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ᴀɴɴᴀ ᴀʟɪᴄᴇ ꜰᴇʀʀᴇɪʀᴀ 📖 ꜱãᴏ ᴘᴀᴜʟᴏ, ᴄᴀᴘɪᴛᴀʟ

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ᴀɴɴᴀ ᴀʟɪᴄᴇ ꜰᴇʀʀᴇɪʀᴀ
📖 ꜱãᴏ ᴘᴀᴜʟᴏ, ᴄᴀᴘɪᴛᴀʟ.

Sabe aquele aquela sensação de repassar momentos na cabeça e se arrepender instantaneamente de um? Essa sou eu agora olhando pra cara do homem.

Se enfiar num buraco como um avestruz infelizmente não é uma opção, mas me pouparia muito de continuar nessa cena vergonhosamente cómica. Ah, qual é destino? Precisava mandar meu carma assim tão rápido?

— Alice, chegou ou não? — Saio do meu transe — A Lorena tá perguntando aqui.

Se eu responder, ele vai saber que sou eu e que menti pra ele. Mas não tem mais pra onde correr então só confirmo com a cabeça e me viro de frente pra ele.

— Posso ajudar? — Pergunto com a voz mais cínica que eu consigo forçar.

— Alice então? — O pequeno sorrisinho de lado me faz revirar os olhos com força por dentro.

Facilita pro meu lado amigão.

— Anna na verdade. — Me viro e entro no cubículo do balcão. — Posso te ajudar? — Reforço a pergunta.

— Sim, as dedicatórias. — Estica novamente o livro — Como eu faço pra ler mais desses textos?

A pergunta me deixa em choque. Ele veio até a livraria pra ler mais dos meus textos?

Arqueio a sobrancelha enquanto observo o livro esticado na minha direção.

— Não faz. — Volto meu olhos para o computador — Não escrevo mais.

Tento voltar minha atenção pro computador e não olhar pra ele, mas fica difícil quando ele abre na página da dedicatória.

— Não é possível que uma pessoa que escreveu isso sobre a literatura tenha parado de escrever. — A suposição me faz arrepiar. Não conheço esse homem, nunca vi ele na vida. Mas a sensação de que ele sabe cada coisinha de dentro de mim me agonia.

— Pois é, infelizmente aconteceu. — Respiro fundo — Posso te ajudar em mais alguma coisa?

Seu olhar fixa em meu rosto por cinco segundos antes de negar de leve com a cabeça. Solto a respiração assim que o vejo virar as costas e anda em direção a saída.

Por um breve momento, quero chamar ele e mostrar tudo o que já escrevi na vida. Por outro, o medo do fracasso se torna mais alto, e a minha única vontade é pegar aquele livro pra ele nunca mais ver aquela dedicatória. Eu sei exatamente de cor cada palavra e cada vírgula escrita ali, lembro de cada sentimento que eu coloquei naquele papel.

𝑬𝑺𝑪𝑹𝑬𝑽𝑨-𝑴𝑬 • 𝑹𝑨𝑷𝑯𝑨𝑬𝑳 𝑽𝑬𝑰𝑮𝑨Onde histórias criam vida. Descubra agora