Capítulo 15

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   P.O.V Rosie 🛐

    9 - Anos atrás.

 Não foi suficiente ter saído do confessionário, pois por mais que não houvesse arrependimento em mim, eu queria estar sim errada sobre tudo. Queria apagar as palavras sábias que escutei. Queria acreditar que o padre foi gentil pois já me conhecia. Somente queria estar errada. Não merecia ter recebido absolvição através do padre, tampouco queria cumprir meu ato de penitência.

- Abençoa-me, Pai, porque pequei. —Repeti baixo a primeira coisa que havia falado ao entrar no confessionário. — Eu não sinto que pequei...—Suspirei.

 Aproximei calmamente até meu pai, que estava sentado no antepenúltimo banco da igreja católica. Senti mais odeio ao vê-lo rezando com o terço religioso, parecia tão imerso de olhos fechados.

- Você será uma nova criatura. —Ele diz sem me encarar. — Planos lindos acontecerá na sua vida, Roseanne.

- Obrigada. —Murmurei.

- Nunca quis te bater, sabe disso, não é?

- Aham, sei.

- Por que precisava ser assim? —Me olhou confuso. — Sempre foi uma filha estudiosa, boa e obediente.

- O mundo me cegou...—Tentei ser firme, ignorando minha voz que queria falhar. — Tive más ações, e fui fraca.

- Me orgulha no futuro, filha. —Levantou, sorrindo em seguida. — Passou? —Fez um leve carinho em minha bochecha, e mesmo com dor, eu assenti. — Ótimo. Vá rezar mais, será bom passar umas horas aqui.

- Tá. —Me virei prestes de afastar, mas o encarei ao ser chamada. — Sim?

- Tudo que estou fazendo é para você não se transformar em uma aberração. Eu te amo muito.

- Obrigada. Licença.

  Fui com calma para frente, me ajoelhando em frente ao altar. Observei a cruz com Jesus crucificado, foi assim durante bons segundos até sentir uma lágrima descer pela minha bochecha, logo seguida de outras.

- A pior criação foi a humildade. —Digo baixo. — Principalmente esses humanos que querem serem os melhores, mas não passa de tolos e insensíveis. Sério mesmo que devo ser uma pecadora pelo fato de amar? Esse deveria ser o menor pecado, se realmente for.

  Fechei meus olhos, sentando sobre minhas pernas. Passei as mãos pelo rosto, não fazia sentido chorar.

- Não quero cumprir nenhuma penitência, pai. Me perdoa, mas não posso fazer isso. Me perdoa também por apenas estar desejando que aquele homem desapareça para sempre. É errado querer que ele morra, mas estou triste demais para pensar com sabedoria. Sei que existe situações críticas, e o quê estou passando não é comparado com famílias necessitadas, porém... estou triste. 

- Não precisa comparar sua dor.

  Me assustei ao escutar a voz familiar perto, então olhei a garota ao meu lado.

- Suzy...

- É por isso que você saiu do colégio?

- Vá embora, por favor. —Digo receosa, olhando para trás antes de encará-la. — Não podemos conversar.

- Você foi transferida. —Se ajoelhou ao meu lado. — Senti sua falta.

- Nunca deveríamos ter nos beijado, a nossa amizade era o suficiente. Me perdoa pelo meu erro.

Love: ElasOnde histórias criam vida. Descubra agora