De todas as coisas que Natália já havia feito em sua vida, essa definitivamente era uma das mais corretas, julgava por ela. Seu dedo voltou a pressionar a campainha e no segundo seguinte Beatrice abriu a porta.
- Olá! - Esther recepcionou com um enorme sorriso. -Por favor, entrem. - Ela disse para Natália e seus amigos.
Todos haviam sido convidados para o Natal, afinal quanto mais gente melhor para Esther. Este seria o primeiro natal que passaria em sua casa desde que se acidentaram anos atrás. O primeiro Natal que passaria longe do hospital.
- Eu gostaria de agradecer por ter convidado meus amigos. - Natália disse, entrando na casa. Natália apresentou Pedro a Esther e todos retiraram seus casacos, dando uma boa olhada pela casa. Os olhos de Natália se prenderam em Carol,mas ela os desviou rapidamente. Primeiro tinha algo a fazer. - Podemos conversar um minuto a sós, Esther?
- Bem. - Esther disse arqueando uma sobrancelha. - Claro, me acompanhe até a cozinha. Pediu. - Vocês fiquem à vontade. Já voltamos.
Natália acompanhou Esther até o cômodo, sentindo o delicioso cheiro de algumas coisas que já estavam sendo preparadas. A empregada estava cozinhando, porém Natália não se importou com sua presença, afinal a mulher usava fones de ouvido e dançava feito louca enquanto cortava algumas batatas.
- Pois não? - esther perguntou e Natália suspirou, vendo a mais velha se debruçar sobre o balcão.
- É sobre Carol. - Disse, vendo Esther piscar ainda calada, esperando por algo a mais.
O que tem ela? - Perguntou naturalmente.
-Hm, ontem ela... Digo, isso já velo de antes, desde o assunto das flores. - Esther franziu o cenho, segurando o riso pelo aparente nervosismo de Natália. - A massagem também foi um sinal, mas talvez ela nem saiba o que esteja passando.
- Compreendo. - Esther disse, balançando a cabeça, fazendo Natália gargalhar no momento seguinte.
- Desculpe. Não falei nada coerente, é que estou muito nervosa. - Disse, enxugando o suor das mãos na calça jeans.
- Tudo bem, querida. Não se preocupe. - Esther disse com gentileza.
- Eu não sei bem como isso aconteceu, mas eu gosto da sua filha de um jeito mais intenso do que eu creio que deveria. Eu peço perdão por isso, eu realmente não sei como controlar e eu não quero que a senhora pense que eu estou me aproveitando dela, porque eu não estou.
- Gosta dela romanticamente, você quer dizer? - Esther perguntou e Natália assentiu um pouco hesitante.
- Ontem ela meio que, hm, me beijou. -- Confessou temerosa. - Não foi um beijão, foi um simples esbarrar de lábios, mas eu definitivamente não queria te esconder isso. Se a senhora achar que devo me afastar eu entenderei, apesar de realmente querer ficar por perto.
- Eu já sabia sobre o beijo. - Esther disse, vendo Natália a olhar surpresa. - E não quero que se afaste de Carol, Natália. De onde tirou isso?
- Não sei. Só entendo que ela tem coisas para lidar: A fisioterapia, as aulas, a readaptação com tudo.
- E você faz tudo ser mais fácil para ela. - Esther
disse. - Olhe, criança, se você for paciente e não for machucar a minha menina, estou mais do que de acordo com isso. -Confessou.- Conversei com Carol ontem, ela está confusa e acha que você está brava com ela. -Compartilhou. - Isso não será fácil, ela ainda é, na maioria das vezes, a Carolina ingênua.- Eu sei. Natália disse, ligeiramente mais aliviada.- Eu não pretendo acelerar as coisas. Eu sequer sei como agir, para ser sincera. - Confessou envergonhada.
- Que tal agir como sempre, hm? - Esther propos. Isso realmente soa agradável para todos.
