Sonhos e Sangue

Família

“Quando poderemos reivindicar os dragões, pai?”

Daeron perguntou enquanto olhava duvidosamente para um prato de ostras na frente deles.

“Perguntaremos à sua irmã assim que ela chegar.”

Olhou para o mais novo com olhos cansados. Ontem à noite ele sonhou com Aemma novamente, ela estava parada no canto do quarto dele, olhando para ele sem expressão.

Ela ainda estava em sua maldita camisola, com o estômago aberto. Nos últimos quinze anos, desde o dia em que deserdou Rhaenyra, nunca houve um dia em que o fantasma de sua falecida esposa parou de visitá-lo. Ela estava sempre ali, em um dos cantos, olhando para ele.

A princípio, ele chorou aos pés dela, pedindo perdão que ela nunca dará. Então ele tentou fazê-la entender por que tomou aquela decisão, implorou que ela o deixasse em paz. Ele até se enfureceu e a culpou por fazer dele um monstro.

Ele só queria o herdeiro que viu em seus sonhos. O Príncipe nasceu com a Coroa do Conquistador. Contudo, se esqueceu que quando Daenys sonhou com a Perdição e quando Aegon, o Conquistador, viu os ventos frios que trarão o fim do mundo. Eles receberam um aviso, não uma vitória.

Ele deveria saber que a criança que viu em seus sonhos é o catalisador do fim de sua família. As coisas que ele fez naquele pesadelo miserável, o que deixou que fosse feito em seu nome. Ele não tinha estômago para isso.

Mas ele era apenas uma criança nos braços da mãe, um bebê inocente. O filho dele.

Então, ele fez a única coisa que pôde, mandou Rhaenyra para longe da fossa de sujeira em que a Fortaleza Vermelha havia se tornado.

Estava ciente, é claro, de que estava essencialmente rompendo o parentesco entre eles, de que sua filha, por mais amorosa que fosse, ficaria magoada e os dragões não perdoam tão facilmente.

Ele se assustou quando a porta se abriu novamente e deixou entrar sua filha e sua família.

Se levantou para dar-lhe o devido respeito, para que seus filhos e sua esposa pudessem fazer o mesmo.

"Peço desculpas pelo atraso, Vossa Graça..."

Rhaenyra disse com um sorriso, embora não houvesse uma explicação real para lhes deixar esperando, embora não duvidasse que tivesse a ver com a pequena menina em seu encalço,  segurando firmemente a bainha de seu vestido. Daella, enquanto segurava em seus braços um dos gêmeos.

Ela colocou o bebê entusiasmado em sua cadeira alta, do lado esquerdo, enquanto seu marido puxou a cadeira dela para a cabeceira da mesa.

Lorde Stark colocou o outro gêmeo mais dócil em uma cadeira alta semelhante ao lado dele, enquanto o Príncipe Aegon sentou-se ao lado do bebê.

Do outro lado de Rhaenyra, a princesa Daella foi ajudada em sua cadeira por seu irmão, o príncipe Lucerys, que se sentou ao lado dela.

É muito peculiar a ordem em que se sentaram. Normalmente será baseado em status, à sua direita ao pé da mesa estava sua Rainha e ao lado dela está Helaena, seguida por Daeron, que estava sentado ao lado do Príncipe Jacaerys.

À sua esquerda está seu filho e herdeiro, Aegon, seguido por Aemond. Há um lugar entre seu segundo filho e a Princesa Visenya, ocupado pelo principe Aerys, E então do lado de sua neta mais velha estava suas netas Alhzsa e Aemma, que ficava ao lado do seu pai.

“Princesa, gostaríamos de conversar sobre quando os príncipes e a princesa poderão reivindicar seu próprio dragão.” Alicent disse suavemente. Ele queria fechar os olhos, exasperado.

Rhaenyra olhou para sua ex-amiga, nada impressionada.

"Eles podem ir para o Dragonmont depois de comermos, se você estiver tão ansioso.”

Disse e ajudou Gaemon a colocar molho glaceado em seu prato. O Príncipe Lucerys estava ocupado convencendo Daella de que ela também precisava comer a sopa de cenoura e não apenas o bolo.

“Eu disse ao cozinheiro para só preparar os bolos depois que os pratos principais estivessem prontos.” Príncipe Jacaerys, disse parecendo sarcástico,  mas brincalhão.

“Eu disse a Visenya para dizer eles para servirem com a outra comida.” A princesa disse desafiadoramente.

E todos riram, enquanto Jace olhava de forma traída para sua irmã,  que simplesmente deu de ombros e piscou para a menina mais nova.

Lorde Stark mas se acalmou com apenas um olhar penetrante de Rhaenyra. Em vez disso, ele elogiou Aemma pela meticulosidade com que cortava o pão.

Ah.

Eles colocam as crianças entre eles para que possam ajudá-los a comer.

Quão atencioso.

Que estranho. Pois há empregadas atrás deles que podem ajudar as crianças, mas elas mesmas fazem isso.

Bem, sua filha nunca foi de verdadeiramente seguir os padrões.

“Você acha que posso reivindicar, Dreamfyre?” Daeron perguntou timidamente.

"Certamente não." Príncipe Jacaerys disse secamente, enquanto comia uma boa porção de pato assado, olhando gentilmente para sua irmã.

“Dreamfyre já tem um piloto.”

O rosto de Alicent ficou sombrio.

“ Houve rumores, mas não fomos informados sobre isso. Acreditamos ser... Falsos ” Ela disse.

"Por que você estaria?" Rhaenyra perguntou suavemente.

O rosto de Alicent ficou vermelho,

"Sinto muito, mas é apenas uma cortesia..."

“A razão pela qual permiti você na minha ilha é meramente uma cortesia.”

Rhaenyra interrompeu olhando profundamente para Alicent.

“Pedra do Dragão e todos os costumes e herança valiriana, vivos ou não, são meus para sempre. Esse é o preço pela minha coroa que você roubou e colocou na cabeça do seu filho. Você faria bem em se lembrar disso."

Ela afirmou, e então disse a Daella, muito mais gentilmente, que para cada pedaço de bolo ela teria que comer uma colher de carne de veado também.

Ele limpou a garganta e olhou para sua esposa.

" Então os rumores são verdadeuros, minha neta mais nova reivindicou Dreamfyre? Lembro-me dela sendo tão temperamental.” Ele disse tentando aliviar as coisas.

" Diria que Dreamfyre quem a reivindicou..."

Comentou Alyssa, espetando fortemente um pedaço de carne com o garfo,  antes de os levar lentamente aos lábios, sorrindo para a irmãzinha.

Viserys sorri ao ver a forma como seus netos são cúmplices uns dos outros, desejando que isso tivesse acontecido com seus filhos também.

A família de sua filha sorriu fortemente para a menina mais jovem em apoio. Ele fica feliz em saber que sua filha é amada e protegida. Que ela tem uma família dedicada a ela. Ele está apenas triste porque a família não o inclui.