os mundos, e pinta a guerra.


Acordou, finalmente.

Isso vai ser interessante.

Deitado, ele abriu os olhos para a abóboda escura e estrelada que o encarava, indecifrável, e se perguntou o que seriam aquelas luzes. Ainda que para alguns seja algo óbvio, para ele não fora, pois sua mente encontrava-se em branco, sem memórias, sem passados; apagados como se nunca houvessem existido.

Ainda que desconhecesse a natureza dos pontos brilhantes, a beleza deles o cativou da mesma forma e, sem baixar o queixo, pôs-se de pé.

Naquele instante eu observava um garoto vestido com um manto simples, parado em um gramado e olhando para um céu noturno com a confusão estampada no rosto. Aparentava muito mais idade do que realmente tinha, possuindo o corpo de alguém que não é nem criança nem homem. Não era particularmente bonito nem feio, pois já existem pessoas imensamente lindas neste mundo, assim como imensamente feias, e não foi para preencher essa vaga que ele despertou sob o gramado iluminado pela luz estelar.

Mais do que eu esperei durou seu fascínio por aquele céu, mas, como eu sim esperei, esse tempo foi finito, pois para ele algo parecia errado. A interrupção daquele olhar distante veio na forma do estranhamento pela borda do gramado. Ao passo que a paralaxe estelar estava perfeita, uma impecável ilusão de profundidade, o súbito término do céu nas proximidades do chão revelara sua natureza: de que estava em uma pequena redoma de diâmetro pouco maior que um cômodo de uma torre em um deserto. Uma semiesfera, como uma deliciosa refeição em uma elegante bandeja de tampa de prata.

Movido por um misto de curiosidade, maravilhamento e assombro, levou sua mão tateante de encontro ao ponto na borda do firmamento e, igual uma cortina ao vento, o véu celeste tremulou, momentaneamente quebrando a tão bem feita paralaxe. Com os pulsos tremendo agarrou aquele pano pintado de cosmo e o abriu, revelando uma imensidão medonha, escura, vazia.

Cambaleando, deu um passo para trás. Estava ofegando.

Em seguida, sentou-se no centro daquele pequeno círculo verde, bem de onde havia despertado, para que pudesse refletir. Entretanto, é claro, sua mente estava agitada demais para que conseguisse raciocinar. A folha em branco que era minutos atrás se tornou um turbilhão interrogativo, lotada de perguntas de difíceis respostas como "Quem sou eu?", "Por que não me lembro de nada?" ou "Por que estou aqui?", além de outras mais simples de serem respondidas como "onde estou?".

Você está em uma redoma flutuando pelo vazio, obviamente. Isso você já viu.

Finalmente, após uma eternidade ponderando hipóteses totalmente incorretas sobre a natureza de sua situação, ele chegou à decisão, um pouquinho insana, com a qual eu contava.

Aproximou-se da borda, arregaçou aberto aquele pano, virou-se para trás;

Deu um último adeus às falsas estrelas que o recepcionaram;

E pulou.

E pulou

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