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𝐀𝐯𝐢𝐬𝐨:

_____ Três dias se passaram, e ignorar Yujiro Hanma era uma tarefa difícil. Harlley dispensava encontros, suas visitas e seus presentes. Tudo o que dava a ele era uma desculpa sobre a faculdade ou do trabalho.

Sua cabeça focava em tentar entender o por quê dele estar fazendo aquilo, ou pelo menos, tentar descobrir o motivo de ajudar aquele cientista.

Deitada no sofá, ela analisava a foto de Tion Gray, um dos homens que estava crucificado, nele, em sua nuca havia 460, um número que a mesma havia visto em uma das portas do laboratório, não só os dele, mas sim de todos os outros homens, cada número.

A mulher que estava sendo exaltada, os números dela haviam sido arrancados, então, nada de pistas sobre quem ela era.

Harlley já havia juntado metade das peças. E as primeiras dela eram que: as antigas cobaias estavam sendo caçadas, e era uma questão de tempo até irem até ela.

O som da campainha soou por seus ouvido, lentamente ela se levantou, sem fazer qualquer ruído. Olhando pelo buraquinho da porta, Yujiro Hanma se enco trava com um cara nada boa.

A mesma se virou para se esconder, forçando o rosto constrangido, torcendo para seu cheiro não fosse sentido.

- Sei que esta ai, vamos conversar.

Ela revidou os olhos e se virou abrindo a porta.

- O que foi? Estou ocupada.

- Por que ta me ignorando?

Harlley arregalou os olhos e abriu os braços.

- Eu to trabalhando, não tenho tempo pra você.

O mesmo a olhou surpreso e colocou a mão no peito.

- Aí, não precisa ser tão rude.

Ele sorriu adentrando a casa sem ser convidado. Andando até a sala, Harlley soltou um suspiro cansado, o viu se sentar no sofá e olhar as pistas. Por sorte, a mulher havia escondido todas as pistas que levavam até ele, e torcia para ele não ver a foto de Tion em baixo da papelada.

- Um sacrifício?

Ele perguntou pegando a foto tirada dos últimos corpos.

- Me diz você.

Yujiro a encarou com os olhos estreitos, ele poderia jurar que aquilo saiu como se ele soubesse a verdade.

- Uma oferenda.

- Exato. Uma oferenda asteca, assim como as dos antigos Ainus de Hokkaido na era Sawa.

Harlley se sentou a poltrona da frente e cruzou as pernas, o homem passou os olhos pela papelada e analisou.

- Por que essas pessoas estaria fazendo isso?

- Em Higuruma interior de Hokkaido existia um demônio protetor dos fracos. Os Ainu matavam pessoas que tinham ou a mesma aparência, ou o mesmo defeito. Eles eram oferecidos como um presente, deixando esse ser mais forte. O Ainu mais velho teve um filho com esse demônio, diz a lenda. Deles dois vieram monstros com sangue de demônio, monstros de guerra. Eles eram imparáveis, a única coisa que os detia, era sua progenitora. A besta demoníaca, que por si só não tem mais do que um bilhão de anos. Seus filhos são chamados de Tukukakua.

Yujiro estava quieto, encarando os olhos vibrantes de sua garota. Ela possuía um sorriso curto e perigoso, diferente dos que já havia tido.

- Sabe o que significa Yujiro?

- Rosto do Diabo.

Um riso saiu soprado pelos lábios da mulher.

- Rosto do Diabo. Face do demônio. Escolha um dos dois.- ela ficou seria. - Eles eram Hanma's, seus ancestrais.

Harlley se levantou e andou até a cozinha pegando duas taças de vinho.

- Acha que pode ser um Hanma?

- O que? Cometendo esses crimes? Não sei. Por acaso vc tem algum irmão ou outro filho?

O ogro deu de ombos, ele não se lembrava de quantas mulher ele dormiu, mas só sabia que tinha Baki como filho legítimo e aceito. E irmãos? Não, ou pelo menos não sabe.

- Tive muitos casos, não tem como saber.

Harlley desviou o olhar para as taças e entregou uma ao mesmo.

- Me diz.... - ela estava prestes a jogar. - O que você acha? Sobre os números de cada um, e a mulher ser a única á ter o seu número, pelo o que eu vi, arrancado.

- Os Ainu cutuavam um demônio que reproduzia, creio então uma mulher. Os números podem ser a ligação que todos eles tem em comum. Você não disse que os sacrificados em Hokkaido eram de alguma forma "ligados" por um defeito ou aparência? Olhando bem, eles são todos diferentes, mas possuem números na mesma região do pescoço.

Eles beberam. Harlley sorriu minimamente.

- Em Hamurabi, perto das províncias de Saitama, uma mulher foi encontrada rezando para uma pintura na parede no fim de um beco. Uma Ainu. Ela foi morta uma semana depois, logo dois dias antes de vc chegar e as mortes começarem.

Ele a encarou.

- Está suspeitando de mim? Não tem nem como. Neste último ataque nós estávamos juntos.

- Não estou suspeitando de você. Estou tentando dizer que: seu retorno trouxe um inimigo junto.

Já estava tarde. Ele estava levemente irritado, e por sua face ser irritada, transparecer aquilo era terrivelmente difícil.

- Vou embora.

Yujiro se levantou de forma brusca, ele encarou a mulher  em sua frente. Diferente. Tinha algo de errado com ela. Seus instintos gritavam perigo. Uma serpente imensa arrevoava aos arredores de Harlley. Ela se levantou e o acompanhou até a porta.

- Se tudo der certo, amanhã a tarde estou livre. Venha comigo até as catacumbas de Hiroshima.

Ele a encarou.

- Lutarei amanhã à noite contra Baki.

Harlley cruzou os braços e se aproximou o suficiente do homem. Encarando aqueles olhos castanhos avermelhados, ela acariciou a maça muscular firme de Yujiro e sorriu.

- Se matar meu irmão, prometo que mato você, e depois, faço de vc uma oferenda para o Diabo queimar seu corpo e sua alma no inferno.

Ela se afastou enquanto lentamente fechava a porta. Yujiro não demonstrou reação surpresa, apenas um sorriso perigoso por conta da ameaça.

- Boa noite Kakutsu

Harlley rapidamente se virou e abriu a porta. Ela saiu para fora e olhou ao redor. Em busca do homem ela apenas viu a fumaça vermelha desaparecer. Yujiro estava longe. Frustrada ela entrou para dentro e olhou para o espelho da porta.

- Kakutsu..... - a mesma sussurrou, e como se um raio tivesse atingido seu corpo, ela rapidamente deu um pulo. - É isso..... eu sei o que ele está tentando fazer.

𝐂𝐨𝐧𝐭𝐢𝐧𝐮𝐚.....

𝐃𝐢𝐫𝐭𝐲 𝐂𝐥𝐚𝐬𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora