CAP 20

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Naquele momento Natália havia colocado Carol deitada, com ambas as pernas em cima da bola suíça.

Em movimentos circulares, ela girava as pernas de Carol sobre a bola, ensinando-a como deveria fazer posteriormente.

- Me diga se algo te incomodar, tudo bem? - Natália pediu e Carol assentiu, fascinada em sentir seu corpo se movendo daquele jeito.

Era uma brincadeira engraçada. Seus olhos alternavam entre suas pernas e Natália,que tinha uma expressão suavizada, porém concentrada em seu rosto.

Carol suspirou, Natália ficava muito bonita com aquela roupa branca que costumava usar no hospital.

Seus olhos não deixaram de notar a tira preta do maiô de Natália, levemente à mostra, o que a lembrava que elas logo entrariam na piscina.

Natália sorriu para ela e sua mente vagou para algo que ela precisava compartilhar urgentemente com Natália, era algo crucial.

- A professora me ensinou um montão de coisas e ainda me deixou escrever de caneta. Pode acreditar? - Carol disse, animada demais por aquele simples fato, tendo em vista que quando tinha seus seis anos escrevia apenas de lápis.

- Isso é realmente incrível. - Natália disse rindo, segurando com cuidado um pouco abaixo do joelho da garota para continuar a girar seu corpo.

- Tive aula esta manhã também. - Carol disse. - E dessa vez foi com três pessoas da idade da mamãe.-  Natália franziu o cenho e fitou Esther.

- Eles estão se alfabetizando só agora e achei legal ela se enturmar com pessoas mais velhas. - Explicou, vendo Natália assentir.

- A Vanda disse para eu ver séries adolescentes. - Carol disse sorrindo.

- Incrível, mas vamos lá. Acha que pode fazer isso sozinha? - Natália perguntou, vendo Carol fazer uma careta.

- Assistir séries? - Ela perguntou confusa, ouvindo uma doce risada sair dos lábios de Natália.

- Não, Carol. Me referia aos movimentos. - Explicou com um sorriso.

- Não sei. Se você está fazendo já me faz sentir dor imagina se eu fizer sozinha?

- Você está com dor? Por que não me disse? - perguntou preocupada. - Onde dói?

- Minha barriga. - Carol disse, levando uma mão até a beira de sua camisa e subindo-a. Bem aqui. - Colocou a mão sobre o ventre, fazendo Natália franzir o cenho.

- Essa dor começou quando? - Natália indagou.

- Quando você começou a mexer assim. - Explicou, paralisando no mesmo momento. Ela ficou alguns segundos parada, sem dizer nada ou sequer se mover, até que seus cílios começaram o tão famoso show, tocando-se tão rápidos quanto podiam. - Mamãe - Disse alto.

- Sim? - Esther perguntou surpresa pelo tom desesperado na voz de sua filha.

- Eu... Eu... - Sua respiração começou a se acelerar e então a garota caiu no choro, fazendo ambas lhe fitarem preocupadas.

-- O que houve, querida? - Esther perguntou, se agachando ao lado da filha.

- Eu não queria. Eu juro! - Disse ainda chorando. - O que deu nela?

Ela estava bem até alguns segundos atrás, pensou Esther.

- Carol, seja lá o que tenha acontecido, está tudo bem. - Natália disse brandamente, vendo Carol negar freneticamente a cabeça. - O que houver?

-Eu... - Um pequeno soluço foi sufocado. - Acho que fiz xixi na roupa. - Esther arregalou os olhos diante à declaração e automaticamente seus olhos desceram para a região, porém estava seco.

- Querida, você não fez xixi. Está seca.- Ela informou, vendo Carol voltar a soluçar e enxugar uma lágrima antes de erguer a cabeça e ver por si própria.

- Mas eu senti. - Ela afirmou, não convencida do que via. Suas mãos foram para o cós do short de lycra, subindo-o junto com sua calcinha, apenas para arregalar os olhos e começar um choro compulsivo.

- Filha, o que...

- Eu vou morrer, mamãe. - Carolina disse chorando ainda mais, fazendo uma força extra para remover as pernas de cima da bola. - Me ajuda! - Pediu, sentindo a mulher Ihe abraçar e trazer seu corpo para seu colo.

- Eu acho que tenho uma ideia do que esteja acontecendo aqui. - Natália disse um pouco consternada.

- Tem sangue. - Carol disse entre os soluços, fazendo Esther cair em si.

Um pequeno sorriso divertido apareceu nos lábios de  Natália antes de se levantar e ir até sua bolsa.

-Tome. - Ela disse assim que voltou, entregando um absorvente para Natália. - Está perto de vir para mime por isso ando prevenida.

- Filha, você não está morrendo, meu amor. - Esther disse, porém foi em vão, o choro continuava.

- Carolina, acontece com todas as mulheres quando ficam grandinhas. - Natália disse se sentando ao seu lado e acariciando suas costas. - Vai acontecer comigo em alguns dias também. É algo que vem todos os meses. - Explicou, vendo Natália se virar para ela, focando toda a sua atenção em seus olhos.

- Todos... os meses? - Perguntou soltando um solução involuntariamente.

Seus olhos avermelhados fizeram Natália sentir urgência em acalmar a garota.

-Sim. - Natália disse, segurando sua mão e levando até seus lábios, depositando um beijo sobre a pele.

- Então eu não vou morrer? -  perguntou, vendo a outra mão de Natália enxugar suas lágrimas.

-Todos nós iremos morrer um dia, mas não por isso. Natália disse sorrindo, vendo o olhar assustado de Carol se transformar em confuso.

- E o que eu faço agora? - Indagou.

- Eu dei um pacotinho para a sua mãe e ela te ensinara como usar. - Explicou. - Tem chuveiros no banheiro esquerdo.

- Mas e a dor? É normal? - perguntou.

- Se chamam cólicas e algumas de nós, infelizmente, sofremos com isso. - Disse fazendo uma careta. - Vá com a sua mãe tomar um banho e vestir a roupa que usaria depois da piscina. Eu vou até a outra ala do hospital pegar um remédio para sua dor e você vai ficar bem, tudo bem?

- Nat, depois você vai fazer carinho na minha barriga para passar? - Perguntou em uma careta de dor e Natália assentiu.

- Faço, anjinho. - Disse, envolvendo seus braços ao redor da garota e ajudando Esther a colocá-la na cadeira. - Nos vemos em alguns minutos.

- Não demora? Dói muito. - Pediu, sentindo os lábios macios de Natália tocarem a pele de seu rosto.

- Eu vou tão rápido que você nem vai perceber que eu fui. - Disse, sentindo Carol entrelaçar seus dedos por alguns segundos.

- Tudo bem.-  Disse, soltando os dedos de Natália quando sua mãe começou a empurrar a cadeira para longe da garota. - Já estou percebendo, nat. - Ela gritou de longe, fazendo Natália gargalhar graciosamente antes de correr em busca do remédio que prometera à Carolina.

Em um piscar de olhos - adaptada versão Narol Onde histórias criam vida. Descubra agora