CAP 22

137 23 9
                                    

Esther não era boba, sabia que algo não estava certo; conhecia sua filha o suficiente para ver sua expressão triste e confusa.

A mulher retirou seu casaco e o pendurou, caminhando até o sofá e se sentando ao lado da garota.

- O que houve, querida? - Perguntou com doçura, pois não queria de maneira nenhuma assustar sua filha.

Carolina entortou o canto dos lábios e negou com a cabeça.

- Eu não sei, mãe. - Ela disse, tentando discernir o que estava acontecendo.

- Por que essa carinha triste?

- Eu... Seus olhos verdes encontraram o de sua mãe e por um momento ela corou, desviando o olhar para qualquer outro ponto. - Eu não sei o que está havendo comigo.

- Tente explicar para mim, hm? Quem sabe eu possa te ajudar. - Esther disse, vendo Carol se virar de frente para ela e assentir com a cabeça.

- Está bem. - Disse, deixando seus ombros caírem.-  Desde que eu acordei no hospital eu gosto da presença da Natália, mãe. - Ela confessou. - Mas não é igual antes, com as minhas amiguinhas da escolinha, ela é uma amiga diferente.

- Diferente como? - Esther perguntou, já tendo uma leve noção do que se tratava, mas mesmo assim querendo ouvir de sua filha.

- Eu não sei. - Disse en un suspiro frustrado. - Eu gosto de colorir, mas aí de repente não estou mais prestando atenção no desenho, estou lembrando de como ela sorri quando me conta uma história. Eu estou confusa; eu... - Sua voz se perdeu quando ela começou a chacoalhar a cabeça e seus olhos começaram a tremer, seus cilios piscaram e ela bufar irritada.

- Calma, meu bem . - Esther pediu, pegando uma das mãos de Carol e acariciando

- Não. Eu... Eu não gosto disso. A nat ficou brava comigo por isso. - Disse piscando ainda mais, seu rosto levemente corando pela fúria de si mesma.

- Ela ficou brava? - Esther indagou.

- Eu acho que sim. - Carol disse, suspirando pesadamente. - Eu vi alguns filmes onde duas pessoas se beijavam. - Explicou, começando a brincar com os dedos de sua mãe, que não se importou com aquilo. - E eu entendi que o que eu sentia quando estava perto dela. Era isso que eu queria fazer, mas eu não sabia antes.

- E você disse isso a ela?

- Não. Eu mostrei. - Falou, olhando para sua mãe com a expressão repleta de culpa. - Liga para ela e pede desculpas por mim? Eu prometo de dedinho que não vou fazer mais isso. - Falou levemente afobada. -  Mãe, eu juro que guardo a vontade na caixinha de segredos do coração e não faço mais, mas pede para a nat não ficar brava comigo, por favor...

- Querida, você a beijou? - Esther ainda estava presa naquela informação, boquiaberta e surpresa demais para dizer qualquer outra coisa.

- Eu... Não sei o que está acontecendo comigo. - Ela disse tristemente. - Meu cérebro quebrou em algumas das cirurgias e não voltou mais ao normal, mamãe.

- Querida, o que está acontecendo com você é absolutamente normal. - Explicou brandamente. - E aposto que Natália não ficou brava, talvez surpresa.

- Ela me disse no hospital que também sente as florzinhas. - Confessou cabisbaixa. - Eu pensei que ela... Eu pensei... - Bufou.- Eu não sei o que eu pensei. Eu não gosto de ter o cérebro quebrado. - Esther riu e acariciou os cabelos de Carol.

- Seu cérebro não está quebrado. Deixa a mamãe te contar algo. - Esther começou, pacientemente.-: Quando eu conheci o seu pai, eu me sentia exatamente igual a você: Confusa. Eu só pensava nele o dia todo e de como ele reagiria a algo que eu lhe contasse.

Em um piscar de olhos - adaptada versão Narol Onde histórias criam vida. Descubra agora