Segunda Temporada - Capítulo 29

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O plano funcionou. Hyunjin conseguiu manter o homem no prédio até que a gangue se organizasse para levá-lo. Como eles fizeram isso? Bom, com certa engenhosidade, Seungmin se disfarçou de motorista e levou o homem embora consigo. Horas depois a associação de advogados contava com um associado a menos.

Hyunjin permaneceu no prédio, ele ficou para distrair os seguranças de Max, uma vez que estes não são de confiança, muito pelo contrário. O que ele não contava era que esses seguranças se organizaram para encurralar Hyunjin e o matar.

E quase deu certo, quase.

Hyunjin estava a triz de morrer.

Durante a emboscada, ele conseguiu nocautear os seguranças, porém em um determinado momento ele acabou levando um tiro no lado esquerdo do quadril pouco abaixo do estômago. Xingando muito, ele conseguiu matar todos eles dentro do estacionamento privado do prédio. Agora ele sangrava e precisava de tratamento, coisa que ele não conseguiria ali e não conseguiria em um hospital, pois os médicos da cidade são marionetes de Max. Ele decidiu, então, sair para procurar algum local capacitado. Seu ferimento doía para caralho, ele respirava ofegante e várias vezes sua vista escureceu. Ele dirigia meio sem rumo pela cidade agora durante a noite.

Finalmente Hyunjin avistou algo útil, apesar dos pesares. Era uma clínica veterinária, estava fechada uma vez que já estava de noite. Ele estacionou de mal jeito nos fundos e desceu do carro cambaleando e sangrando. Sua cabeça começou a latejar, seus membros inferiores queriam ceder, ele queria apagar, mas não iria, não agora.

Ele arrombou as portas dos fundos desativando o alarme e entrou. Com muito esforço ele conseguiu pegar o que precisava: analgésicos, equipamentos para sutura, álcool, soro e tudo mais derrubando e quebrando tudo por não conseguir se equilibrar bem por conta da dor. Agora ele só precisava retirar a bala e costurar, fácil, né?

Até seria se não fosse suas memórias voltando, bem conveniente.

Ele estava relembrando sobre seu passado, flashs de sua vida passavam por seus olhos. Algumas pessoas dizem que quando você está morrendo, você consegue ver toda a sua vida se passando como um filme, talvez Hyunjin estivesse morrendo mesmo.

Mas ele não se importou, ele continuou tudo e retirou a bala dando um suspiro profundo. Agora só faltava costurar, como ele iria fazer aquilo? Ele não sabia, suas mãos estavam tremendo, lágrimas saíam de seus olhos, ele suava frio.

Hyunjin pegou seu celular e ligou para a primeira pessoa que lembrou. Mas não conseguiu falar muito ao telefone, apenas pediu socorro e disse mais ou menos onde estava. Não esperou a outra pessoa responder. Desligou e se sentou no chão, agora sôfrego, pegou a agulha e enfiou a linha, começou a suturar antes que morresse.

~~

Chris finalmente estava em seu apartamento. Aquele havia sido um dia e tanto... Após sequestrarem o associado, eles o forçaram a confessar todos os seus crimes. O homem era podre da cabeça aos pés.

Depois que cuidaram de tudo, Chris decidiu ir para seu apartamento, ele precisava de espaço e também precisava colocar seus pensamentos em ordem. Agora ele aproveitava o banho quente que tranquilizava sua alma. Ele saiu do banho e se vestiu com roupas confortáveis, estava pensando em cozinhar algo para si quando seu celular tocou sobre a bancada. Ele franziu as sobrancelhas e se preocupou ao ver o nome de Hyunjin na tela, atendeu de imediato.

— Me ajuda — a voz soou fraca e baixa —, estou na clínica veterinária no bairro ao lado de onde trabalho, letreiro azul com rosa e tem um gato enfaixado. — a chamada foi encerrada.

