FORASTEIRA | "o viajante no tempo se entrega a existir sem laços, mas não sem sentido."
Mercúrio é um elemento químico, um planeta e também um deus da mitologia romana... mas há uma única coisa que ninguém sabe sobre MERCURY CLEMENT, ela é uma viaja...
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Mercury Clement era mais curiosa do que uma garota de dezessete anos deveria ser, ao menos era isso que costumavam lhe dizer.
Uma observadora nata, vivia olhando a vida passar como se não pudesse medir o tempo ou como se quisesse que ele passasse o mais rápido possível, imaginando que em algum momento ela poderia fazer algo importante para alguém ou para si. Ter um propósito era uma de suas grandes ambições na vida, mas ainda não havia descoberto o seu. Melhor pensar que poderia mudar o destino de alguém do que ter um relógio no bolso para ver o tempo passar, já que de qualquer forma, ela nem sabia olhar as horas quando eles eram de ponteiro.
Mas ela tinha em seu bolso um relógio que lhe fora dado aos onze anos, quando decidiu que a melhor escolha a se fazer era viajar para Hogwarts todos os anos até se formar, mesmo que não se sentisse presente ali. É claro que ela adorava os colegas, as aulas de alguns professores e usar um uniforme verde como a grama, porém sentia em seu coração que aquilo não era o certo.
— Mercury, preste atenção ou ele vai te dar uma advertência... — ela ouviu um sussurro.
Às vezes ela sentia que o mundo ao seu redor era como um filme antigo do qual ela assistia de longe, mas não participava. Ficava escutando as conversas, assistindo os beijos apaixonados de adolescentes e quando alguma cena de ação acontecia, ela só comia pipoca. Uma pipoca imaginária, é claro.
— Mercury! Ah, que droga... — ela sabia que era a voz de Eddie.
Não, ela só não sentia que pertencia àquele lugar o suficiente para se importar com as reclamações do Professor. De qualquer forma, a resposta para suas perguntas era sempre a mesma "pare de cuidar da vida dos outros, Mer" e ela deixava que suas angústias sumissem por alguns instantes, até achar a próxima vítima de suas perguntas mentais incessantes. Talvez Severus Snape também tivesse algum propósito na sua vida medíocre, mas naquele momento o que mais importava para ele era embaraçar Mercury.
— Senhorita Clement, há algo mais interessante do que a aula que queira dividir conosco?
Ela pensou em algumas dezenas de coisas que seriam deveras mais interessantes do que Severus Snape ensinando Defesa Contra as Artes das Trevas em seu último ano na escola.
— Não, senhor.
Ela não era uma péssima aluna, ele que era um professor nada extraordinário.
— Talvez você tenha mais privacidade para olhar para as paredes e viajar em seu mundinho particular na detenção. — o Professor afirmou. — Para lá, agora. E em todos os dias por mais três semanas.
