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ᴀɴɴᴀ ᴀʟɪᴄᴇ ꜰᴇʀʀᴇɪʀᴀ 📖 ꜱãᴏ ᴘᴀᴜʟᴏ, ᴄᴀᴘɪᴛᴀʟ

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ᴀɴɴᴀ ᴀʟɪᴄᴇ ꜰᴇʀʀᴇɪʀᴀ
📖 ꜱãᴏ ᴘᴀᴜʟᴏ, ᴄᴀᴘɪᴛᴀʟ.

Passo meus dedos pelas teclas do notebook enquanto tento pensar em alguma forma de finalizar o capítulo. As palavras somem da minha cabeça em menos de um segundo. Isso me irrita, olho no relógio e percebo que faz quase duas horas que estou com o rascunho aberto e somente duzentas palavras escritas.

Tiro o computador do colo e passo as mãos no rosto. O sentimento de frustração me atinge como uma avalanche, dói pensar que a coisa que você mais ama fazer no mundo, já não te traz mais felicidade e sim angústia. Eu sempre amei escrever, os melhores momentos do meu dia era quando eu podia colocar toda minha imaginação em palavras, a história fluía como um rio na minha cabeça. Eu podia passar horas fechando e abrindo arquivos sem nem notar, horas sentada na frente de um computador com um sorriso no rosto a medida que eu imaginava mil cenários diferentes.

Dói pensar que já não é mais assim.

As ideias surgem, mas eu já não consigo colocar no papel. Ficar horas na frente de um computador com um rascunho aberto me desgasta, física e mentalmente. A culpa e o sentimento de fracasso são os piores, eles me corroem. Pensar que eu já fiz pessoas felizes só com algumas palavras, já fiz pessoas chorarem. Eu já chorei. E agora meus dedos tremem a cada tecla que eu aperto, a cabeça dói com o esforço de fazer algo bom e a altura das pessoas que um dia já leram o que eu escrevi.

Na minha cabeça a culpa é minha. Eu não estou focada o suficiente. Eu não sou boa o suficiente. Eu não estou me dedicando. Eu não estou me esforçando pra dar certo. Eu quem desisto fácil.

Chego a pensar em algumas vezes que aquilo que as pessoas me parabenizam não foi eu quem escreveu. Como eu poderia fazer algo tão bom assim? Como eu poderia escrever algo que fizessem as pessoas se apaixonarem por uma personagem fictícia? Como eu tive o talento pra isso se eu nem ao menos consigo escrever uma linha sem me sentir uma merda?

A linha tênue entre se sentir orgulhosa por um trabalho meu e se sentir uma bosta por não conseguir escrever algo igual. É como andar numa corda bamba sempre olhando pro abismo, pensando em se jogar de lá de cima. Essa é a vida de alguém que perde o tesão por algo que amava. É como morrer por dentro. A alma já está morta.

Abaixo a tela do computador e me jogo na cama. Solto meu cabelo do coque sentindo o alívio de libertar meu coro cabeludo. São quase dez da noite, mas ainda consigo ouvir os gritos de Felipe na sala. Me espreguiço me forçando a sair da cama, desço as escadas e vejo meu irmão jogado no sofá enquanto um jogo passa na tv de casa.

— Nalice? Pensei que estava dormindo. — Ele diz quando me jogo ao seu lado e me aconchego em seu peito. — Tá bem?

— Tava tentando escrever.

𝑬𝑺𝑪𝑹𝑬𝑽𝑨-𝑴𝑬 • 𝑹𝑨𝑷𝑯𝑨𝑬𝑳 𝑽𝑬𝑰𝑮𝑨Onde histórias criam vida. Descubra agora