Coincidência

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O som da cachoeira e das folhas balançando ao vento envolvia Ayaka, transportando-a novamente para o lago onde tudo parecia começar e terminar. Tobio, com seu olhar enigmático, estava lá, mas agora acompanhado de um garotinho loiro com óculos, ambos jogando pedras na água. Ao perceberem que Ayaka estava desperta, caminharam lentamente em direção a ela, entrando na água com a naturalidade de quem conhece cada passo do lago. Sentados ao seu lado, os meninos mantinham o silêncio, apenas contemplando a mata adiante. Ayaka sentia uma inquietação crescente, uma mistura de curiosidade e frustração por não compreender a natureza recorrente daqueles encontros oníricos. A serenidade do ambiente contrastava com a confusão que se instaurava em sua mente.

  A presença de Kei, mais jovem, a fazia sentir-se deslocada, como se estivesse presa em um ciclo sem fim de perguntas sem respostas. Tobio, sempre calado, apenas apontava para o fundo do lago, onde as mesmas estruturas cobertas de musgo emergiam, sombrias e misteriosas. Por que aquele lugar? Por que aqueles sonhos? A irritação de Ayaka crescia, alimentada pela incapacidade de desvendar o significado escondido nas profundezas do lago e nas expressões impassíveis dos meninos. Cada visita àquele cenário parecia intensificar sua confusão, deixando-a perdida entre a tranquilidade ilusória do sonho e a ânsia por respostas que nunca vinham.

A cada nova visita ao lago, a sensação de familiaridade e desconforto se intensificava. Ayaka olhou para Tobio, esperando algum sinal, mas ele continuava mudo, apenas observando as profundezas sombrias. O garotinho loiro ao seu lado, com os olhos brilhando por trás dos óculos, parecia quase etéreo, como se sua presença ali fosse um mero reflexo de outra realidade. Ayaka se levantou, movida por uma inquietação que não conseguia mais conter. Caminhou até a margem do lago, onde as estruturas cobertas de musgo pareciam sussurrar segredos antigos. Tocou a água com a ponta dos dedos, sentindo o frio que a fazia estremecer. Por um momento, pensou em mergulhar, buscar respostas no fundo obscuro, mas a ideia a deixou ainda mais perturbada. Voltou-se para os meninos, a irritação crescendo como uma chama em seu peito. Tobio a observava com olhos penetrantes, mas não dizia nada, aumentando ainda mais sua frustração.

A cena era de uma tranquilidade enganosa, mas Ayaka sabia que algo profundo e inquietante se escondia ali. A confusão tomava conta de seus pensamentos, e a paz aparente do lugar só fazia aumentar seu desconforto. Cada detalhe, cada sombra, parecia carregado de significados que ela não conseguia decifrar. Sentada novamente ao lado dos meninos, Ayaka fechou os olhos, tentando encontrar alguma clareza no caos de suas emoções. O barulho da cachoeira e das folhas continuava, imperturbável, como se zombasse de sua busca desesperada por respostas.

Sexta-feira, 26 de Julho de 2013

Os três amigos, Shōyō, Ayaka e Tadashi, tinham combinado de nadar do riacho perto da escola. A cada dia a temperatura aumentava e estava quase impossível de sobreviver naquela cidade, sua única válvula de escape era o riozinho.

— A gente vai chamar o Tsukki? – Yamaguchi questionou enquanto colocava alguns lanches dentro da mochila.

— Para com isso, Yama! Tsukishima é chato, insuportável e irritante. – Hinata fez uma careta engraçada, fazendo os dois rirem.

Ayaka permanecia quieta arrumando sua mochila com várias garrafas d'água congeladas. Sua cabeça estava longe dali, apenas vivendo no automático. Era difícil conviver com uma pessoa que sequer fala com você e confusa com seus sentimentos em relação ao Kei. Não tinha ideia de quando aquilo começou a surgir, mas era recente. Os olhos do loiro a teletransportava para uma dimensão diferente, onde tudo era silencioso e sempre noite, mas era calmo e confortável. Passava o dia pensando nele e em como sua presença era tranquila e agradável, ela não sentia a necessidade de falar nada, apenas apreciar o garoto.

Paixão Proibida | Tsukishima KeiOnde histórias criam vida. Descubra agora