Esther não era boba, sabia que algo não estava certo; conhecia sua filha o suficiente para ver sua expressão triste e confusa.
A mulher retirou seu casaco e o pendurou, caminhando até o sofá e se sentando ao lado da garota.
- O que houve, querida? - Perguntou com doçura, pois não queria de maneira nenhuma assustar sua filha.
Carolina entortou o canto dos lábios e negou com a cabeça.
- Eu não sei, mãe. - Ela disse, tentando discernir o que estava acontecendo.
- Por que essa carinha triste?
- Eu... Seus olhos verdes encontraram o de sua mãe e por um momento ela corou, desviando o olhar para qualquer outro ponto. - Eu não sei o que está havendo comigo.
- Tente explicar para mim, hm? Quem sabe eu possa te ajudar. - Esther disse, vendo Carol se virar de frente para ela e assentir com a cabeça.
- Está bem. - Disse, deixando seus ombros caírem.- Desde que eu acordei no hospital eu gosto da presença da Natália, mãe. - Ela confessou. - Mas não é igual antes, com as minhas amiguinhas da escolinha, ela é uma amiga diferente.
- Diferente como? - Esther perguntou, já tendo uma leve noção do que se tratava, mas mesmo assim querendo ouvir de sua filha.
- Eu não sei. - Disse en un suspiro frustrado. - Eu gosto de colorir, mas aí de repente não estou mais prestando atenção no desenho, estou lembrando de como ela sorri quando me conta uma história. Eu estou confusa; eu... - Sua voz se perdeu quando ela começou a chacoalhar a cabeça e seus olhos começaram a tremer, seus cilios piscaram e ela bufar irritada.
- Calma, meu bem . - Esther pediu, pegando uma das mãos de Carol e acariciando
- Não. Eu... Eu não gosto disso. A nat ficou brava comigo por isso. - Disse piscando ainda mais, seu rosto levemente corando pela fúria de si mesma.
- Ela ficou brava? - Esther indagou.
- Eu acho que sim. - Carol disse, suspirando pesadamente. - Eu vi alguns filmes onde duas pessoas se beijavam. - Explicou, começando a brincar com os dedos de sua mãe, que não se importou com aquilo. - E eu entendi que o que eu sentia quando estava perto dela. Era isso que eu queria fazer, mas eu não sabia antes.
- E você disse isso a ela?
- Não. Eu mostrei. - Falou, olhando para sua mãe com a expressão repleta de culpa. - Liga para ela e pede desculpas por mim? Eu prometo de dedinho que não vou fazer mais isso. - Falou levemente afobada. - Mãe, eu juro que guardo a vontade na caixinha de segredos do coração e não faço mais, mas pede para a nat não ficar brava comigo, por favor...
- Querida, você a beijou? - Esther ainda estava presa naquela informação, boquiaberta e surpresa demais para dizer qualquer outra coisa.
- Eu... Não sei o que está acontecendo comigo. - Ela disse tristemente. - Meu cérebro quebrou em algumas das cirurgias e não voltou mais ao normal, mamãe.
- Querida, o que está acontecendo com você é absolutamente normal. - Explicou brandamente. - E aposto que Natália não ficou brava, talvez surpresa.
- Ela me disse no hospital que também sente as florzinhas. - Confessou cabisbaixa. - Eu pensei que ela... Eu pensei... - Bufou.- Eu não sei o que eu pensei. Eu não gosto de ter o cérebro quebrado. - Esther riu e acariciou os cabelos de Carol.
- Seu cérebro não está quebrado. Deixa a mamãe te contar algo. - Esther começou, pacientemente.-: Quando eu conheci o seu pai, eu me sentia exatamente igual a você: Confusa. Eu só pensava nele o dia todo e de como ele reagiria a algo que eu lhe contasse.
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Em um piscar de olhos - adaptada versão Narol
RomanceAna Carolina Rozelli tinha apenas seis anos quando seus decidiram tirar as tão famosas férias. Iriam pro Canadá, porém o destino lhes foi cruel, causando o choque em um caminhão desgovernado contra o carro onde estavam durante o caminho para o aerop...