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✦ 𝐓𝐀𝐊𝐄 𝐌𝐄 𝐁𝐀𝐂𝐊 𝐓𝐎 𝐄𝐃𝐄𝐍.

- (it was no accident...)

- (tangled up like branches in a flood.)

- Precisamos realmente ficar nessa festa? - Charles sussurra pra mim, entre a música alta e o falatório no prédio da Ferrari.

- Sim, seus amigos querem comemorar. - Respondo.

- E eu quero ficar sozinho com você. - Ele faz biquinho. - Vamos passear.

Ele dá um breve aceno para Carlos e se despede de algumas pessoas antes de me enfiar no carro.

- Mal começaram e a mulher já está botando ordem, né? - Vasseur, o chefe da equipe, brinca.

Charles dá uma risada, abraçando Vasseur, e ele olha para mim.

- Seu pai estaria orgulhoso disso. - O mais velho me diz. - Você é tão parte disso quanto ele, sabia?

Ele aponta para o escudo da ferrari, reluzente, no prédio vermelho.

Dou um sorriso, lembrando de todas as corridas que acompanhei com o meu pai, com os mantos vermelhos e a alegria independente de qualquer resultado. A felicidade de estar com as pessoas que ama, e olhar por Charles desde sempre.

Me sentia próxima de meu pai agora, estando no lugar que ele sempre amou e dedicou todo o seu esforço.

- Estou feliz que está de volta, Addie. - Vasseur fala, dando um tapinha no meu ombro antes de se juntar novamente aos engenheiros.

Meus olhos se enchem de lágrimas, e eu dou uma risada quando Charles entra no carro.

- Droga. - Limpo o rosto, emocionada.

- Também sinto falta dele. - Charles fala, me abraçando. - Ele era um segundo pai pra mim.

- E agora ele é o seu sogro. - Dou outra risada, chorosa.

- Vou cuidar da garotinha dele. - Ele beija o topo da minha cabeça, e passa o cinto de segurança por mim.

- Karaoke de novo? - Pergunto.

- Com certeza. - Ele me entrega o celular e começa a dirigir.

Eu me demoro na tela inicial. Era a foto que tiramos na roda gigante, minutos depois de ele ter me dado o colar.

Me lembro de hoje a tarde, e decido falar antes de me distrair outra vez.

- Hoje eu vi Lando Norris. - Eu digo, e Charles levanta a sobrancelha.

- Queria falar o que aconteceu antes de qualquer coisa.

- Eu sei o que aconteceu. - Charles fala, direto.

Eu fico em silêncio, sem saber o que dizer agora.

- Não estou bravo. - Ele fala, olhando para mim, e colocando a mão na minha coxa. - Só morrendo de ciúmes.

Dou uma risada, segurando a sua mão.

- Não tem porquê ficar. - Eu o asseguro. - Foi mal pensado e...

- Eu entendo. - Ele fala. - Você estava com raiva de mim. Doeu um pouco, mas eu mereci.

- Foi idiotice minha e sua. Mas você não mereceu.

Ele dá de ombros, e então eu coloco sua playlist para tocar, e cantamos com toda a nossa animação até o rio Tâmisa.

- Quando foi a última vez que viemos aqui? - Ele pergunta, ajeitando a minha jaqueta nos meus ombros.

- Dois meses antes de você entrar na Sauber. - Falo.

- Ah, sim. - Ele segura a minha mão enquanto caminhamos pela ponte. - Ainda lembro do dia que você apareceu em casa no meio da tarde, porque minha mãe não guardou o segredo por muito tempo de você.

- Você tinha entrado na Fórmula 1 e guardou segredo de mim, é claro que eu iria atrás de você.

Ele ri, me abraçando para se esquentar. Era uma noite fria, mas o céu brilhava com a luz da lua, iluminando as nuvens e estrelas.

- Tem algum plano pra essa semana?

- Talvez alguns ensaios, só. - Eu falo.

- Ótimo, estou com saudades de Paris.

Ele enche a minha bochecha de beijos, e nós voltamos a andar pelo local.

2014

Adeline pulou a janela do quarto e correu para a rua de trás. Estava de castigo, pois chegou depois das dez na noite passada, e a justifique de que "estava com Charles" não serviu dessa vez.

Charles a esperava na calçada da rua, usando o seu boné vermelho com o escudo dourado. Adeline riu, ele não tirava aquilo por nada.

Ele a abraçou e beijou sua bochecha, tímido demais para beijá-la nos lábios.

- Eles brigaram muito com você? - Charles perguntou.

Adeline balançou a cabeça, com um sorrisinho.

- Só não me deixaram sair hoje.

Charles ri da rebeldia da garota, algo que sempre o surpreendia.

- Como está o seu pai?

Adeline abaixa o rosto e comprime os lábios.

- Daquele jeito, Charles. - Ela fala, triste.

A doença do pai piorava, e o que mais destruía Adeline era o fato de que ele se mantia feliz para todo mundo, mesmo padecendo um pouquinho todos os dias.

Charles a abraçou outra vez, sentindo as lágrimas da garota molharem a manga da sua camisa.

As luzes da rua se ascendiam aos poucos, a medida que eles conversavam na beira da calçada e o seu escurecia.

Os raios de sol iluminavam os seus rostinhos cheios de reclamações e rebeldia, cheios daquela intensidade jovem de apenas ser.

Quando ela recostou o rosto no ombro dele, Charles sentiu o frio na barriga que ela sempre o causava. Não entendia o porquê disso, mas sabia que gostava.

Sabia que Adeline tinha esse poder sobre ele. As vezes isso o assustava, e as vezes era a melhor coisa que ele já tinha sentido.

- Tem falado com o Jules? - Ela pergunta.

- Sim, quase toda semana. - Ele responde. - Ele está com saudades de você.

- Eu também, e Joanne mais ainda. - Ela dá uma risada.

- Eles são tão burros. - Charles resmungam.

- Onde já se viu ficar longe um do outro mesmo se amando? - Adeline completa, julgando a decisão que tomaria anos depois, mas que transformaria tudo entre eles.


Assim eles passaram o restinho da tarde juntos. E depois disso, silenciosamente, Charles esperou Adeline subir o telhado da casa e entrar pela janela.

Só depois disso ele se sentiu tranquilo para ir embora.

Não percebeu quando ficou tão protetor em relação à ela, mas decidiu que agora seria assim.

- "La mia dolce Adi." - ele sussurra baixinho, quase como um pensamento, vendo ela sorrir e acenar para ele da janela.

✦ 𝐏𝐑𝐄𝐃𝐄𝐒𝐓𝐈𝐍𝐀𝐃𝐎𝐒. - Charles Leclerc. Onde histórias criam vida. Descubra agora