Helena
Saio da escolinha e já vejo a moto do talibã parada e ele mexendo no celular.
Helena - oii amor - abraço ele.
Talibã - como tu tá amor? -
Helena - tô bem, o que faz aqui? -
Talibã - nossa, não posso nem vim buscar a minha princesa -
Helena - é que é difícil né -
Talibã - vou te levar na praia -
Helena - não é perigoso amor? - coloco o capacete.
Talibã - não é -
Helena - e o Yago? -
Talibã - eu pedi pra Raíssa ficar mais um tempinho com ela, eu pago qualquer coisa -
...
Dou um beijo no Yago que estava dormindo e saio de casa.
Helena - a gente vai voltar logo né amor -
Talibã - sim -
Helena - dá uma dor no coração de ficar longe do meu neném -
Subo na moto e ele da partida, demorou uns quinze minutos para chegar na praia, ficamos em uma parte mais afastado do povo, tinha bastante gente.
Helena - eu amo você -
Talibã - eu também te amo meu amor -
Helena - o pôr do Sol é tão lindo - encosto a minha cabeça em seu ombro.
Talibã - quero fazer meu aniversário na praia, uma semana -
Helena - porque? -
Talibã - porque foi assim que nos entendemos -
Helena - a casa vai estar cheia de crianças correndo pra lá e pra cá - ele ri.
Talibã - melhor ainda né amor -
Fico um tempo quieta, o radinho toca e o talibã pega.
- os caras tão atrás de você - dava para escutar os tiros no fundo.
Talibã - segura aí, já chego -
Ele olha pra mim e segura no meu rosto.
Talibã - se liga amor, vou te deixar no hotel aqui perto e tu dorme essa noite lá tá bom? -
Helena - eu quero o Yago - eu já estava chorando.
Talibã - vou dar um jeito de levar ele contigo, mas é muito arriscado você tentar subir junto comigo -
Helena - eu tô com medo - ele coloca o capacete em mim.
Talibã - eu vou ficar bem tá? Logo tô contigo -
Helena - eu não vou conseguir dormir sem o Yago -
Talibã - já falei amor, vou dar um jeito -
Ele da partida na moto.
...
Não aguento mais ficar de um lado pro outro esperando alguém chegar com o Yago.
A campainha toca, abro a porta vendo a tia Val com o meu Yago.
Helena - meu amor - pego ele no colo - entra -
Tia Val - já estou indo pra casa, eu estava no morro quando tudo começou, conseguimos sair por trás -
Helena - sabe sobre o talibã? -
Tia Val - sobre o talibã não, mas o WS levou um tiro no braço, tava perdendo bastante sangue -
Helena - foi levado para o hospital? -
Tia Val - uns caras ajudaram ele a ir até o postinho, tá uma bagunça lá -
Helena - eu imagino, tô tão preocupada -
Tia Val - o terror já está resolvendo tudo, a polícia não vai ficar lá por muito tempo-
Helena - não me acostumei com o talibã lá no meio ainda -
Tia Val - eu até ficaria com você querida, mas preciso ir pra casa -
Helena - tudo bem -
Tia Val - tchau, vai ficar tudo bem tá - ela me abraça e depois sai.
O Yago estava tão feliz vendo o quarto, peguei um quarto só para uma noite mesmo, ele é um quarto e um banheiro, apenas isso, tem algumas comidas e bebidas também.
Helena - tá com fome? - ele nega.
Pego um livro que comprei faz tempo mas nem li, aproveitei e li as primeiras cinco páginas enquanto o Yago brincava em cima da cama.
Yago - papai -
Helena - logo ele vem tá bom? -
Tô tão nervosa, se pelo menos tivesse uma tv para eu poder ver o que está acontecendo, meu celular está sem bateria.
Minha cabeça estava a mil, naquele morro não estava só o talibã, mas sim todos os meus amigos e familiares.
Os policiais tem uma importância grande na sociedade, admiro o trabalho deles, mas quando se trata do morro, eles não estão nem aí se tem crianças no meio ou não, acho isso ridículo, sei que os caras estão errados, mas e as crianças? Elas estão erradas no que?
Mas é claro que não são todos assim, lembro que em uma invasão quando eu era criança, uma policial me levou para casa garantindo a minha segurança, ainda bem que ela nem imaginava que eu era filha de um dos caras que eles queriam a cabeça.
Depois de um tempo fui fazer o Yago dormir e acabei caindo no sono.