FORASTEIRA | "o viajante no tempo se entrega a existir sem laços, mas não sem sentido."
Mercúrio é um elemento químico, um planeta e também um deus da mitologia romana... mas há uma única coisa que ninguém sabe sobre MERCURY CLEMENT, ela é uma viaja...
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Obviamente, após receber uma visita inigualável como a de um viajante no tempo lhe trazendo presentes, o mais claro impulso seria o de traçar seus dedos nas páginas daquele livro e gastar uns galeões com um casaco novo. Mercury se viu sozinha de novo assim que seu colega de dom partiu para sabe-se lá onde e a deixou paralisada no meio da rua, com uma montanha de dinheiro e um monte de folhas que ela temia ter tanta curiosidade para ler. Ela de fato correu até a loja Trapobelo Moda Mágica assim que foi aberta e adquiriu um novo e quente sobretudo de um cinza muito escuro, dois suéteres novos, uma calça jeans e uma bota confortável.
Dada a mudança em seu pequeno guarda-roupas, enganchou as sacolas em seus braços, agradeceu o vendedor — que não fez perguntas sobre uma aluna fujona em horário de aula —, pagou a conta com as moedas que catou dentro de sua bolsinha especial e partiu sozinha de volta à Hogwarts. Enquanto voltava, em um ritmo mais devagar do que quando fizera o caminho anteriormente, se pegou relembrando o garoto que lhe presenteou. Talio Clement, com seus óculos escuros estilosos, muitas roupas de frio e carisma muito familiar, como se ela já o conhecesse há anos, da mesma forma que quando viu Helio pela primeira vez, sentiu-se aquecida com a possibilidade de manter aquela cumplicidade com outros viajantes.
Pertencer a alguma coisa, qualquer que fosse, era grande coisa para ela. Sim, ela cresceu com sua avó, que era uma pessoa boa e que lhe deu o amor que ela merecia enquanto crescia, mas ainda assim não dividia com ela o seu dom. E teve tão pouco tempo com seus pais, que as pequenas visões em flashes não eram o bastante para afirmar que um dia eles estiveram ao seu lado. Ter alguém que a entendesse, além de Helio, era muito mais do que ela poderia desejar, era pacífico e enigmático. Era quase acreditar que ela não estava desamparada e sozinha, algo muito perto disso.
Ao chegar nos terrenos da escola, deu de cara com seu fiel escudeiro que estava com a cara amassada de sono, deitado no corredor perto das estufas ao lado de seu gato de nome divertido e aproveitando de um silêncio vigoroso. Parecia despreocupado com o livro pesado jogado em seu peito, mas consternado com algo que ela desconhecia. Helio semicerrou os olhos quando percebeu a presença dela, as mãos cobrindo seu rosto dos poucos raios de sol que trespassavam as grandes janelas acima deles.
— Mercury, você... — ele pausou por alguns segundos, tentando acordar totalmente. — Foi às compras.
Ela sabia que no fundo o garoto deveria estar pensando no possível paradeiro das moedas que ele lhe deu momentos antes.
