Relação

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Sexta-feira, 3 de Dezembro de 2021

Uma semana se passou desde o pequeno desentendimento entre Kuroo e Ayaka. Ela evitou o amigo durante esse tempo, mas sabia que estava sendo infantil, afinal Tetsurō só queria ajudá-la. Agora, ela se encontrava em uma boate, muito bêbada, com a cabeça deitada no balcão do bar. Ela tentava esquecer dos problemas com o álcool, mas não funcionava, o que a deixava frustrada. O barman daquela boate já a conhecia e sempre parava de entregar bebidas quando a via embriagada. Ayaka suspirava pesadamente, o som abafado da música eletrônica ao fundo parecia apenas aumentar sua frustração. Ela sabia que estava fugindo de seus problemas, mas naquele momento, o álcool parecia a única saída. Seus dedos traçavam círculos distraidamente sobre a madeira fria do balcão, enquanto sua mente voltava repetidamente ao desentendimento com Kuroo.

  Ele estava certo, é claro. Kuroo sempre tinha aquele jeito calmo e ponderado, e por mais que ela não quisesse admitir, sabia que ele só queria o seu bem. No entanto, a insistência dele em conversar sobre seus sentimentos a irritava profundamente, fazendo-a sentir-se vulnerável, algo que Ayaka odiava com todas as suas forças.

— Outro, por favor. — Murmurou, levantando a cabeça o suficiente para encarar o barman.

— Acho que já teve o suficiente por hoje, Ayaka. — Disse ele com um tom gentil, mas firme, enquanto tirava o copo vazio de sua frente.

— Ah, qual é... — Ela tentou protestar, mas sua voz saiu arrastada, como se até isso fosse um esforço.

  O barman apenas balançou a cabeça e voltou a atender outros clientes, deixando Ayaka sozinha com seus pensamentos. Ela fechou os olhos, tentando afastar as lembranças que insistiam em surgir, mas cada uma delas trazia de volta a imagem de Kuroo, seu sorriso gentil e os olhos que sempre pareciam ver através dela.

— Estou tão cansada disso... — Murmurou para si mesma, sentindo as lágrimas ameaçarem cair.

  Ela sabia que continuar naquele estado não ajudaria em nada, mas a dor dentro dela era esmagadora. E fugir parecia mais fácil do que encarar o que realmente estava sentindo.

— O que faz aqui? – Um homem sentou-se ao lado de Ayaka, mas ela não se deu o trabalho de levantar o rosto. Sua visão estava embaçada e sua cabeça girava sem parar.

— O que se faz em uma balada? Bebe e transa com qualquer um depois. – Ela bufou, fechando os olhos.

— Vamos embora, Ayaka. – O homem segurou seu pulso e ela, então, olhou para ele.

— Você parece um anjo...

Ayaka levantou o olhar com dificuldade, sua visão turva capturando a imagem do homem ao seu lado. Ele tinha uma silhueta alta e esguia, o rosto parcialmente obscurecido pelas sombras da iluminação baixa da boate. Seus cabelos loiros pareciam brilhar levemente sob as luzes piscantes, e havia uma expressão séria em seu rosto, algo que contrastava com a atmosfera caótica ao redor. Os olhos dele, ocultos atrás dos óculos que refletiam a luz ambiente, estavam fixos nela, transmitindo uma calma que parecia estranhamente familiar, mas que, naquele momento, Ayaka não conseguia identificar. Com a cabeça rodando, ela apenas viu um "anjo" que viera tirá-la daquele inferno pessoal.

Depois do pequeno encontro, Ayaka apagou, por causa do cansaço e da embriaguez. Ela estava satisfeita com o que havia acontecido, foi salva daquele inferno por um lindo homem. Ayaka acordou sentindo o balanço suave do carro em movimento, os olhos ainda pesados e a cabeça latejando levemente. A embriaguez tinha diminuído, mas seu corpo ainda estava exausto. Com esforço, ela levantou a cabeça e olhou ao redor, notando as luzes da cidade passando rapidamente pela janela. Ela se virou para o homem ao seu lado, que estava concentrado na estrada, as mãos firmes no volante. Mesmo sem ter a visão completa do rosto dele, o perfil era inconfundível, mas Ayaka, ainda meio sonolenta, não percebeu de imediato.

Paixão Proibida | Tsukishima KeiOnde histórias criam vida. Descubra agora