¹⁹.

1K 64 29
                                    


Essa era a sensação de segurança: a grama úmida entre as urtigas, terra firme onde pisar sem o medo constante de ruir.

Charles aconchegava Adeline em seus braços enquanto admiravam as nuvens alaranjadas pela pequena janela do avião.

Passaram os últimos dias em Mônaco antes de decidirem que Paris seria a sua próxima viagem. Charles ouvia Adeline com atenção enquanto ela falava sobre os ensaios e toda a produção que lhe aguardava.

Quando chegaram no loft dela, Charles se surpreendeu com a organização das coisas. Era tudo perfeitamente alinhado: não tinham tantas decorações e nem detalhes tão luxuosos, exceto pela vista na janela enorme que dava entrada à varanda.

O que lhe chamou atenção mesmo foram as fotos no corredor para os únicos dois quartos da casa. Tinham fotos de família.

A primeira delas eram Pascale e Celine sorrindo para a câmera enquanto Charles observava Adeline chorar com uma boneca destruída na mão.

A segunda era Adeline e Charles lado a lado em seus karts, com macacões amarelos e capacetes brancos. Ambos com menos de 10 anos.

— Eu lembro desse dia. — Charles ri, apontando para a foto na parede. — Você perdeu feio.

Adeline revira os olhos e mostra outra foto para ele. Estavam mais velhos, e Adeline usava um vestido brilhoso e uma coroa na cabeça, enquanto Charles estava com um smoking cinza e uma peônia no bolso da frente.

Eles sorriam para a câmera, com os rostos genuinamente felizes em meio as tulipas do jardim de Celine. Era o aniversário de 16 anos de Addie.

Charles abraça a namorada, beijando a sua bochecha e a guiando para o quarto. Ele acha o rubor em seu rosto a coisa mais adorável do mundo.

🏎

— Acha que quero brigar com você, Adeline? — O tom de Charles não é alto, mas é firme. — Só quero que me diga o que tem de errado.

Eu o encaro, sabendo que não era certo fugir da verdade. Eu o amo, isso é certo, mas há poucos minutos atrás, eu descobri um dos sacrifícios feitos para estarmos juntos em Paris agora.

Era uma briga boba, por motivos bobos, mas algo em mim gritava para ser ouvido. Ele havia perdido reuniões, propostas de parcerias, entrevistas e encontros com engenheiros apenas para passar alguns dias comigo.

E eu sabia que isso se resolveria, mas o desconforto em saber que ele perdeu coisas por mim é algo que eu ainda não me acostumei.

— Eu te amo, Charles, você sabe, mas... Mas como vou saber se eu sou o que precisa? — Eu pergunto, contendo a agonia na garganta.

Ele me coloca contra a parede de maneira bruta, calmo até demais, e eu me questiono se ele realmente estava pensando no que eu disse.

Eu não me assusto com o movimento brusco, pelo contrário: presto atenção na maneira como ele alivia o clima com os mínimos esforços.

Seu dedo levanta a o meu queixo, me obrigando a olhar em seus olhos. Ele acaricia a minha bochecha com o polegar, descendo o olhar para a minha boca entreaberta, buscando por ar devido o pouco espaço entre nós.

— O que você precisa, Addie? — Ele fala o meu apelido, como se brincasse com as sílabas na língua.

Permaneço em silêncio, ofegando a medida que o seus dedos descem para a minha coxa, levantando devagar a barra do meu vestido leve.

— Você precisa de alguém que esteja aqui por você... — Ele começa. — Precisa de alguém que te faça sentir adrenalina, sentir o sangue correr livre pelas veias...

✦ 𝐏𝐑𝐄𝐃𝐄𝐒𝐓𝐈𝐍𝐀𝐃𝐎𝐒. - Charles Leclerc. Onde histórias criam vida. Descubra agora