Após a conversa com Esther, ambas voltaram à sala.
Todos estavam sentados no sofá devorando algumas jujubas que Carol havia oferecido. Os olhos de Natália focaram em Carol, ela usava um vestido rosa com as bordas pretas rendadas.
-Oi. - Natália disse docemente assim que se aproximou de Natália. Carol estava ao lado da árvore de natal com Leo sobre as pernas, na cadeira de rodas.
- O Leo sentiu saudades, Nat. - Carol disse, vendo Natália sorrir e se abaixar diante dela.
- Só o Leo? - Natália olhou para os pisca-pisca de natal um pouco hesitante.
- A mamãe também. - Natália não resistiu em rir.
- Eu também senti saudades deles. - Disse, apesar de ter passado apenas vinte e quatro horas. - E de você mais ainda. Os olhos esverdeados encontraram os olhos castanhos e Carol sentiu seu coração saltar em seu peito.
- Você não ficou brava? - Ela perguntou e Natália negou com a cabeça.
- Não fiquei. - Confessou.- Acho que te devo um
pedido de desculpas.- Por quê?
- Por ter saído daquele jeito ontem e, provavelmente, ter te deixado confusa. Não foi a minha intenção. - Carol piscou algumas vezes antes de dizer algo.
- Você caiu na neve? - Natália riu e mordeu seu lábio inferior.
- Sim. - Disse, vendo os olhos de Carol percorrerem seu corpo em busca de algum hematoma. - Não se preocupe, a blusa amorteceu a queda.
- Nat... - Carol chamou com o dedo indicador, fazendo Natália se inclinar para que ela pudesse dizer algo em seu ouvido. - Me desculpa?
- Por quê? - Natália perguntou confusa.
- Por ontem.- Confessou acariciando o ursinho em seu colo. - Por tudo. Eu não quero que você và embora porque eu sou uma boba.
- Você não é uma boba, Carol. Eu que fui. - Natália disse.
- Você não, nat. - Carol disse com veemência.- Eu prometo não fazer de novo. - Os olhos de Natália foram atraidos pela risada alta de Bruno, que comia um cachorro quente que uma das empregadas estava servindo enquanto conversava com Esther e seus amigos.
- Eu gostei do que você fez, Carol Eu só... Não estava preparada. - Natália informou, vendo Carol começar a acariciar sua mão, que estava sobre sua pema.
- Não ficou brava mesmo? Jura de dedinho?
- Juro, princesinha, mas me diz, por que fez aquilo?- Carol pareceu pensar por alguns milésimos de segundos.
- Não sei, parecia certo. - Disse brincando com os dedos da menor. - Eu gostei, mas você foi embora.
- Prometo nunca mais ir embora, tudo bem? - Natália disse, se levantando e deixando um demorado beijo na testa de Carol.
- Tudo bem. - Disse, tendo o início de um sorriso nascendo em seus lábios. - Nat, adivinha quantos dedos term aqui? - Disse, tampando os olhos de Natália com uma mão e estendendo outra com três dedos esticados.
- Hmm, deixa eu ver... cinco. - Natália chutou e Carol retirou sua mão da frente do olho de Natália para que ela pudesse ver.
- Errou! - Disse rindo.
- Não errei não. Tem cinco dedos, dois abaixados e três esticados. Você não especificou. - Carol entortou a boca e franziu o cenho, parecendo verdadeiramente pensativa.
- Tem razão. Não valeu! - Disse, repetindo a situação enquanto Natália ria.
Ah! Como ela adorava estar por perto de Ana Carolina.
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Em um piscar de olhos - adaptada versão Narol
RomanceAna Carolina Rozelli tinha apenas seis anos quando seus decidiram tirar as tão famosas férias. Iriam pro Canadá, porém o destino lhes foi cruel, causando o choque em um caminhão desgovernado contra o carro onde estavam durante o caminho para o aerop...