Casualidade

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Segunda-feira, 20 de Dezembro de 2021

O domingo, Ayaka passou trancada em sua casa, sem contatar ninguém. Apenas ela e seu gato curtindo a companhia um do outro, antes que a mulher precisasse encarar a bagunça do mundo exterior. Passou o fim de semana desesperada para encontrar uma resposta, mas tudo que achou foi mais confusão. Ela acreditava que a vida adulta fosse mais fácil sentimentalmente do que a adolescência, porém percebeu que estava totalmente enganada. O fato de Tsukishima ter voltado para sua vida, anos depois de sumir, a deixava tensa. Ainda o amava ou era apenas uma coisa mal resolvida?

— Ai, Tommy, como eu queria ser um gato. – Ayaka observou o bichano rolar no tapete. Ele encarava a garota com as pupilas dilatadas, pronto para receber carinho — Mas se eu fosse uma gata, não seria tão manhosa igual você. – A mulher riu e pegou Tom no colo.

  Ela ficou brincando com o animal, totalmente ausente de seus pensamentos anteriores. Ficar com Tommy a acalmava, ele realmente parecia entendê-la. Enquanto acariciava o gato, Ayaka sentia o calor e o ronronar de Tommy preencherem o silêncio do apartamento. Estava grata por ter esse pequeno refúgio, onde as preocupações pareciam desaparecer, mesmo que por alguns momentos. O dilema em seu coração, no entanto, não a deixava completamente. Tommy se aninhou em seu colo, suas patas macias repousando sobre as pernas de Ayaka, enquanto ela afundava os dedos no pelo macio do gato. Estava ali, fisicamente presente, mas sua mente vagava entre as lembranças de Tsukishima e os momentos com Kuroo. A volta de Kei a havia abalado de uma forma que ela não esperava. Tudo que havia enterrado e tentado esquecer ressurgiu como um maremoto, trazendo à tona todas as incertezas e emoções que achava ter deixado para trás.

— Será que ele mudou? — Murmurou, olhando nos olhos de Tommy, como se ele pudesse dar a resposta.

O gato apenas piscou lentamente, sem pressa, e Ayaka suspirou. A ideia de que Tsukishima poderia ser uma pessoa diferente agora era ao mesmo tempo reconfortante e assustadora. E Kuroo... com ele, as coisas pareciam tão certas em um momento e tão complicadas no outro.

— Acho que estou esperando uma resposta que ninguém pode me dar. — Ayaka soltou um riso fraco, sentindo o peso das decisões que precisaria tomar.

Tommy se contorceu em seu colo, exigindo mais carinho, e Ayaka sorriu. Ali, com seu gato no colo, ela se permitiu deixar o dilema de lado por mais um tempo. Não sabia quanto tempo poderia evitar a situação, mas sabia que, eventualmente, precisaria encarar seus sentimentos de frente. Até lá, Tommy seria seu conforto em meio à tempestade interna.

— Talvez eu devesse deixar o tempo resolver. — Ela sussurrou, enquanto seus olhos começaram a pesar. O domingo havia sido longo e, de alguma forma, Tommy havia lhe dado uma pequena dose de paz, mesmo que temporária. Talvez fosse o suficiente para enfrentar o que viesse a seguir.

O interfone tocou e Ayaka teve que deixar o gato no chão para atender. Não esperava nenhuma visita, afinal sairia para trabalhar em poucos minutos, mas a curiosidade despertou um interesse genuíno em descobrir quem era. O porteiro descreveu a pessoa como alta, loira e ali Ayaka já sabia de quem se tratava. Permitiu que Kei subisse e o esperou. O coração dela não parava quieto, sentia um misto de ansiedade e felicidade só por pensar em vê-lo. O que ele tinha de tão importante para parecer quase em Kanagawa? Não havia mandado mensagem, ela nem sabia que Tsukishima estava em Tokyo. Quando ouviu as batidas na porta, Ayaka finalmente voltou a realidade. Caminhou, respirando fundo e passando suas falas mentalmente.

  Tsukishima estava ali, na frente de sua porta, com uma expressão suave no rosto. Seus óculos haviam mudado, assim como seu cabelo e seu corpo. Estava diferente, mas muito mais bonito. O brilho de seus olhos continuava com a mesma intensidade, transmitindo a mesma paz de sempre. O loiro sorriu, sem mostrar os dentes, ao vê-la e se inclinou, deixando os rostos quase colados. A respiração quente no meio do frio do inverno arrepiava Ayaka. Não conseguia resistir à beleza de Tsukishima, muito menos aos seus lábios.

Paixão Proibida | Tsukishima KeiOnde histórias criam vida. Descubra agora