O Olho da Raposa

Capítulo 1

Chris salvou os últimos arquivos na nuvem do seu computador do caso que finalmente foi concluído. Suas costas doíam, mas ele estava satisfeito com seu último trabalho, suspirou alto se recostando na cadeira de escritório.

— Tudo pronto? — Lino estava na porta do escritório de Chris.

— Finalmente. — Chris se levantou, estava ajeitando suas coisas pronto para ir embora.

Era sexta-feira, ele iria para seu apartamento e dormiria muito o final de semana inteiro.

— Planos de ir para casa cancelados. — Lino anunciou.

— O quê? — Chan perguntou.

Antes que Lino respondesse, Changbin apareceu no escritório e atrás dele estava Felix.

— Olá. — o loiro com sardas falou.

— O que está fazendo aqui? — Chris perguntou meio rude.

— Ei, não fala com ele assim. — Changbin o advertiu.

— Falo sim, ele está com aquela cara. — o mais velho já sabia o que estava por vir.

— Se você já sabe, então também sabe que não há recusa. Nós quatro vamos sair e beber muito. — Felix disse sorrindo grande.

Chris e Lino não estavam muito felizes, eles estavam exaustos demais. Já Changbin... Este sorria apaixonado para Felix concordando com tudo que o loiro dizia. Eles diziam que não estavam juntos, mas todo mundo sabia que rolava algo entre eles desde a faculdade, eles só não tinham coragem de dizer em voz alta.

— Beber onde? — Lino cometeu o erro de perguntar, Chris suspirou alto em derrota.

Felix apenas continuou sorrindo e ajudou Chris a terminar de guardar as coisas dele. O empurrou para fora do escritório e todos saíram.

— Um amigo me indicou um bar muito luxuoso que abriu no outro lado da cidade. Acabei de descobrir que lá vende drinques interessantes e que funciona como restaurante às sextas. Felizmente não precisa fazer reserva, basta ter muito dinheiro.

— Nós vamos. — Changbin decidiu e seguiu para o elevador junto com Felix.

Os outros dois os acompanharam meio sem vontade, era difícil lutar contra eles, mas poderia até ser divertido. Qualquer coisa eles deixariam a conta para Felix e Changbin pagarem sozinhos.

Chris era o motorista da noite, ele não queria beber hoje, mas queria comer muito, ele estava faminto. Felix digitou a localização no GPS e eles partiram para um bairro super chique cujo nome era impronunciável. Eles chegaram rápido e foram para o estacionamento privado. Deixaram seus paletós e gravatas dentro do carro e desceram. No fundo do estacionamento, Lino avistou quatro motos imensas e se aproximou para admirá-las.

— Que perfeições. — seus olhos brilharam.

— Gente... — Changbin também estava impressionado.

— Toquem nelas e eu corto a cara de vocês. — um rapaz com olhos pequenos os encarava com ódio, ele estava com um cigarro na mão direita e a mão esquerda estava dentro do bolso da calça.

Ele era bonito. Mas suas roupas não combinavam nada com o quarteto de advogados vestidos com seus ternos cinzas e pretos. Ele vestia calça de militar e calçava botas de cano alto. No tronco ele vestia uma camisa de uma banda grunge e uma jaqueta jeans preta cheia de correntes. Ele usava uma corrente fina prateada no pescoço e dava para ver algumas tatuagens finas ali. Sua mão exposta vestia luva de couro, mas que era aberta nos dedos e ele também tinha tatuagens nos dedos. Seu rosto não tinha tatuagens, mas ele usava maquiagem nos olhos e seu cabelo acobreado estava amarrado em um coque pequeno.

— Ei, calma. — Chris levantou as mãos. — Nós nem encostamos nelas.

— E nem vão. — o rapaz apagou a bituca no solado da bota e a jogou na lixeira. Depois se afastou.

Os quatro permaneceram lá em silêncio sem acreditar. O rapaz parecia claramente mais novo que eles, mas eles não duvidaram que ele realmente os cortaria.

— Acho que estou apaixonado. — Lino disse.

Os outros o encararam surpresos.

— Você sempre teve uma queda por trombadinhas. — Felix disse com desgosto.

— Que tipo de trombadinha tem uma moto daquela? — apesar de que Lino não se importava.

— Acho melhor entrarmos. — Chris sorriu balançando a cabeça ainda meio incrédulo.

O bar realmente era chique e bem arrumado. A música era boa e não era ensurdecedora, criava uma áurea até confortável. 

Eles se sentaram em uma mesa para quatro e logo um garçom trouxe água e anotou seus pedidos. Lino e Changbin decidiram beber muito, Felix optou por algo mais moderado e Chris só ia comer mesmo. Ao ver os preços das bebidas, Chris confirmou que as pessoas ali claramente tinham muito dinheiro para gastar, uma vez que a maioria parecia meio alterada na pista de dança. Definitivamente empurraria a conta para Felix.

Alguns minutos depois, Lino cutucou Chris, este que observava a pista de dança, e apontou discretamente para o balcão do bar, que ficava mais distante de tudo. O mais velho olhou e viu o que chamou a atenção de Lino. Era o rapaz que tinha ameaçado cortar a cara deles, ele estava sentado e ao lado dele estavam outros rapazes com roupas semelhantes às dele. Eles estavam conversando meio animados e sorriam muito.

— Ele tem um belo sorriso. — disse.

— Tem mesmo, mas eu o olhei primeiro, ok? — Lino o avisou.

— Nem chegarei perto. — Chris disse rindo.

O mais velho ficou olhando para os rapazes de roupa alternativa por mais um tempo, o rapaz que os ameaçou olhava para a pista de dança agora e sorria, mas sua expressão estava meio cautelosa. Chris olhou para a pista também curioso para ver o que ele olhava. Algumas pessoas dançavam meio animadas, mas no meio delas havia uma silhueta que não combinava com as demais.

As roupas dele faziam ele se destacar. Ele vestia calças jeans pretas cheias de correntes. As botas dele tinham spikes nas pontas e nos calcanhares. E ele vestia uma regata que exibia os braços nus cheios de tatuagens. Ele usava alguns acessórios nos braços e no pescoço, Chris não conseguia identificá-los porque o rapaz se mexia muito. O que chamou a atenção de Chris, acima de tudo, foi o cabelo preto que caía no meio das costas e se movia junto conforme os passos de dança. Ele jurava ter visto uns reflexos brancos nas mechas, mas não tinha certeza.

O rapaz se virou em um momento e Chris viu o rosto dele. Os ouvidos de Chris ficaram surdos, seus olhos estavam em choque. Imediatamente ele voltou para seu passado, ele estava nos braços do amor da sua vida, os braços que o acolhiam. Ele podia ouvir os murmúrios doces dele, podia sentir o cheiro da pele dele, podia se perder na paixão que sentia pelo o outro. E podia sentir de novo a dor de ter sido deixado para trás. 

Aquele rapaz dançando na pista era seu ex-namorado da faculdade, aquele rapaz era Hyunjin.