Uma Garota (nada comum)

twenty nine

Tal mãe tal filha

— Faz tempo que agente não se divertia desta forma!! — observo a srta Penny Donner esboçando aquele sorriso toda boba enquanto girava a maçaneta trancando a porta. A mulher despeja algumas sacolas cheias de guloseimas no chão da sala. — Como nos velhos tempos, quando você ainda era garotinha, lembra? Era eu, você e o Bob se aventurando por aí, conhecendo lugares diferentes, toda vez você escolhia os lugares, saudades de fazer isto filha. — ela me olhava suspirando. Provavelmente realizada pela noite que tivemos no parque.

— Foi divertido mamãe, uma pena que não sou mais aquela garotinha cheia de imaginação… — falei enquanto tentava esvaziar minhas bochechas sentindo o gosto de marshmallow no céu da minha boca. Observava o Bob lambendo o pomo dos meus dedos esperando que eu jogasse um pedaço de algo para ele comer.

— Para de fingir que foi uma noite normal para você mocinha… eu vi você denovo com aquele garoto japonês no parque. — eu a encarei enquanto lhe escutava fazendo barulho com os dentes mastigando.

— Ele é coreano mãe, só um garoto idiota que gosta de ser da minha equipe no colégio. — respondi com desdém.

— Huhum… sei… Você não me engana mocinha… e para de falar comigo de boca cheia, você sabe que isso é feio. — ela range os dentes com aquele famoso chilique de sempre.

 Os anos se passam e a Dona Penny continua a mesma, não lembro qual foi a última vez que ela passou o dia todo sem reclamar de alguma coisa errada. Tudo bem que sempre fui cheia das imaginações, nunca fui uma menina comportada completamente, talvez seja minha curiosidade de descobrir muitas coisas, me fazia passar um pouco dos limites. 

  Encarei-a de cima para baixo me fingindo de esnobe jogando um pedaço de petisco longe. Logo o Bob correria para comer e voltar a ficar me rodeando por um outro pedaço.

— Sabe, você até por alguns momentos consegue convencer qualquer pessoa, que é uma mãe divertida, legal e tagarela… — balanço a cabeça revirando os olhos enquanto percebo Penny se aproximando.

— Eu eu não sou? Me fale espertinha, acha mesmo que me conhece mocinha mais do que eu te conheço? — ela cruza os braços quase caindo na minha provocação.

— Esse seu jeito cricri reclamando de tudo te entrega… inclusive até sua idade. — falei e sai correndo para sala onde tinha a menor chance dela querer tentar fazer algumas coisas que possa danificar os móveis.

 Para minha surpresa, ela sobe no sofá e pula em minha direção agarrando minha cintura. Fiquei tentando me soltar porém ela nos joga no outro sofá próximo ficando por cima.

— Quem é a velha agora? — observo seu riso esnobe enquanto tentava escapará me balançando para ver se conseguia sair.

— Eu não quero te machucar mãe, você não aguentaria. Agora sai de cima de mim! — ordenei vendo que ela balançava a cabeça negativamente com sorriso debochado.