Capítulo 2 - Velhos hábitos não morrem

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DAENA TARGARYEN

Pela primeira vez em que estive no Norte, senti algo que nunca havia admitido: parte de mim pertencia àquele lugar. O Sul, sempre tão banhado de luz, radiante e sereno, me acolhia como a Princesa de Pedra do Dragão que eu era. Lá, o mundo parecia estável, quase previsível. Mas aqui, no Norte, tudo era diferente. Os nortenhos me tratavam com respeito e cortesia, mas não se preocupavam com minhas ações ou meu título. Havia uma liberdade nisso, uma ausência de olhares que me permitia ser quem eu realmente desejava ser. E havia também algo mais — uma escuridão latente que me fascinava. Talvez fossem as muralhas imponentes ou as noites que pareciam engolir os dias, mas essa sombra constante me atraía de uma forma que eu mal conseguia descrever. Era como se, no frio e na escuridão do Norte, uma parte oculta de mim finalmente encontrasse seu lugar.

— Aqui, princesa. — Elinda me alcançou uma grande, e peluda capa.

Assenti, em agradecimento.

Observei Cregan, um pouco à frente de mim, se despedindo de seus criados. Então dei alguns passos em direção a Winter, e acariciei seu pelo.

— Da próxima vez que nos encontrarmos, você estará o dobro do tamanho, se continuar crescendo assim

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— Da próxima vez que nos encontrarmos, você estará o dobro do tamanho, se continuar crescendo assim. — Sorri para ela, antes de me afastar e me erguer lentamente.

— Me prometa que irá cuidar dela, até que eu volte. — Fiz uma falha tentativa de intimidação.

— Eu daria minha palavra, se acreditasse que isso fosse realmente necessário. — Ele avançou um passo, sorrindo. — Ela é parecida com vossa alteza. Teimosa, com um estranho fascínio por quebrar regras, por estar onde não deveria, e por lutar pela própria liberdade. Mas, acima de tudo, ela sabe se cuidar.

Nos encaramos por alguns segundos, e então o abracei.

— Obrigada. — Eu disse, apenas, e ambos sabíamos que era por muito mais do que isso.

— Quando estiver no Sul, não se esqueça do que aprendeu aqui no Norte. — Sor Davos se pões à frente, antes que eu pudesse me adentrar á carruagem.

— Não esquecerei. — Assenti. — É o que me faz ser quem eu sou.

Dei um último riso no canto dos lábios para Winter, e então me adentrei á carruagem.

Cregan esticou seu braço para que eu me recostasse sob ele. Eu o fiz, sentando-me ao seu lado.

— Pronta? — Ele me questionou, deslizando um dedo sob minha bochecha.

Segurei sua mão lentamente, e a coloquei entre meus lábios, depositando um suave beijo.

— Não. — Respondi, e ambos rimos logo em seguida. — E você? Imagino que não seja fácil para um homem do Norte se adaptar ao Sul, mesmo que por pouco tempo. — Deixei escapar um riso malicioso.

Queen of Nothing - Aemond Targaryen Onde histórias criam vida. Descubra agora