CAPÍTULO 24

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    Vesti o traje de garçom e fui para a cozinha fazer a limpeza antes que o Adolf chegasse, tudo precisava estar bem organizado para ele iniciar o preparo dos pratos principais. Não era nada muito complicado já que o Han tinha um bom zelo com o ambiente, então só me restava fazer alguns ajustes e limpar o chão.

    Peguei o balde e preparei a água para iniciar a limpeza, mas quando fui procurar o pano, não o encontrei. Procurei por toda a dispensa tentando achá-lo, porém não tive êxito algum. Suspirei fundo tentando controlar meus pensamentos e supor aonde estaria esse tal pano quando me veio a ideia de perguntar ao Han, talvez ele tivesse pegado-o para limpar algo mais cedo, deduzi.

    - Han, você sabe onde está o pano de limpar o chão? - perguntei me aproximando dele na cozinha.

    - O pano de chão? Não mano... ele não tá na dispensa não? - ele disse confuso.

    - Nem o espírito dele... tem certeza que não sabe onde ele está? Quem sabe esqueceu-o em algum lugar. - tornei a perguntar.

    - Não mano... tipo, o único momento que peguei ele foi pra limpar o chão quando o saco de lixo rasgou, e eu fui pegar outro saco maior pra colocar o... pera... acho que fiz merda. - ele passou a mão na cabeça lembrando algo.

    - Não me diga que você o colocou no... não... é sério? Mas que merda Han! - falei desacreditado e me dirigi até os latões de lixo do lado de fora do bar enquanto ele me seguia.

    - Eu não sei, não me lembro de ter guardado o pano, só me lembro de ajuntar o lixo e colocar em um saco maior. - ele tentou se explicar.

    - Me diga, como você pega um pano pra limpar o chão, mete ele dentro do lixo, e não se lembra depois? Terminou de limpar o chão como? Com o pé? - retruquei abrindo a porta dos fundos.

    - Não... com uma toalha de mesa... - ele conclui sua explicação.

    - Não diz mais nada, só tá piorando. - respondi incrédulo.

    Saí pela porta dos fundos já notando aquela cena e outro problema se formando, todos os latões estavam virados e o lixo espalhado pelo chão, uma verdadeira bagunça por toda a parte, e para a minha infelicidade, o justo pano de chão estava servindo de cama para o cachorro que fez essa bagunça, o mesmo vira-lata que tinha dado trabalho para o Hanzo quando eu cheguei.

    Suspirei novamente tentando me acalmar e não ter um surto de raiva no meu segundo dia de trabalho, mas as circunstâncias não estavam trabalhando ao meu favor, então deixei minha passividade de lado e busquei resolver aquela situação da forma mais rápida possível.

    - Han... tem o número da carroçinha? Liga pra eles e diz que hoje um novo meliante vai estar chegando por lá. - disse olhando para o cão e me aproximando para pegar o pano. - Você vai pra adoção meu camarada, espero que ache uma família, aqui você não fica mais nenhum dia. - acrescentei puxando o pano enquanto ele rosnava em resposta.

    - Não era você o defensor dos animais? Hahaha! - ele abriu uma gargalhada.

    - Sim, sou... e nesse momento estou protegendo ele de mim mesmo. Sugiro que você tome cuidado também, ou vai ser o próximo. - falei virando o rosto com uma expressão séria para ele enquanto estava abaixado.

    - Credo cara... você tá um porre hoje... acho que ontem você ficou perto do Sebas por tempo demais, já tá igualzinho à ele. - Han deu de ombros balançando a cabeça.

    - Agradeceria se você não fizesse piadas desnecessárias, não é nada pessoal, só não tô em um dia legal. - concluí.

    - Tá bom, não tá mais aqui quem falou... - ele respondeu.

    Acredito que eu tenha sido um pouco incoveniente com o Han, mesmo naquela situação. Havia trabalhado apenas um dia no lugar e ele era meu veterano, ainda assim alí estava ele recebendo lições de um novato, e mesmo que merecesse uma repressão sobre os seus atos, principalmente em relação a sua forma de fazer a limpeza, eu não queria ter que fazer esse papel, pois sabia que as minhas ações seriam influenciadas pelos problemas recorrentes que estavam acontecendo nos últimos dias. Então talvez tenha me alterado um pouco no processo.

    Voltamos para dentro do estabelecimento enquanto um climão se formava no ar. O silêncio que se apresenta quando as duas partes acreditam que erraram sobre algo e agora não conseguem, não querem, ou não sabem tomar a iniciativa de retomar o diálogo. Já era a hora do almoço e estávamos servindo nossa comida quando decidi quebrar o silêncio e me desculpar.

    - Han. Desculpa pelo modo que eu tratei você lá fora, acabei descontando os meus problemas dentro do ambiente de trabalho, e pior, encima de você. - falei tentando me explicar.

    - Relaxa cara, a culpa também foi minha por ter atrapalhado o seu trabalho na limpeza, e todo mundo tem um dia ruim, não é? - ele respondeu com um semblante passivo.

    - Não, sério, desculpa mesmo. Ultimamente tenho vivenciado um problema atrás do outro e... - antes que eu pudesse continuar, ele me interrompe.

    - Calma mano, não precisa fazer alarde por uma coisa tão simples, olha pra sua mão, você tá se tremendo. - ele disse.

    - Mas você parecia estar chateado e eu também errei por não ter... - ele me interrompeu novamente.

    - Quer um conselho de amigo? Procura um profissional, um psicólogo. Eu poderia até te ouvir, mas não sei se consigo te ajudar, então, faz isso por você, tá bom? - ele falou apontando o garfo na minha direção.

    - Tá bom mano... valeu. - eu respondi e voltei a comer o meu almoço.
   

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⏰ Última atualização: Sep 13 ⏰

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