Waste

11

– Camz, onde você vai?

– Meu Deus garota, que susto! Você não estava dormindo?

Eu tinha acordado fazia uns cinco minutos. Estava sentada na beirada da cama me espreguiçando quando Lauren acordou, me dando um susto.

– Sim eu estava e por sinal eu gostaria de voltar a fazer isso. – respondeu-me agarrando o edredom e puxando para si, enfiando a cara no meio do mesmo. – Sua cama é muito mais gostosa que aquele sofá velho.

– Não se acostume com isso, foi apenas uma noite e hoje mesmo você vai voltar para o sofá velho, então aproveite para ficar aí enquanto pode. – a garota não me respondeu com palavras, apenas um gemido rouco de aprovação.

Quando eu ia me levantar senti dois braços agarrarem minha cintura por trás.

– Você não vai ficar? – Lauren questionou com a voz rouca de sono.

– Não, eu tenho algumas coisas para resolver. Aliás, você não estuda, não trabalha, não faz nada da vida?

– Não, eu já terminei o colégio e agora não tenho nada para fazer, só dormir aqui com você.

– Para com isso Lauren, me solta! – pedi em vão, a morena me apertou mais ainda e colou o rosto na minha costas mordendo-me por cima da blusa. Eu pensei que a mordida iria doer mas ao invés disso causou uma sequência de arrepios que subiam pela minha espinha até chegar no meu pescoço. Aparentemente Lauren notou a reação que causou em mim pois era possível sentir seu sorriso em contato com o tecido. – O que isso? Virou cachorra agora? – ouvi sua risada abafada contra o tecido da minha, digo, sua blusa. – Lauren me solta, por favor, eu não quero brigar de novo.

– Desculpa. – soltou-me e se eu bem conheço Lauren, agora ela está emburrada e fazendo biquinho. Levantei e ajeitei minha blusa virando-me em direção à Lauren tornando verídica minha intuição sobre a Lauren rabugenta.

Aquela cena. Lauren toda manhosa, com o cabelo bagunçado, a cara amassada de tanto dormir... eu acho que meu coração está amolecendo, porque no momento aquilo era a cena mais fofa que eu já vi em toda a minha vida. Não resisti e me joguei na cama ao lado dela, sentando sobre minhas pernas e encarando-a. A garota na minha frente abriu o sorriso imenso e radiante, mostrando seus dentes branquíssimos e alinhados.

– Espera, essa blusa não é minha? – questionou-me apontando para a camiseta moldada em meu corpo.

– Sim. É linda, não é? Você esqueceu aqui um dia desses e eu estava sem roupa para dormir, então peguei essa.

– Ah, por isso eu não conseguia achar essa danada. – disse batendo com a ponta do dedo indicador em sua própria têmpora. – Por sinal sim, ela é linda, era uma das minhas favoritas, mas preciso confessar que prefiro ela no teu corpo. – deu uma piscadela para mim e senti minhas bochechas se preencherem com um tom avermelhado.

– "Era"? Isso significa que ela é minha agora?

– Se você quiser pode ficar, como eu disse ela fica melhor no teu corpo.

Senti vontade de abraçar Lauren para agradecer, porém não sabia se tínhamos intimidade e autocontrole suficiente para isso. 

Passamos a manhã conversando na cama, dando risada e contando histórias da nossa infância. Depois de algumas horas levantamos da cama e fomos tomar café da manhã, que no caso era o resto da pizza de ontem. A segunda-feira estava se tornando um domingo, ficamos o dia todo sentadas jogando videogames como duas adolescentes desocupadas.

– Laur, a gente vai ficar de barriga para cima sem fazer nada igual ontem? – gritei da sala enquanto Lauren estava no banheiro.

– Laur? – ela apareceu na porta com um cigarro entre os lábios e um isqueiro na mão.