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– POLÍCIA, TODO MUNDO NO CHÃO!! – um policial arrombou a porta com um chute e saiu apontando a arma para todos os lados da casa, mas abaixou assim que viu que todos estavam mortos. Mas seus olhos pararam assim que me encontraram e eu tentei gritar para que ele percebesse que eu estava amordaçada. Ele correu até mim e tirou minha bandana-mordaça.

– Eu estou ferida, por favor me ajude!! – choramingue para ele.

– Hey garota, fique calma, nós estamos aqui para ajudar. – policial se aproximou, agachou do meu lado e começou a acariciar meu cabelo. Ele chamou um médico pelo rádio e informou o estado em que a casa se encontrava. – Os médicos já vão chegar, enquanto isso você pode me dizer o que aconteceu? – Ele deu um tiro na pequena corrente da algema para me soltar. O policial era jovem, deveria ter uns 20 e tantos anos, usava uniforme azul e estava tentando se tornar mais velho com um bigode grosso crescendo, mas que estava mais para ridículo do que para adulto.

– E-Eu fui sequestrada hoje cedo, eu estava saindo da casa de uma amiga e indo para a minha quando eles me p-pegaram. – eu disse forçando o choro para ficar mais convincente. – E-Eles me vendaram e me trouxeram para cá, eu estava vendada e não vi o caminho. – dei uma pausa para limpar meu nariz e meus olhos, respirei soluçando antes de continuar. – E-Eu passei a tarde em um quarto vendada, a-agora há pouco eles me trouxeram para cá e tentaram. – soltei um soluço – Eles tentaram... – outro soluço – Me estu-estu-estup... – e cai em um choro convulsivo. O policial se aproximou de mim e voltou a me acariciar na tentativa de me acalmar. Nesse instante um médico apareceu junto com outros policiais. O médico veio cuidar do meu ferimento enquanto o policial que estava do meu lado foi relatar o ocorrido para os outros policiais.

– Você teve sorte que o tiro passou de raspão pelo teu braço e mais sorte ainda por não ter perdido muito sangue. – o médico me alertou enquanto fazia uma bandagem no local do tiro. Depois que eu estava devidamente cuidada me levantei com o auxílio do Doutor e segui para fora da casa, ele me guiou até a ambulância e outros policiais vieram falar comigo pedindo para que eu terminasse de relatar como aquela bagunça tinha se iniciado.

– Foi uma briga entre eles, depois que descobriram o que tentaram fazer comigo houve uma enorme briga com palavra e também com agressões. Até que aquele cara com a arma saiu atirando em todo mundo, inclusive em mim mas ele errou o tiro. Eu ouvi ele dizer que tinha apenas mais uma bala e que era preciso guardar ela para uma ocasião especial, então ele foi para fora da casa e ficou algum tempo lá, quando voltou ele parou na minha frente e simplesmente atirou na própria cabeça. Foi horrível! – contei aos policiais. – Ele deveria estar sobre o efeito de alguma droga ou bebida, ele estava visivelmente alterado.

– Desculpa, qual é o seu nome, Senhorita? – um policial me perguntou.

– Karla. – solucei – Karla Estrabão.

– Senhorira Karla, você terá que vim com a gente para depor na delegacia, se quiser pode fazer alguma denúncia também.

– EU VOU DENUNCIAR O QUÊ? TODOS ESTÃO MORTOS, VOCÊ VAI PEGAR O DEFUNDO E JOGAR NA CADEIA COMO SE ESTIVESSE VIVO? NÃO, VOCÊS NÃO VÃO. VOCÊS NÃO PODEM FAZER NADA! – gritei e voltei a chorar, agarrei meus joelhos enquanto balançava para frente e para trás. – Desculpe-me, eu só quero ir para casa, por favor me deixe ir, eu só quero ir para casa, só isso, por favor! – implorava entre meus surtos de soluço e choro.

– Certo, certo! Você pode ir para casa mas terá que deixar algum telefone para contato, o seu depoimento é crucial para o caso Senhorita Karla. – passei meu telefone mesmo e dei graças a Deus que eles não pediram meu endereço. Incompetentes.

– Alguns de vocês podem me dar uma carona? Eu não sei onde estou e não tenho nenhum meio de locomoção para voltar para casa.

– Claro, eu vou! Eu vou! – o policial "quero ser adulto" logo se manifestou todo feliz e me guiou até sua viatura, informei a ele o endereço e ele procurou no GPS, achando segundos depois.

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