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2019.

As mãos de Adeline tremiam.

Ela sabia que suas ações tinham consequências, mas ainda sim o choque lhe atingiu, e ela se sentiu uma idiota por tudo isso.

Ela sabia que não era só um cigarro bobo que ela ascendia fora da janela, quando todos dormiam. Sabia que não era só uma garrafa que ela terminava em segundos, quando precisava fugir do "aqui e agora".

Sabia que teria que lidar com as consequências, e nesse momento, era como se elas estivessem batendo na porta, mais fortes do que nunca.

Seu problema nunca foi o fumo ou a bebida, era uma dor enviesada que nunca soube como lidar. E ela apenas aumentou a dor com vícios, e sabia que não poderia arruinar todos a sua volta com isso.

Principalmente ele.

Ela se tornou uma doença, e não poderia destruir a sua única cura.

Estragou aquilo dentro de si, e estragaria mais coisas. Charles não poderia ser o próximo, ela jamais se perdoaria.

E num final tarde no meio de Julho, Addie perdeu a última coisa que a sustentava em meio as tempestades.

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Acordei cedo demais com o som das notificações do meu celular. Dezenas de comentários chegavam a cada minuto na foto que postei. E algumas mensagens de agências lotavam a minha DM, fazendo propostas para tirar fotos minhas.

Faziam alguns meses que eu decidi me dar uma folga dos trabalhos como modelo, porque precisava organizar minha volta para Mônaco. E agora que estou aqui, nada mais justo do que voltar a ativa.

Era algo que sempre gostei, modelar. Eu tinha uma certa influência antes mesmo disso, meu pai deixou um legado na nossa empresa de automóveis que minha mãe assumiu, e logo será Joanne e eu. Minha carreira começou de verdade quando me mudei para Paris, e ali eu tive tempo de sobra para focar naquilo.

Mas no fim, era apenas para distrair a minha mente de tudo aquilo que um dia eu fugi. E eu me sentia uma covarde.

Capas de revistas, desfiles, reuniões, parcerias luxuosas; Tudo aquilo deveria me fazer sentir suficiente, satisfeita... Eu me sentia suja.

E então tudo o que eu queria era sumir.

Voltei para Mônaco por um único motivo, e era ele. Eu não sei se o que o meu coração deseja pode acontecer, mas eu preciso dizer a verdade. Eu preciso tirar isso da mente.

Mas por que dizer a verdade parece ser tão difícil?

Provavelmente porque a vergonha e a culpa me consomem cada dia mais. Saber que a culpa foi minha era o principal motivo para fugir. Eu era imatura, e tudo era cedo demais ou tarde demais. Tudo cairia no fim, e eu iria apodrecer sob os escombros.

Me lembro dos meus primeiros meses em Paris, concluo que nada pode ser pior que isso e então me preparo para um novo dia.

🏎

Eu faço a coisa boba de garotinha: coloco uma roupa bonita, me arrumo toda e saio de casa.

Mas não saio com o carro, ou decido tirar a minha boa e velha bicicleta da garagem. Saio a pé. Preciso reconhecer Monte Carlo novamente.

✦ 𝐏𝐑𝐄𝐃𝐄𝐒𝐓𝐈𝐍𝐀𝐃𝐎𝐒. - Charles Leclerc. Onde histórias criam vida. Descubra agora