FORASTEIRA | "o viajante no tempo se entrega a existir sem laços, mas não sem sentido."
Mercúrio é um elemento químico, um planeta e também um deus da mitologia romana... mas há uma única coisa que ninguém sabe sobre MERCURY CLEMENT, ela é uma viaja...
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Com o infame convite feito por aqueles que ainda moravam na Casa Black, Mercury tentou se preparar para o que possivelmente enfrentaria ao visitá-los. Já sendo habilidosa em feitiços tanto para lutar, quanto para escapar caso esses se fizessem necessários no encontro com a pacífica família de seu namorado falso, ela precisava apenas aprimorar suas habilidades para mentir. Não que fosse tão ruim assim, mas imagine tentar contar mentiras deslavadas para pessoas como aquelas... não seria uma tarefa fácil. Apesar da carta alarmante que Regulus recebeu, ainda tinham tempo para decidir seus próximos passos e quem sabe, Mercury poderá já ter desaparecido em uma sala qualquer.
Enquanto isso não acontecia, Mercury passava algumas tardes fingindo estudar alguma matéria sem graça com seus amigos, enquanto lia seu livro sobre viagens no tempo, tentando desvendar algum método que realmente fosse eficaz. Alguns eram ridículos demais, como aquele que instruiu que ela misturasse licor de maçã com ervas recém colhidas e bebesse apenas após sete luas cheias, o que era tempo demais para esperar. Outros pareciam mais lúcidos, ainda assim, ela tentou por algumas vezes e não obteve resultado.
Mercury sentia que independente do ritual, mesmo que parecesse verdadeiro e funcional, algo faltasse. Ela não sentiu os arrepios e o frio tomando conta de seu corpo, ou o barulho de relógio ressoando em sua mente, nem seus pés saindo do chão por alguns segundos. Nada daquilo que ela sentia, todo aquele desespero que envolveu suas primeiras experiências com a viagem... simplesmente não existia, ou não queria acontecer. Talvez lhe faltasse um sentimento tão forte e determinado quanto o que ela experimentou, mas ela poderia jurar que a raiva e a inconformação eram fortes também.
— Ouvi dizer que haverá uma guerra. — divagou Audrey, falando baixo.
Mercury, sentada ao lado dela, franziu o cenho sem mudar seu olhar direcionado para o livro, onde agora ela rabiscava a silhueta de Mileto.
— Quem disse isso? — ele questionou com a voz abafada.
Estava com a cabeça deitada sobre os braços em cima da mesa, cansado depois de treinar mais do que o normal. A lareira fervorosa da biblioteca tilintava em meio aos cochichos e barulhos de páginas sendo trocadas.
— Estão todos comentando, Milo... que o lado das trevas está se fortalecendo, que dessa vez ele virá pra trazer destruição definitiva. — ela complementou.
Mercury fechou seu livro e guardou dentro dele a pena que usava, respirando profundamente com as divagações de sua amiga. Audrey não costumava comentar sobre coisas desse tipo, muito menos perto de Mileto, que tinha uma opinião bastante forte sobre os partidários das trevas.
