Em dias comuns, enquanto realizamos tarefas domésticas ou ocupamo-nos com atividades triviais do dia a dia, às vezes somos tomados por lembranças de momentos vergonhosos que preferiríamos esquecer. Esses instantes podem passar como um sopro rápido de vento frio em uma manhã que aos poucos se aquece. É uma experiência natural, mas quando se trata de um trauma, a lembrança persiste, perseguindo-nos incansavelmente. A culpa nos assombra, reacendendo as mesmas emoções daquele dia, alimentando pesadelos recorrentes.
Eram esses pesadelos que assombravam Shoto. O clima chuvoso despertava lembranças dolorosas do funeral de seu irmão Touya, envolto em uma atmosfera pesada e cinzenta que a atormentava. Podia sentir novamente a pressão em torno de seu pescoço, a respiração ofegante e o calor abrasador da floresta do Monte Sekoto consumindo tudo ao redor. Os gritos desesperados de seu irmão ecoavam incessantemente em seus ouvidos, implorando por socorro àquele que deveria cuidá-lo. Essas memórias a atacavam sempre que tentava encontrar o refúgio no sono, misturando-se em sua mente de maneira perturbadora. Além disso, os traumas físicos não curados, os machucados escondidos em seu corpo e os puxões em seu cabelo, todos ainda frescos em sua mente, acrescentavam uma camada adicional de sofrimento à sua angústia.
As lembranças se mesclavam em sua mente, causando uma agonia insuportável. Mesmo ao tentar evocar a lembrança daquela que mais amava, com suas mãos carinhosas e abraços reconfortantes que foram cruelmente tirados dela cedo demais, a angústia persistia. Era como se sua mente estivesse à beira da explosão, enquanto seu corpo queimava com uma intensidade avassaladora.
Até que um toque em sua cabeça a sobressaltou, fazendo-a despertar abruptamente. Ao olhar para cima, deparou-se com a mão do loiro de olhos rubi a acariciar suas madeixas duplas com delicadeza. A sensação era estranha para ela, embora agradecesse pelo refúgio que a Família Bakugou lhe oferecera em seu momento de fraqueza e para sua segurança, nunca havia conseguido se aproximar do filho do casal, com quem não mantinha nenhuma afinidade desde os tempos de escola.
O Bakugou Katsuki que conheceu era um tremendo idiota, com complexo de superioridade altíssimo, egocêntrico e arrogante, que se achava melhor que os outros. Resumindo: um babaca completo. Mas o estopim para sua aversão a ele foi quando o ouviu mandar Midoriya se matar, numa crueldade que a chocou profundamente. Como poderia expressar isso a alguém que nunca havia feito nada a ele? Sua primeira reação foi desejar esmagar aquele babaca até parti-lo em pedaços, mas o sardento a deteve, mesmo que ele próprio estivesse claramente abalado com a situação. Desde então, desenvolveu um senso de proteção em relação a Midoriya, determinada a mantê-lo longe da influência tóxica daquele que considerava o maior idiota que já cruzara seu caminho.
Mas agora, estranhamente, após um mês e meio convivendo com eles, Bakugou nunca havia falado com ela, não se aproximava nem iniciava conversas. Ela compreendia esse comportamento; afinal, ter uma estranha na própria casa não era exatamente confortável.
Contudo, naquela noite chuvosa e repleta de trovoadas, sentindo-se desconfortável em dormir sozinha no quarto de hóspedes, acabou por fazer a infeliz escolha de se recolher no quarto do loiro. Surpreendentemente, ele não recusou ou a mandou sair. Com o *futon ao lado da cama, deitou-se em silêncio, desejando que a noite passasse rapidamente. Mas, os constantes pesadelos que a assombravam acabaram por despertar o loiro, que sem hesitar colocou a mão em sua cabeça, compreendendo a situação atual. O toque, vindo de alguém por quem ela não tinha nenhum apreço, despertou uma sensação estranha em seu peito.
Seus olhos expressavam uma estranha mistura de compaixão e preocupação pela garota. Não era necessário proferir palavras para que ele transmitisse o que estava pensando; era como se seu toque dissesse: "Não se preocupe, você está segura agora".
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O que seria de mim sem você - Dekutodo Todoroki fem
FanfictionTodoroki Shoto, filha mais nova de Endeavor, o herói número dois do Japão. Desapareceu no dia de seu aniversário de 11 anos. Muitos achavam que ela tinha sido sequestrada por vilões ou até mesmo morta por eles, mas ninguém sabia que ela estava mais...