CAPÍTULO SETE
sozinha"𝑵𝒂̃𝒐 𝒑𝒆𝒓𝒄𝒂 𝒐 𝒄𝒐𝒏𝒕𝒓𝒐𝒍𝒆 𝒔𝒐𝒃𝒓𝒆 𝒐𝒔 𝒔𝒆𝒖𝒔 𝒔𝒐𝒏𝒉𝒐𝒔 𝒅𝒐 𝒑𝒂𝒔𝒔𝒂𝒅𝒐. 𝑽𝒐𝒄𝒆̂ 𝒅𝒆𝒗𝒆 𝒍𝒖𝒕𝒂𝒓 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒎𝒂𝒏𝒕𝒆̂-𝒍𝒐𝒔 𝒗𝒊𝒗𝒐𝒔."
Ainda com os olhos nos seus, o garoto se manteve quieto, era quase como se ainda fosse parte daquele quadro que ela conhecia, parado ali em sua frente apenas respirando o mesmo ar que o corpo trêmulo de Mercury respirava. Era como se nenhum deles soubesse o que dizer, não quando ela nem sequer frequentava o mesmo tempo que ele até horas atrás, não quando nem sequer sabia que ele era real e que estava vivo, mas o garoto parado ali em sua frente era o reflexo vívido de suas dúvidas. Observou todos os detalhes presentes nele, do uniforme bem arrumado com um broche de Monitor até seus sapatos caros reluzentes pela fraca luz da lareira. O garoto cruzou os braços atrás de seu corpo tentando parecer menos intimidador e ela enfim se levantou no sofá.
Pigarreou tentando buscar palavras em sua mente confusa que pudessem fazer algum sentindo para ele. Imitou-o naquele instante, seus braços para trás e o corpo ereto, os olhos envergonhados agora desviando por toda a sala.
— Obrigada pela ajuda ontem, eu bati a cabeça e fiquei confusa. — explicou.
Ao que pareceu, ele escutou cada palavra que saiu da boca dela, mas não demonstrou nenhum sentimento naquele rosto bonito. Ainda assim ele não parecia de verdade.
— Ao seu dispor. — respondeu.
E continuaram parados ali, separados apenas pelo sofá e por toda a desconfiança pairando no ar. Mercury engoliu em seco e sentiu sua garganta doer.
— Você não é daqui.
Não era uma pergunta, era uma afirmação.
— Eu venho de... muito longe. — ela quase gaguejou.
De alguma forma era inacreditável que ela estivesse conversando com ele e ainda mais que ele estivesse a respondendo. Mercury queria perguntar o nome dele, mas sabia que se manter em silêncio era uma opção melhor, aqueles olhos tristes e cansados provavelmente escondiam alguém desinteressado em responder qualquer uma de suas perguntas. Foram longos segundos até que algum deles se forçasse a falar mais alguma coisa, desacostumados com aquela estranha sensação que pairava no ar, a incerteza de duas pessoas que não se conheciam e no entanto pareciam saber mais do que era necessário. E ela sabia muito bem coisas sobre aquele rosto, ainda sem nome em sua cabeça, sabia coisas que nem o próprio garoto entendia ainda.
Ele estava prestes a falar mais alguma coisa e Mercury sentiu a movimentação atiçar seus ouvidos, mas a batida da entrada do Salão Comunal. Ela deveria ter se dado conta de que naquele horário, após os jantar, alguns dos alunos devessem voltar para seus dormitórios e dar de cara com ela, uma completa desconhecida com uma expressão confusa em seu rosto miserável. No entanto, não eram crianças que entraram fazendo aquele barulho alto, eram dois garotos dos quais ela não fazia a mínima ideia de quem eram. Um deles, o mais baixo, vestia o uniforme impecavelmente arrumado e os cabelos curtos penteados para trás como o de um galã daqueles filmes dos anos cinquenta, andava sorrateiramente e sorria com os dentes muito brancos. O outro, ao seu lado, mais alto e com os cabelos loiros acobreados, a mesma postura rígida do amigo, mesmo naquele momento descontraído.
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OUTSIDER • regulus black
FanfictionFORASTEIRA | "o viajante no tempo se entrega a existir sem laços, mas não sem sentido." Mercúrio é um elemento químico, um planeta e também um deus da mitologia romana... mas há uma única coisa que ninguém sabe sobre MERCURY CLEMENT, ela é uma viaja...