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ᴀɴɴᴀ ᴀʟɪᴄᴇ
📖 ꜱãᴏ ᴘᴀᴜʟᴏ, ᴄᴀᴘɪᴛᴀʟ

Passo o espanador de leve em uma prateleira enquanto canto baixo a música que toca na livraria. São quase seis da tarde, e eu estou terminando de arrumar a loja para o fechamento. Maria hoje saiu mais cedo, e eu aproveitei o pouco tempo que fiquei sozinha pra sentar e ficar olhando pro rascunho aberto de Recompensa.

A quem eu tô querendo enganar? Passei duas horas pra escrever vinte palavras, e em menos de dois minutos fiz questão de apagar todas elas.

Então decidi acabar com a minha sessão de tortura diária pelo momento e colocar uma música pra organizar algumas coisas que estavam fora do lugar. A playlist da Taylor Swift ecoa por todos os lugares da livraria, me remexo ao som de New Romantics enquanto passo para a outra prateleira. O cheiro de café é outra coisa que inunda o ambiente, fiz um pouco quando tentei começar a escrever e já estou na minha terceira xícara.

— Baby we're the new romantics — murmuro baixo usando o cabo do espanador como microfone — Come on, come along with me.

Aproveito o movimento fraco da livraria pra aumentar o volume, passo por entre as prateleiras e livros fazendo pequenas dancinhas. Termino de organizar as coisas e volto para trás do balcão, pego mais uma xícara pequena de café — a terceira da tarde e a sexta do dia —, e mudo a música que toca no momento.

— Ui, adoro essa — solto um sorriso quando escuto o toque de Love Story.

Dou um gole em meu café e me sento de novo na frente do notebook, dessa vez desisti de escrever. Abro minha conversa com Bia e clico no rascunho que ela me mandou da nova história, é um daqueles romances picantes que só ela sabe escrever. Daqueles que você precisa cruzar as pernas o mais forte possível e esconder o sorriso de quem está por perto. Uso esse momento para surtar em seu privado, o capítulo me faz suar de leve — não sei se posso colocar a culpa no café ou no texto, mas faço questão de retirar a blusa de frio do meu corpo e aumentar o ar condicionado.

— Caralho — murmuro me abanando com a mão — Ela se superou nesse em.

— Quem se superou? — meu grito é esganiçado e incrivelmente alto.

— PUTA QUE PARIU — me engasgo com o café — TÁ MALUCO, PORRA?

Raphael é rápido quando pega a garrafinha ao lado da mochila e me entrega. Meu rosto atinge um tom mais vermelho do que aqueles vistos em cartelas de cores, meu coração palpita forte e posso jurar que sinto suas batidas por todo meu corpo. Regulo minha respiração aos poucos enquanto bebo a água daquela garrafa, faço questão de não desviar meu olhar de seu rosto nem um só minuto. Estou puta. Isso é notável pela minha cara. Seu riso fraco me faz querer mostrar o dedo, mas desisto por estar com as mãos ainda ocupadas.

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⏰ Última atualização: Sep 23 ⏰

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