Capítulo| 20 •

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Zerath Aszkher

— Tenho a impressão de que não estamos sozinhos aqui.

Também sentia como se estivéssemos sendo observados, mas não havia nada além de nós dois.

— Talvez sejam seus espíritos olhando por você. — zombei.

— Não devemos zombar dos espíritos, general. Até o mais forte dos machos entende as forças que estamos lidando.

Voltei minha atenção para a luz pulsante do objeto, que iluminava as paredes escuras do emaranhado com um brilho azul frio. Cada pulsar parecia vibrar no ar, fazendo os pelos da minha nuca se arrepiarem. Hylos estava ao meu lado, imóvel, seus olhos arregalados enquanto encarava o objeto à nossa frente. Ele era maior do que qualquer pedaço que havíamos encontrado antes, mais intacto, e parecia... vivo.

— Mas o que é isso? — murmurei, segurando minha lâmina de ossos com mais força, como se ela pudesse ser útil neste momento.

— Não sei, meu senhor. Mas… sinto que não deveríamos estar aqui. — Hylos respondeu, sua voz grave, mas tingida com um raro tom de hesitação.

Aproximei-me do objeto com passos rápidos, ignorando o aviso implícito em suas palavras. A superfície metálica parecia ser feita de um material que eu nunca havia visto antes. Não era pedra, nem madeira, nem qualquer substância natural. Suave ao toque, como vidro polido, mas havia algo estranho, uma textura quase intangível, como se fosse um material que se moldava ao toque. Era gelado, e estava completamente empoeirado, tomado pelas raízes da vegetação que cresceu acima do solo.

— Veja isso. — murmurei, apontando para marcas no chão ao redor do objeto. Rastros curvos, como se algo tivesse sido arrancado ou explodido dali.

— Meu senhor... — Hylos chamou minha atenção, apontando para outro detalhe. — Há marcas nos galhos acima. Isso… isso caiu do céu. Talvez seja possível que as acompanhantes e Ixia estivessem falando a verdade?

— Não ousariam mentir para mim. — rosnei.

Olhei para cima, seguindo seu gesto. De fato, havia galhos quebrados e queimados em uma linha direta acima de nós, como se algo massivo tivesse despencado por ali.

— Do céu... — repeti, tentando processar a informação. Isso parecia confirmar o que algumas das histórias sobre May sugeriam. Povo das estrelas? Não, isso era absurdo. Nada além dos espíritos que acreditavam existir além dos céus. E, ainda assim, este objeto...

Hylos se aproximou e analisou de mais perto, tocando as paredes em tons escuros. Usando o antebraço, limpou uma grande quantidade da poeira que servia como manta para aquela forma, e gravuras foram reveladas. Pareciam ter se acumulado por eras, embora o objeto parecesse relativamente intacto. As marcas gravadas na superfície eram intricadas, diferentes de qualquer coisa que eu já tinha visto antes. Linhas retas e curvas se entrelaçavam em formas que não faziam sentido algum. Hylos franziu o cenho, os olhos fixos nos entalhes que agora reluziam fracamente sob a luz azul remanescente do objeto e das chamas das nossas tochas que ainda dançavam na escuridão do emaranhado.

— O que isso significa? — ele murmurou, correndo os dedos sobre os traços. — Não parece com nada que vimos pelos quatro reinos.

Me aproximei, observando mais de perto. De fato, as marcas não pertenciam a nenhum reino, nem aos antigos espíritos. Havia uma linha mais evidente, uma rachadura que dividia a estrutura em duas partes. Observei com mais atenção e percebi que parecia uma junção.

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⏰ Última atualização: 20 hours ago ⏰

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