Chris pegou as chaves, a carteira e o casaco na pressa e saiu correndo. Dirigiu rápido e sem se importar com nada, chegou ao local em tempo recorde. Como ele sabia onde ficava? Por causa das inúmeras vezes que ele foi vigiar Hyunjin desmemoriado em seu trabalho, ele passava por aquela clínica sempre que ia vê-lo.

Na entrada da clínica não tinha nada, então ele foi para os fundos. Reconheceu o carro esportivo e desceu do próprio carro. Ele foi olhar o veículo alheio e viu o sangue na porta do passageiro. Chris correu para a entrada dos fundos e entrou seguindo o rastro de sangue.

A cena que viu foi de cortar o coração. Hyunjin sentado no chão, pálido da cor de morto, cheio de hematomas e sangrando enquanto segurava uma agulha com linha furando seu abdômen. Ele tinha desmaiado no meio do processo.

Chris foi lavar as mãos e olhou para os arredores, viu uma bala sobre a mesa e entendeu do que se tratava. Passou álcool nas mãos e tirou com cuidado a agulha da mão de Hyunjin desacordado.

Ele nunca havia feito uma sutura em alguém, mas não deveria ser muito diferente de costurar um buraco em uma camisa, não é? Ele não sabia uma vez que nunca costurou nada na vida. Mas não era o momento para isso, ele precisava fechar o buraco de bala de Hyunjin e assim o fez com o outro gemendo de dor e grunhindo.

Quando terminou, tentou ao máximo limpar o ferimento por cima para aplicar as gases limpas com esparadrapo. Limpo e feito. Chris correu e jogou o que estava sujo na lixeira e voltou para Hyunjin que parecia um pouco menos morto. Pousou a mão sobre a testa fria e depois levantou o rosto dele com delicadeza.

— Você consegue me ouvir? — Chris perguntou.

O mais alto abriu os olhos devagar e piscou algumas vezes para conseguir focar no rosto à sua frente.

— Oi. — ele respondeu baixinho e sorrindo.

Hyunjin levou a mão para o ferimento, mas Chris o impediu.

— Por que você mentiu? — Hyunjin perguntou em um murmúrio.

— O quê? — Chris o olhou confuso.

— Você mentiu... Disse que éramos amigos.

— Você quer falar sobre isso agora?

— Nós não somos amigos, Channie...

— Hyunjin... — Chris suspirou fundo se contendo muito. — Precisamos sair daqui. Vamos.

O mais alto assentiu e Chris o ajudou a se levantar.

Chris estava em uma chamada por bluetooth em seu carro com alguém, mas Hyunjin não conseguiu identificar quem era, seu cérebro já estava totalmente grogue por conta dos inúmeros analgésicos que ele tomou antes de Chris chegar.

— Certo. — Chris finalizou a chamada. — Vamos chegar ao estúdio em breve, ok?

— Não. — Hyunjin disse em um sussurro. — Não quero ir para lá agora.

— O quê? E para onde quer ir?

— Silencioso... — ele não conseguia manter os olhos abertos. — Qualquer lugar silencioso.

Chris olhou rapidamente para o homem meio desacordado no banco do passageiro e suspirou em derrota. Deu a volta em uma rotatória e dirigiu em direção ao seu apartamento.

Eles chegaram rápido, Chris o ajudou a descer do carro e a andar. Algumas horas depois, depois de muitas súplicas, discussões silenciosas e troca de gases, Hyunjin estava limpo e de pijama já dormindo profundamente na cama de Chris. Este que não conseguiu dormir de imediato.

Chris notou que Hyunjin estava estranho, ele tinha uma ideia do que poderia ser, mas não tinha certeza. Acabou mandando uma mensagem para Seungmin pedindo para que ele verificasse o que tinha acontecido com Hyunjin com base no histórico do rastreador dele. Seungmin já estava investigando junto com os outros. Assim que Chris pôde se deitar, agora mais tranquilo, ao lado do amor da sua vida que dormia bem.

O Olho da RaposaOnde histórias criam vida. Descubra agora