Capítulo 5

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Os quatro estavam no carro vestidos casualmente. O mais casual que homens ricos podiam se vestir com suas roupas de marca, muitos suéteres, cardigãs, calças jeans e tênis. Lino dirigia a caminho do estúdio de tatuagem.

— Deixa ver se eu entendi mais uma vez. — Felix estava indignado no banco de trás. — Vocês me ligaram dizendo que íamos para uma degustação de vinhos íntima, mas a verdade é que vocês dois querem fazer uma tatuagem?

— Isso mesmo.

— É.

Lino e Chris responderam ao mesmo tempo.

— E você não sabia de nada? — Felix olhava para Changbin de soslaio.

— Claro que não, eles me avisaram ontem à noite que sairíamos nesta tarde de sábado, nem me disseram que era degustação de nada.

— Haaa... — Felix nem sabia o que dizer. — E precisava ser neste... local abençoado?

Eles claramente estavam em uma região bem afastada e nada acolhedora. Na entrada do bairro alguns moradores os pararam na rua e disseram para eles abaixarem os vidros do carro e eles obedeceram. O carro de Lino nem era luxuoso, mas atraiu alguns olhares nada felizes.

— Felix, você precisa ter a mente aberta para possibilidades e para aventuras. — Lino sorria enquanto olhava para frente.

Lino dirigia meio rápido, mas precisou frear bruscamente quando quase atropelou um garoto, o rapaz acabou tropeçando em frente ao carro.

— Caralho! — Chris gritou.

— Será se ele está bem? — Changbin perguntou assustado.

— Eu vou ver. — Lino desafivelou o cinto e desceu do carro depressa.

O rapaz se levantou devagar, Lino o ajudou. Ele parecia ter pouco mais de 16 anos, o rosto jovem e as bochechas coradas o faziam parecer mais novo ainda. Havia alguns ferimentos nos braços deles.

— Eu sinto muitíssimo. — Lino estava preocupado. — Posso te levar ao pronto socorro, vou custear tudo.

— Não, não! Eu estou bem. — o rapaz tirou a poeira das roupas e ele parecia meio preocupado. — Não posso ir para o hospital ou meus pais... — ele fez um gesto de corte no pescoço.

— Mesmo assim. Nossa, suas mãos estão sangrando. — Lino olhou para o carro, o rapaz olhou também.

Os outros dentro do carro pareciam preocupados.

— Não se preocupem, isso é comum por aqui.

— É comum você ser atropelado?

— Não. — o rapaz riu. — Mas é comum sofrer acidentes e ninguém se importa muito, as pessoas só não querem ter trabalho.

— Mas-

— Olha, estão nos encarando feio. — o rapaz olhou para os moradores que faziam cara feia. — Você me fará um favor maior ainda se apenas me ignorar.

— Eu ainda não me sinto bem.

— Tem pessoas aqui que me matariam se soubessem que eu aceitei ajuda de forasteiros. Por favor, só sigam em frente. O melhor seria se vocês saíssem do bairro, não é um lugar amistoso. — o rapaz olhou para trás. — Eu preciso ir. Adeus.

Lino ficou parado no meio da rua, meio perdido. Depois voltou correndo para o carro.

— Você deixou ele ir? — Changbin o julgava.

— Ele disse que ele seria morto se aceitasse nossa "ajuda". — Lino respondeu.

— Mas não seria ajuda, seria direito dele. — Changbin argumentou.

O Olho da RaposaOnde histórias criam vida. Descubra agora