R U Mine?

I. R U Mine?

Era uma semana especial para Harry, ele se preparava para uma exposição muito importante, grandes compradores de arte de todo o mundo estariam lá e de acordo com Niall alguns demonstraram grande interesse nos seus quadros, era uma chance de ouro para finalmente viver somente da venda dos suas obras e não ter que depender também de dar aulas de pintura para crianças. Não o levem a mal, ele ama crianças, porém o que projetou para sua carreira sempre foi muito além disso e estar quase chegando aos 30 sem ter alcançado o que almejou é um pouco frustrante.

Avistou um táxi se aproximando e rapidamente acenou. Lamentou ter deixado seu guarda-chuva em seu apartamento naquele dia de chuva torrencial. Não havia chance de caminhar até seu apartamento, mesmo sendo a poucas quadras de distância do centro de artes onde sempre deu aulas de pintura desde que se formou na faculdade. Indicou o endereço para o simpático taxista e seguiram caminho.

Enquanto estava preso em meus pensamentos sobre a exposição algo o tirou de órbita, um nome familiar que faz com que cada célula de seu corpo entrasse em alerta soou no rádio fazendo com que todos os seus sentidos se agitassem.

“A próxima música é o mais novo lançamento do cantor Louis Tomlinson, uma parceria com a banda Arctic Monkeys pela primeira vez na rádio no dia de seu lançamento, essa é ‘R U Mine?’”

Não podia ser verdade, cada músculo de seu corpo se tensionou e quando a música começou e a voz de Louis ecoava em sua mente como se o mesmo estivesse ao seu lado, como se nunca tivesse saído de lá, mas o que mais o inquietava era a letra. Os versos nos quais percebia claras referências a momentos que tiveram, aquilo era demais para Harry e a mudança de pronome para “ela” juntamente com todas as metáforas em uma tentativa de parecer menos óbvio só faziam com que tudo ficasse ainda mais óbvio para qualquer um que conhecesse a história.

Chegaram ao destino pouco depois do fim da música, devido à curta distância, e Harry foi tirado do transe pelo taxista o chamando repetidas vezes e perguntando se o de olhos verdes estava bem, pagou pela corrida e adentrou o prédio, subindo com pressa até seu apartamento e batendo a porta ao entrar e se escorar na mesma, deslizando até estar sentado no chão com o rosto entre as pernas e soluçando por uma música pela qual estava morrendo de raiva. Ele não tinha esse direito, não depois do que fez, não depois de ter dilacerado seu coração.

Alcançou seu celular no bolso e ligou para Liam. Precisava com urgência de um amigo.

Niall e Liam são seus melhores amigos desde a faculdade, Liam foi seu colega de quarto desde o primeiro dia, se formou em artes cênicas e depois de anos em companhias de teatro pequenas finalmente conseguiu um papel em uma grande peça em um teatro nomeado, o que atraiu para si os olhos de diretores de cinema, fazendo com que nos últimos anos Liam estivesse gravando filmes, ainda não tinha a fama de um Leonardo DiCaprio e não conseguiu protagonismo em nenhum deles porém estava ganhando certo reconhecimento e atualmente gravava um no qual seria um coadjuvante importante.

Niall se formou em relações públicas, Harry e Liam o conheceram em uma festa no segundo mês de aulas e desde então, os três são inseparáveis. Niall atualmente trabalha assessorando as carreiras de Harry e Liam e de alguns outros artistas, a maioria de médio porte. Foi ele quem conseguiu que alguns dos quadros de Harry fossem parar em algumas exposições que os deram boa visibilidade para vendas a alguns milionários pela Europa e que aparecessem em alguns jornais algumas vezes, o cacheado definitivamente não conseguiria nem tentar viver somente do que as poucas vendas de seus quadros o davam, porém estava ganhando visibilidade e estam otimistas que esse dia logo chegaria, assim como Liam vive de seu sonho graças a Niall, ele era realmente um assessor muito bom e um amigo excepcional.

Harry esperou por cerca de dois toques até ouvir a voz de Liam do outro lado da linha.

–Hey, Harry!