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Rivera's pov.

— Veja, Celine, nossos pequenos! — Pascale diz, com a mão no rosto, assim que chegamos na cozinha com a nossa contribuição para o almoço.

Coloco a torta de maçã no balcão, recém pronta.

— Nós estávamos certas mesmo. — Minha mãe fala para Pascale.

Reviro os olhos ao lembrar de algo que elas comentaram há anos atrás, sobre como tínhamos tudo para sermos um belo casal antes mesmo de saírmos das suas barrigas.

Era a típica conversinha boba, que de certa forma se provou realidade: Caminhávamos para um estágio de "mais juntos do que nunca."

Charles me abraça por trás, sem entender o que as duas estavam falando, mas provavelmente entendendo o tom de provocação.

— Onde estão Arthur e Lorenzo? — Charles pergunta.

— Lorenzo viajou de última hora. — Pascale explica a viagem inesperada do filho mais velho. — E Arthur está jogando lá em cima.

E então é minha vez de perguntar onde está a minha irmã.

— E Joanne? — Questiono.

— Ela também viajou. — Minha mãe fala, distraída.

Olho para Charles, Pascale e a minha mãe. E eles mudam os seus rostos em confusão, tentando entender porquê estou os encarando assim. Longos segundos de silêncio se estendem sobre nós, apenas o som de algo borbulhando na panela de fundo.

— Ué, gente, não tá óbvio? — Eu pergunto, quase a constatar.

Eles continuam em silêncio. E então minha mãe leva as mãos à boca.

— Estão viajando juntos. — Ela murmura para Pascale, que arregala os olhos e imita a pose da minha mãe.

Charles dá uma risada.

— Amém. — Ele brinca, rindo para mim. — Estava na hora de Lorenzo tomar alguma atitude.

— Vamos. — Eu falo, puxando ele pelos braços. — Não posso deixar de caçoar de Arthur por ser o único solteiro.

— Olha, eu não iria tão confiante para fazer isso. Arthur tem algumas pretendentes. — Ele fala, me acompanhando na escada.

Eu franzo as sobrancelhas, sem acreditar.

— Jesus, o que estão dando para essas crianças tomarem? — Resmungo.

Entramos no quarto de Arthur em um rompante, vendo o garoto atirado pela cadeira com um console na mão, jogando alguma coisa.

Ele se assusta e coloca a mão no peito.

— Batam na porta. — Ele quase grita. — Imagina se eu estivesse pelado?

— Não veríamos nada mesmo. — Charles zomba, indo abraçar o irmão, e o garoto vem me abraçar logo em seguida.

Arthur era bem mais novo, mas estava quase o dobro do meu tamanho e parecia bem mais velho.

— Ainda quero saber o que estão dando para essas crianças. — Falo, em choque.

...

— Na verdade, foi até engraçado. — Charles admite. — Eu queria levar ela no carrossel ou algo assim, porque é mais romântico. E ela me pediu para ir na montanha-russa.

— E você a levou? — Arthur zombou, esticando o braço para pegar os talheres no centro da mesa.

— Que opção eu tinha? — Charles deu de ombros.

Solto uma risada desconfortável.

— Você é o piloto e ela que gosta de velocidade. — Arthur zomba. — Seria bem mais insano se você pedisse ela em namoro na montanha-russa.

— Quem diabos faria isso? — Charles se defende.

Arthur dá de ombros, pois não perdeu uma oportunidade se quer de irritar o irmão mais velho durante o dia.

— Mas foi ótimo, porque levei ela na roda gigante depois. — Charles continua, sem ligar para o irmão que nem lhe dava os créditos pelo esforço, apenas ria descontroladamente.

— Ugh! — Arthur vocaliza, entre risadas. — Vou vomitar.

Pascale segura a risada e dá uma cotovelada no braço do caçula, querendo ouvir o resto da história.

— E onde está o anel? — Ela pergunta.

— Estou trabalhando nisso. — Charles fala, se aproximando de mim e movendo o meu cabelo para o lado.

Eu mostro o colar com o pingente de rubi, e Pascale sorri, animada, levantando as mãos como se estivesse agradecendo aos céus.

Dou uma risada, tímida, brincando com o pequeno rubi nos dedos. Charles beija a minha bochecha e puxa uma cadeira para mim, do seu lado na mesa.

O almoço segue cheio de risadas e aquele clima confortável entre família.

Era o início de algo que fortalecia ainda mais os laços entre todos nós, e era a melhor sensação de todas.

A mão de Charles encontra a minha por baixo da mesa, acariciando-a com polegar. Ele sorri para mim, mostrando a covinha na bochecha direita.

Mais tarde naquele dia, passeamos por Mônaco no entardecer, andando sobre os decks de madeira e contemplando o sol se pôr.

Ele me estende a mão para que eu sente do seu lado no fim do deck, molhando os pés na água fria.

Os raios de sol alaranjados atravessam o seu cabelo, mostrando o subtom loiro entre as mechas despenteadas pelo vento, e iluminando todas as cores dos seus olhos.

E ele me encarava como se estivesse me admirando. Sempre fazia isso, me desconcertando por inteira em uma fração de segundos.

Mas dessa vez eu sustento o seu olhar, e é como se faíscas brilhassem sobre nós. Ele tira o meu cabelo do rosto, perto o suficiente para ver cada detalhe meu com nitidez.

Me pergunto o que ele sente quando me olha, ou o que a pequena se cicatriz no canto esquerdo do meu rosto faz ele pensar.

Ele passa o polegar sobre o meu lábio inferior antes de selar os nosso lábios, com o beijo mais tranquilo entre todos os outros.

Ele sela os nossos lábios somente para parar e me olhar novamente, bochechas e lábios vermelhos modificando nossos rostos.

Meu coração está acelerado no peito, e eu sorrio para ele, sem pensar em nada além de como eu o amo. Me aninho em seu ombro e ele me cerca em seus braços, trazendo aquela nostalgia de todas as vezes que ficamos sem saber o que dizer porque queríamos falar tudo.

— Sempre acreditei que teria você de novo. — Ele fala, simples, como se essa não fosse a coisa mais intensa que ele já me disse depois de todos esses anos.

— E eu acreditei que seria sua outra vez.

O sorriso em seu rosto aparece, e seus olhinhos se fecham. Não consigo pensar em como esse momento poderia ser melhor.

E nós ficamos ali até o céu assumir o seu tom escuro, e o vento ricochetear o frio contra as nossas peles. Ele entrelaça nossas mãos caminhando de volta para a minha casa, que agora eu poderia pressentir que seria nossa, assim como o apartamento dele.

✦ 𝐏𝐑𝐄𝐃𝐄𝐒𝐓𝐈𝐍𝐀𝐃𝐎𝐒. - Charles Leclerc. Onde histórias criam vida. Descubra agora