Capítulo 18

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Nos primeiros três dias nada aconteceu. Os seis se alojaram no estúdio de tatuagem e até se sentiram confortáveis. Chris e Changbin dividiam o quarto de Hyunjin de má vontade, mas fora eles dois o restante estava radiante. Lino e Jeongin estavam mais juntos do que nunca. Seungmin e Jisung finalmente tinham um pouco de paz depois dos dias conturbados.

O estúdio de tatuagem não abriu como Hyunjin ordenou, então eles só ficavam em casa comendo, jogando vídeo game, dormindo e tudo mais.

Até que a primeira notícia apareceu. Seungmin correu para dentro de casa e chamou os outros, ele ligou a TV e pediu silêncio.

"O dono do maior império de bancos do país caiu. Na madrugada de hoje, um vídeo chegou às autoridades chocando a todos. No vídeo, o banqueiro confessou que desligava seus funcionários para usufruir de sua mão de obra enquanto eles não eram pagos por suas funções, confessou também ter se aproveitado da situação de vulnerabilidade deles para chantageá-los e assim desviar dinheiro. Mas isso não foi tudo. Ele ainda admitiu estar causando desordem e caos dentro da promotoria e da polícia para que os sistemas trabalhassem a seu favor.

As autoridades questionaram a veracidade do vídeo, mas logo em seguida elas receberam dossiês completos que comprovaram a culpa do banqueiro. As autoridades tentaram procurar pelo banqueiro, mas não conseguiram encontrá-lo. Seus subordinados não souberam dizer onde seu superior está, mas admitiram saber de seus crimes, então eles foram levados pela polícia e estão presos enquanto aguardam julgamento.

E ainda, as autoridades também questionam sobre a aparência do banqueiro durante o vídeo. O homem estava repleto de ferimentos e cicatrizes por todo o corpo, mas ele estava sozinho e em nenhum momento pareceu vacilar enquanto confessava seus crimes. No final do vídeo o banqueiro garantiu que pagaria por todos os seus crimes e prometeu ressarcir os prejudicados por conta de suas ações."

— Hora de voltarmos para o trabalho. — Chris disse para seus amigos.

Os três advogados começaram a agir. Eles aceitaram vários casos e ainda recomendaram vários clientes para alguns amigos advogados de confiança, felizmente o pessoal do banco estava sendo solícito com todos os processos, até o pessoal da promotoria parecia estar agindo com mais eficiência. O que fez com que os casos fossem resolvidos em velocidade recorde apesar da quantidade de vítimas.

Eles passaram quase cinco semanas entrando e saindo dos tribunais, indo e voltando do banco, indo e vindo para o estúdio de tatuagem. Quando finalmente terminaram com tudo, eles retornaram para o estúdio de tatuagem completamente exaustos.

No dia seguinte eles tiveram mais notícias sobre o banqueiro. Aparentemente ele foi internado em um sanatório. Mas uns dias depois saiu uma notícia trágica de que o banqueiro morreu enquanto dormia. Ninguém sabe as circunstâncias, ninguém quis investigar também. Os seis comemoraram muito, apesar de não ser uma vitória completa.

~~

A brisa da noite era fria, mas, contraditoriamente, ela esquentava os nervos de Felix e isso o acalmava. Esta deve ser a primeira vez em muito tempo que Felix se sentiu vivo. Ele respirou fundo e olhou para baixo criando uns cinco minutos de coragem. O topo do farol era assustador, Felix sabia que pular de certa altura no mar era como pular em concreto, um concreto que se movia com muita velocidade. Todavia, as ondas da noite de hoje não estavam tão ferozes.

Felix deu um grito alto e sorriu eufórico. Ele fechou os olhos e se permitiu sentir tudo ao seu redor. Finalmente aquilo estava acabando e ele poderia estar ao lado de quem ele amava. Ele queria muito correr para os braços de Changbin e nunca mais soltá-los, nunca mais ficaria tanto tempo longe dele.

— Pronto. — Hyunjin disse.

Felix se virou e encarou a obra de arte que o mais novo fizera. No topo do farol havia uma corda que estava presa à janela alta, mas essa não era uma corda comum. Era uma corda de espinhos afiados, forjados a ferro. Deu certo trabalho forjá-la porque eles precisavam que ela ainda tivesse o manejo de uma corda comum. Enfim, detalhes...

A corda foi amarrada em nó de forca e bom, o enforcado já estava nela. O banqueiro estava lá vestido de branco, várias rosas vermelhas foram pintadas com sangue em seus trajes brancos. Os espinhos estavam presos em seu pescoço e o sangue dele pingava.

— Você não acha um pouco exagerado? — Felix perguntou.

— Felix, isso é arte. — Hyunjin fez um gesto com os dedos como se segurasse um pincel.

— Macabro.

— Você gritou agora pouco para o mar enquanto eu pendurava ele. Além de ter pago parte do valor da corda e eu ainda acho que você deveria ter arcado com a maior parte.

— A maior parte? Eu fretei nosso helicóptero até aqui, estou sustentando nossa hospedagem esses dias todos.

— E eu paguei pelos custos desse arrombado no sanatório. Ainda tive que me disfarçar de enfermeiro naquele buraco, os pacientes tentaram me assediar e eu me segurei muito para não matá-los.

— Blá blá blá. É consenso que gastamos muito nesses quatro anos.

— Dinheiro ou sanidade?

— Ambos. — eles concordaram juntos e deram de ombros.

— Quer dizer alguma coisa?

— Tipo o quê?

— Sei lá. Ele infernizou sua vida nesses anos todos.

— Hum... Espero que meu pai tenha um infarto quando vir isso.

— É, vai ser emocionante com certeza.

O Olho da RaposaOnde histórias criam vida. Descubra agora