Depois da nossa bebedeira, o Mt acabou mais bebado que eu, afinal eu mais falava do que bebia e ele me ouvia bebendo, acabou dormindo no sofá e eu no outro. No dia seguinte quando eu acordei ele já não tava mais lá, provavelmente correu pra casa inventar algo pra bruxa que ele chama de namorada. A semana passou tranquila, Diana tava na casa do gordo com ele, parecia que os dois estavam se curtindo real. Eu abri a loja a Maitê estava com a Joana em casa e nem sinal do grego menos ainda da amiga dele, que Deus mantenha assim.
Fui pra casa almoçar e encontrei o Junin trocando de turno
Luísa - Entrando ?
Junin - Saindo - sorriu
Luísa - oportunidade perfeita pra me levar pra almoçar - falei
Junin - não vai almoçar aqui ? - apontou pra minha casa
Luísa - qualquer coisa pode ser melhor que arroz de ontem - ele riu - e então ?
Junin - tá com tempo ?
Luísa - pra você eu dou um jeito - sorri e ele ficou sem graça
Junin - bora então - colocou o cap e subiu na moto dele
Descemos o morro e vi a cara do grego ao me ver saindo do morro na garupa do cara que faz a ronda da minha casa. Acho que talvez o emprego do Junin tivesse sido comprometido.
A gente almoçou em um restaurante perto da orla da praia, nunca tinha vindo aqui.
Junin- To desempregado ce tá ligada né ? - riu
Luísa - Não fica pilhado, ele não vai te dispensar por minha causa - ri - Mais me conta, como foi parar lá no morro ? Nunca tinha te visto
Junin- Eu sempre morei aqui no Rio, mas até uns meses atrás morava na Maré
Luísa - O que te fez vir pra cá ? - falei petiscado a porção de camarão
Junin - Meus avós, foi o que me restaram depois do meu pai morrer de cirrose, minha mãe eu não conheci. Meu avô descobriu um câncer no esôfago, aí teve que começar a fazer químio e não conseguia mais trampar, não podia deixar eles na mão. Mas a uns 10 meses atrás perdi meu vô, e depois de 3 meses minha vó foi também, depois disso não tinha muito sentido continuar ali, já que tudo naquela casa me lembrava eles, pensei então em recomeçar, foi quando o gordo me falou de vir pra cá, me apresentou pro Mt e então to aqui
Luísa - Entendi, mas você não tem mais ninguém ? Nenhum irmão ?
Junin - Tenho nada, eu e Deus só - sorriu
Terminamos de almoçar conversando sobre assuntos aleatórios e o Junin era um cara bem legal de conversar, super divertido, quem olhava ele na frente de casa de vigia não pensa que é um boboca. Voltamos pro morro e como de esperado o grego já tinha batido no rádio do Junin chamando ele lá na boca.
Eu quis ir junto mais ele não deixou, disse que desenrolava, não tinha feito nada demais e não precisava de ninguém defendendo ele pro chefe.
Homão da porra. Garantido.
Subi pra casa e tomei um banho, peguei a Maitê e fomos na pracinha.
Grego
Junin - Eai patrão, da licença aí - apareceu na porta
Grego - Entra aí - ele entrou e sentou na minha frente - tava onde ?
Junin - Fui pra orla, meu plantão foi de manhã
Grego - to ligado dos seus horários, queria saber onde tu tava com a Luísa, pra ser mais claro
Junin - Ela quis almoçar na orla, levei ela, nois bateu um rango por lá, depois passamos na farmácia pra comprar uns bang de fralda pra sua filha e deixei ela em casa - falou na maior tranquilidade
Grego - Você é novo aqui, então vou te dar o papo pra não dizer mais tarde que não tava ciente. - ele se ajeitou na cadeira - Luísa já foi minha fiel, é mãe da minha filha e nunca vai deixar de ser família, estando junto comigo ou não, respeito, morô?
Junin - Tô ligado da história já chefe, ela já contou já e nois é amigo só, conheço pouca gente por aqui, ela só tentou ser legal com todo respeito, mais se você não tá satisfeito com a situação e quiser trocar meu posto, tô aí disponível pra qualquer trampo - a postura dele me tranquilizou
Grego - Tá suave, eu só queria deixar esclarecido pra você que ali é território proibido - fui interrompido por alguém tossido
Luísa - como que é Grego ? - olhei pra porta e ela tava lá me encarando com a cara amarrada - Junin, pode sair, a conversa de vocês já acabou, quem vai trocar uma ideia com seu chefe agora sou eu - o cara ficou lá me encarando esperando eu dizer o que era pra fazer
Grego - tu ouviu, circula - ele saiu e ela fechou a porta - sem perreco faz favor
Luísa - O perrequeiro aqui é você meu bem, que isso de território proibido ? Agora eu sou intocável ? Ninguém mais chega perto ? Tipo doença contagiosa ? - eu ri
Grego - Quero minha filha de enteada de bandidinho não fia, tá maluca
Luísa - Até porque de bandidinho já basta o pai né - eu ri
Grego - bandidinho não ne, ce ta ligada que aqui a parada é séria - me gabei e ela revirou os olhos - Tu ta afim do cara então ?
Luísa - Não - revirei os olhos - Ah ele é legalzinho, mais não tenho interesse não, mais também não é da sua conta - ela riu
Grego - Jaé parceira, não quer falar não fala - ia acender um
Luísa - A gente não tá junto mais continuo não curtindo tu fumando perto de mim - deu um tapa na minha mãe quando peguei o isqueiro - Cadê tua fiel ?
Grego - Fiel não né, já forçou
Luísa - Tu não vai assumir ela ?
Grego - A mina não conhece nem a Maitê ainda doida, uma coisa de cada vez
Luisa- Bom ver que pelo menos um pingo de noção você ainda tem né - ela riu
Grego - bom gosto também né, a Laura é mó gatinha - pirracei
Luísa - me poupe né, eu sou mais eu - revirou os olhos
Grego - Eu também - ela ficou vermelha e eu ri - Deixs eu trabalhar doida
Luísa - Ta me tocando ?
Grego - Se for me distrair, me distrai de outro jeito- sorri safado e ela rapidinho levantou saindo
Luísa - já tô indo - falou passando pela porta
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A Herança
Fiksi PenggemarDepois de mudar de país tentando um recomeço, Luísa que agora atendia por Laura estava diante de um dilema, o qual seria obrigada a retornar ao seu país e encarar assuntos mal resolvidos que deixou para trás depois de anos.