FORASTEIRA | "o viajante no tempo se entrega a existir sem laços, mas não sem sentido."
Mercúrio é um elemento químico, um planeta e também um deus da mitologia romana... mas há uma única coisa que ninguém sabe sobre MERCURY CLEMENT, ela é uma viaja...
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Hogwarts amanheceu com o mesmo assunto correndo por dias nos seus corredores e anoiteceu naquele mesmo ciclo vicioso, não foi preciso que o Profeta Diário comentasse sobre em suas páginas certeiras ou que alguém de suma importância revelasse aos estudantes que dois deles estavam namorando. Apenas um boato bem contado foi necessário.
A sensação de ser observada era incomum para Mercury, que costumava não ser o alvo, ainda mais quando se tratava de algo que ela nunca sequer teve contato como ser o centro das atenções. Enquanto traçava o seu caminho até o Salão Principal, onde esperava buscar um café da manhã tranquilo, era inegável que estava sendo vislumbrada até demais. Os mais discretos faziam o favor de apenas cochichar enquanto desviavam o olhar, mas de vez em quando os mais corajosos se aproximavam como formiguinhas e faziam perguntas intermináveis, que ela precisava responder com elegância.
A maioria deles não parecia saber do comprometimento que Regulus tinha com Janis, então a possibilidade de que o garoto tivesse arranjado uma namorada era extravagante. Aos poucos Mercury compreendeu que, muito diferente do que ela sabia, as famílias de sangue-puro eram muito respeitadas e saber mais sobre elas era um desejo mútuo entre os bruxos.
Mesmo sentada na mesa dos corvinos ela não encontrou paz, já que sua amiga — completamente compreensível — estava tão curiosa quanto os outros.
— Então a pessoa misteriosa que vi nas cartas era na verdade Regulus Black? — Audrey brincou. — Parece mesmo que vou tirar uma nota dez na prova de Adivinhação.
Mercury pigarreou, sem graça.
— Bem, talvez fosse mesmo ele. — falou. — Foi inesperado, ainda estamos nos entendendo.
— Inesperado? Mer, vocês foram o assunto mais falado por esses corredores desde a vez que descobriram que alguém estava distribuindo Amortentia por aí. — ela exclamou. — É até difícil acreditar que ele tem um coração.
— Que exagero... — Mercury riu alto. — Ele deve ter sim um coração, relativamente gelado, mas funcional.
Audrey gargalhou também.
— Então me conte... como ele é?
Mercury ficou levemente embaraçada com o tom da pergunta, sem verdadeiramente saber o que responder. É claro que ela o conhecia o bastante para fingir que estavam namorando, mas não suficiente para falar sobre ele. As coisas mais simples ainda eram uma tela em branco, já que tinham coisas mais importantes a tratar do que bate-papo sobre cores e comidas favoritas, como namorados normais. Quer dizer, ao menos era isso que Mercury acreditava que namoradinhos falavam sobre.